segunda-feira, 22 de maio de 2017

Pressionado, Rogério Ceni precisa mostrar serviço rápido, senão...

POR ROBERTO MAIA
Jogador mais experiente do elenco, Lugano apoia o trabalho 
desenvolvido por Rogério Ceni (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

No início de janeiro deste ano escrevi nesse espaço sobre o imenso desafio que Rogério Ceni tinha pela frente quando resolveu iniciar a carreira de treinador de futebol exatamente no clube que o consagrou como goleiro e onde é o maior ídolo da história. Na oportunidade, disse que sem nenhuma experiência como treinador, Ceni estava colocando em risco a sua vitoriosa carreira no time pelo qual disputou 1.237 partidas – um recorde mundial. Sem dúvida foi uma aposta de risco dos dirigentes são-paulinos e dele próprio.

Também questionei sobre como seria a reação dos torcedores são-paulinos após uma sequência de resultados ruins e se os dirigentes teriam paciência para esperar. E a resposta até o momento para essas duas perguntas é sim. Apesar do Tricolor ter sido desclassificado em três competições diferentes em pouco mais de três semana, os torcedores o pouparam e os dirigentes o prestigiaram.

O São Paulo foi eliminado na semifinal do Campeonato Paulista contra o Corinthians e na Copa do Brasil pelo Cruzeiro. Até aí tudo normal, afinal foram jogos contra grandes adversários. O vexame maior foi não conseguir superar o fraco Defensa y Justicia na Copa Sul-Americana, principalmente por ter tido 17 dias livres para treinar a equipe.

Maior ídolo da história do São Paulo, vestiu a camisa em 1.237 
jogos – um recorde mundial (Foto: Divulgação/São Paulo)

Após todas essas catástrofes o discurso passou a ser de que, agora, o time tem apenas o Campeonato Brasileiro para disputar na temporada e terá que buscar ao menos uma vaga na Libertadores de 2018. E como o que está ruim ainda pode piorar, o time foi derrotado no primeiro jogo disputado contra o Cruzeiro. As nuvens negras voltaram a pairar sobre o Morumbi e, consequentemente, os questionamentos sobre o futuro de Rogério Ceni. Como eu disse, perder para times do mesmo porte é coisa normal no futebol, mas o que incomoda é não mostrar evolução e apresentar os mesmos erros que tiraram o time das três disputas.

Não bastasse isso, ainda veio a público uma discussão do treinador com o jogador Cícero no intervalo do jogo contra o Corinthians disputado no Morumbi. Irritado com o desempenho do time, Ceni teria chutado uma lousa utilizada na preleção antes do jogo e a mesma teria atingido o pé do atleta, que não gostou, claro. Mas quem teria vazado essa informação justamente agora? E com qual intensão?  

Tudo isso mostra que Rogério Ceni, apesar de ser profundo dos bastidores do Morumbi e dos atalhos do CT da Barra Funda, está tendo dificuldades no vestiário com os seus comandados. Gerir pessoas é tarefa das mais complicadas. Um treinador pode até ser competente, estudioso, esforçado, mas se não souber lidar com os jogadores estará fadado ao fracasso. Nesse aspecto ele deveria se inspirar em seus colegas mais experientes, como Tite e Cuca, por exemplo, que são muito bons nesse aspecto.

Rogério Ceni tem que fazer o time voltar a subir antes que seja tarde 
(Foto: Universal Orlando/Divulgação)
 

Embora os torcedores do Tricolor já estejam desconfiados e aos poucos perdendo a paciência, ainda enxergam Rogério Ceni como uma entidade superior, intocável, soberana. Não à toa o chamam de Mito. Mas tudo tem limites. O São Paulo é muito grande e não pode ficar tanto tempo sem ganhar títulos. Algo está muito errado nos bastidores do Morumbi. E eu entendo que os resultados ruins nos últimos anos são culpa principalmente da diretoria.

O ex-goleiro e agora treinador recebeu um elenco fraco para comandar. Nada muito diferente do que receberam os treinadores que passaram pelo clube nos últimos dez anos. E foram muitos – Muricy Ramalho (duas vezes), Ricardo Gomes (duas vezes), Paulo Cesar Carpegiani, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori, Juan Carlos Ozorio, Doriva e Edgardo Bauza, além de interinos como Pintado, Sergio Baresi e Milton Cruz (muitas vezes). Seriam todos incompetentes? 

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