POR
ROBERTO MAIA
Jogador
mais experiente do elenco, Lugano apoia o trabalho
desenvolvido por
Rogério Ceni (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)
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No início de janeiro deste ano escrevi nesse espaço
sobre o imenso desafio que Rogério Ceni tinha pela frente quando resolveu iniciar
a carreira de treinador de futebol exatamente no clube que o consagrou como
goleiro e onde é o maior ídolo da história. Na oportunidade, disse que sem
nenhuma experiência como treinador, Ceni estava colocando em risco a sua
vitoriosa carreira no time pelo qual disputou 1.237 partidas – um recorde
mundial. Sem dúvida foi uma aposta de risco dos dirigentes são-paulinos e dele
próprio.
Também questionei sobre como seria a reação dos
torcedores são-paulinos após uma sequência de resultados ruins e se os dirigentes
teriam paciência para esperar. E a resposta até o momento para essas duas
perguntas é sim. Apesar do Tricolor ter sido desclassificado em três
competições diferentes em pouco mais de três semana, os torcedores o pouparam e
os dirigentes o prestigiaram.
O São Paulo foi eliminado na semifinal do Campeonato
Paulista contra o Corinthians e na Copa do Brasil pelo Cruzeiro. Até aí tudo
normal, afinal foram jogos contra grandes adversários. O vexame maior foi não
conseguir superar o fraco Defensa y Justicia na Copa Sul-Americana, principalmente
por ter tido 17 dias livres para treinar a equipe.
Maior
ídolo da história do São Paulo, vestiu a camisa em 1.237
jogos – um recorde
mundial (Foto: Divulgação/São Paulo)
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Após todas essas catástrofes o discurso passou a ser
de que, agora, o time tem apenas o Campeonato Brasileiro para disputar na
temporada e terá que buscar ao menos uma vaga na Libertadores de 2018. E como o
que está ruim ainda pode piorar, o time foi derrotado no primeiro jogo
disputado contra o Cruzeiro. As nuvens negras voltaram a pairar sobre o Morumbi
e, consequentemente, os questionamentos sobre o futuro de Rogério Ceni. Como eu
disse, perder para times do mesmo porte é coisa normal no futebol, mas o que
incomoda é não mostrar evolução e apresentar os mesmos erros que tiraram o time
das três disputas.
Não bastasse isso, ainda veio a público uma
discussão do treinador com o jogador Cícero no intervalo do jogo contra o
Corinthians disputado no Morumbi. Irritado com o desempenho do time, Ceni teria
chutado uma lousa utilizada na preleção antes do jogo e a mesma teria atingido
o pé do atleta, que não gostou, claro. Mas quem teria vazado essa informação
justamente agora? E com qual intensão?
Tudo isso mostra que Rogério Ceni, apesar de ser profundo
dos bastidores do Morumbi e dos atalhos do CT da Barra Funda, está tendo
dificuldades no vestiário com os seus comandados. Gerir pessoas é tarefa das
mais complicadas. Um treinador pode até ser competente, estudioso, esforçado,
mas se não souber lidar com os jogadores estará fadado ao fracasso. Nesse
aspecto ele deveria se inspirar em seus colegas mais experientes, como Tite e
Cuca, por exemplo, que são muito bons nesse aspecto.
Rogério Ceni tem que fazer o time voltar a subir antes que seja tarde (Foto: Universal Orlando/Divulgação) |
Embora os torcedores do Tricolor já estejam
desconfiados e aos poucos perdendo a paciência, ainda enxergam Rogério Ceni
como uma entidade superior, intocável, soberana. Não à toa o chamam de Mito.
Mas tudo tem limites. O São Paulo é muito grande e não pode ficar tanto tempo
sem ganhar títulos. Algo está muito errado nos bastidores do Morumbi. E eu entendo
que os resultados ruins nos últimos anos são culpa principalmente da diretoria.
O ex-goleiro e agora treinador recebeu um elenco
fraco para comandar. Nada muito diferente do que receberam os treinadores que
passaram pelo clube nos últimos dez anos. E foram muitos – Muricy Ramalho (duas
vezes), Ricardo Gomes (duas vezes), Paulo Cesar Carpegiani, Adilson Batista,
Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori, Juan Carlos Ozorio, Doriva e Edgardo
Bauza, além de interinos como Pintado, Sergio Baresi e Milton Cruz (muitas
vezes). Seriam todos incompetentes?
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