sábado, 26 de setembro de 2015

Jogando muito, futuro de Pato é incerto

Por Roberto Maia

A torcida do São Paulo está feliz com Pato e jogador parece feliz 
no Tricolor (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Estranha a carreira do jovem e talentoso Alexandre Pato – ou “Alecsander” como diz o seu treinador Juan Carlos Osório, que frequentemente afirma ser ele um dos melhores jogadores do mundo na atualidade. Na quarta-feira, Pato entrou para a história do Tricolor ao marcar o gol número 3.000 do clube no Morumbi, o primeiro dele na vitória sobre o Vasco por três a zero pela Copa do Brasil. Um golaço!

Ainda muito jovem, Pato chamou a atenção do mundo do futebol. Revelado pelo Internacional, com apenas 16 anos já atuava no time profissional. Além de técnica apurada tem a estrela dos vencedores. Logo na sua estreia como titular no Colorado marcou seu primeiro gol com menos de um minuto no jogo contra o Palmeiras, no antigo Parque Antarctica. Seu segundo jogo foi na semifinal do Mundial Interclubes da FIFA, em dezembro de 2006. Novamente, Pato deixou sua marca e quebrou um recorde que era de Pelé há quase 50 anos. Ele fez o primeiro gol do jogo em que o Inter venceu o Al-Ahly por 2 a 1 e se tornou o mais jovem jogador a marcar em uma competição oficial da FIFA em todos os tempos. Não bastasse isso para chamar a atenção da mídia internacional, ainda protagonizou um lance genial ao levantar a bola com o calcanhar e fazer três embaixadinhas com o ombro. Quatro dias depois foi campeão mundial na vitória colorada sobre o Barcelona.

Disputou apenas 27 jogos pelo Inter antes de ser contratado pelo Milan, em agosto de 2007, numa das maiores transações já realizadas no futebol brasileiro. Na estreia com a camisa 7, Pato fez o primeiro gol – de cabeça - no amistoso disputado contra o Dínamo de Kiev. Marcou nos três primeiros jogos oficiais e virou ídolo da fanática torcida do time italiano. Mas a sua passagem pelo Milan também deixou um histórico de contusões que nunca lhe permitiu uma grande sequência de partidas. Mesmo assim, jogando menos que os companheiros David Beckham, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, foi o artilheiro do time na temporada 2008/2009. As seguidas contusões musculares também impediram que se firmasse na seleção brasileira. Apesar disso, disputou duas Olimpíadas e ganhou medalhas de Prata e Bronze.

Ficou no Milan até o final de 2012, ano em que logo após conquistar o Mundial de Clube da FIFA, o Corinthians anunciou a bombástica contratação que quebrou novo recorde. Pato é o jogador mais caro já contratado por um clube brasileiro até hoje: €15 milhões, algo em torno de R$ 41 milhões na cotação de janeiro de 2013.
Chegou sob suspeitas dos torcedores e da imprensa esportiva por causa das suas constantes contusões. Com um tratamento especial, o Corinthians conseguiu recuperar Alexandre Pato que já não se machuca como antes. Apesar do bom início, não conseguiu se firmar como titular na equipe, amargando a reserva e entrando apenas na segunda etapa dos jogos. A torcida que já começava a pegar no seu pé, perdeu a paciência de vez quando no jogo válido pela quarta de final da Copa do Brasil contra o Grêmio, desperdiçou um pênalti decisivo ao tentar uma "cavadinha". Chutou a bola em cima do goleiro Dida e ficou marcado pela eliminação do Corinthians da competição.

A cobrança aumentou muito e sua situação ficou insustentável. A saída foi empresta-lo ao São Paulo por dois anos – até dezembro próximo. A ideia da diretoria alvinegra era, além de dividir o pagamento do seu salário com o Tricolor, tentar uma negociação para o exterior e recuperar o dinheiro investido. A negociação não aconteceu e Pato está jogando muito com a camisa são-paulina. Mas o contrato está terminando. Se pagar o valor estipulado, o São Paulo fica com o jogador. Mas onde arrumará mais de R$ 40 milhões em época de crise? O Corinthians corre para arrumar um time no exterior na próxima janela de transferências em dezembro/janeiro. Se não conseguir, Pato terá que se reapresentar ao Timão ao final das férias. E como será recebido? O contrato com o Corinthians vai até dezembro de 2016. 

Quem viver verá! 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Brasileirão pega fogo na reta final

Por Roberto Maia

Certeza de clássico eletrizante, o Corinthians de Malcon e o Santos de 
Vanderlei voltam a se enfrentar domingo (Foto: Divulgação/Ag.Corinthians) 

No início a marca do campeonato era o baixo nível técnico. Depois, a onda de conspiração e de possíveis armações para favorecer esse ou aquele time. Agora, o que se vê são bons jogos e disputas acirradas que podem levar ao título, à Libertadores ou, ainda, livrar do purgatório da Série B. O que não mudou – e provavelmente não mudará em curto prazo – são erros da arbitragem e a mania de demitir treinadores para encobrir planejamentos errados. Esse é o desenho do Brasileirão 2015. E que me desculpem os defensores dos mata-matas, nada melhor que a disputa por pontos corridos, que premia o melhor trabalho ao longo de 38 rodadas e transforma jogos em verdadeiras decisões. Tai o Vasco que não me deixa mentir.

Corinthians - Na disputa pela ponta, quando acreditavam que o Timão poderia disparar para a conquista do hexacampeonato, o time caiu em Porto Alegre na derrota para o Internacional, interrompendo a série invicta do Timão que já durava 17 jogos. A vitória deu ao Inter – 8º colocado com 40 pontos - a certeza que pode pleitear um lugarzinho entre os quatro primeiros do campeonato. Nesse jogo vibrante ficou evidente as limitações do elenco alvinegro. Após a saída do titular Fábio Santos, a lateral-esquerda foi ocupada por seu reserva Uendel, que se machucou e cedeu o lugar para Guilherme Arana, garoto vindo da base que também se contundiu. Uendel voltou a sentir a contusão no Beira-Rio e Tite teve que improvisar o lateral-direito Edilson na posição. Deslocado em campo, foi o personagem do jogo após tomar um humilhante drible da vaca que terminou em gol colorado.

Santos - A força do Corinthians será colocada à prova no próximo domingo, quando terá pela frente o embalado Santos, que quebrou o galho do líder do campeonato ao aplicar uma quase goleada no vice-líder Atlético-MG. O alvinegro da Vila segue firme rumo à parte de cima da tabela, após ter frequentado a zona dos times que serão rebaixados. A chegada de Dorival Júnior ao comando técnico mudou a cara do time. O “professor” conseguiu mesclar jovens como Gabriel, Geovânio, Thiago Maia e Lucas Lima, com a experiência de Renato e Ricardo Oliveira – artilheiro do campeonato que se Dunga não fosse tão cabeça dura levaria de volta à seleção. O resultado é um futebol alegre e empolgante. Resta saber se o Santos manterá o fôlego para jogar a Copa do Brasil e o Brasileirão simultaneamente.  

O bom entendimento entre Gabriel Jesus e Barrios pode levar o 
Palmeiras ao G4 (Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras)

Palmeiras - Ocupa a sexta colocação na tabela, não está em melhor situação porque ainda oscila muito entre boas apresentações e jogos medianos. Certamente o treinador Marcelo Oliveira conseguirá resolver esse problema, porém não dá para cravar hoje qual será a colocação do Verdão ao final do campeonato. Com 41 pontos, tem que acumular mais pontos para ao menos garantir a vaga à Libertadores de 2016. O garoto revelação Gabriel Jesus – que a cada jogo vai se soltando – pode ajudar nessa missão.

São Paulo - Em situação parecida com a do alviverde está o Tricolor de Juan Carlos Osorio. O treinador colombiano – que já não é unanimidade dentro do Morumbi – foi muito prejudicado pelo desmanche do elenco são-paulino. Apesar disso e de não ter conseguido até agora ter um conjunto chamado de titular, está conseguindo que o time, aos trancos e barrancos, se mantenha na disputa para integrar o G4.

Principal jogado do São Paulo, Alexandre Pato vive o melhor 
momento jogando no Brasil (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Ponte Preta - Fechando o grupo de times paulistas na Série A, até a Macaca, que parecia namorar sério com o rebaixamento, está em fase ascendente e já está a seis pontos do primeiro time na zona da degola.  

Os próximos dois meses serão eletrizantes e muita coisa ainda pode acontecer. As vagas do G4 serão disputadas pelos times que estão hoje entre os oito primeiros. Não creio que outros entrem nessa briga.    

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mania de apelidar estádios

Por Roberto Maia

Arena Corinthians terá jogos da Olimpíada em 2016
(Foto: Divulgação/Agência Corinthians)

O deputado federal e atual superintendente de futebol do Corinthians, Andrés Sanchez, vive reclamando que não consegue vender o naming right – direito de concessão de nome - da Arena Corinthians porque parte da imprensa esportiva chama o estádio de Itaquerão. E ele tem razão em parte. A cultura de dar nomes de empresas a arenas no Brasil é algo novo e ainda não foi devidamente assimilada por aqui. Desde sempre, os estádios brasileiros eram homenageados com nomes de pessoas e logo ganhavam um apelido. É o caso do Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã, o popular Maraca, no Rio de Janeiro. A enorme lista de estádios apelidados tem o Pacaembu, Mineirão, Castelão, Serra Dourada, Morumbi, Mané Garrincha, Arruda, Albertão, Rei Pelé, Pinheirão, Olímpico, Beira-Rio e muitos outros. 

O momento certo para ter dado nome à bela arena corinthiana foi durante a Copa do Mundo de 2014, quando foi palco da abertura e de outros cinco jogos. Muita coisa mudou de lá para cá. A economia do mundo enfraqueceu e os investimentos minguaram. No Brasil então não é preciso nem entrar em detalhes da crise que estamos vivendo.

As arenas que conseguiram vender o naming right antes da crise se deram bem, mas também servem de exemplo para os potenciais investidores. São os casos das arenas da Bahia e Pernambuco, patrocinadas pela cervejaria Itaipava. Sinceramente nunca vi ninguém chamando ambas pelo nome oficial: Itaipava Arena Fonte Nova e Itaipava Arena Pernambuco, respectivamente.

Ainda mais emblemático é o investimento feito por uma das maiores seguradoras do mundo para dar nome à nova arena do Palmeiras, agora Allianz Parque. Uma companhia internacional poderia abrir as portas para essa tendência em campos brasileiros. Mas poucos órgãos de imprensa chamam a arena pelo nome. Tem gente que ainda se refere ao estádio como “Parque Antártica”. Aliás, esse sim um naming right que surgiu e deu certo sem querer, mas que não beneficiou financeiramente o clube.

Mas por que isso acontece? Talvez porque os departamentos comerciais de televisões, rádios e grandes jornais e revistas acham que devem receber para pronunciar ou escrever o nome de uma empresa durante as transmissões e cobertura de uma partida de futebol. Isso sempre foi uma norma estabelecida às redações. Mas os tempos mudaram e é necessário evoluir.

Manter uma arena custa muito caro e a receita dos namings rights são necessárias para garantir o conforto dos torcedores e também da imprensa, que agora dispõe de infraestrutura adequada e espaços amplos e modernos para realizar o trabalho com mais qualidade e segurança.

Corinthians e Palmeiras agora possuem arenas com padrão FIFA. A alvinegra tem capacidade para 48 mil lugares, 89 camarotes, estacionamento com 2,7 mil vagas, 59 lojas, dois grandes restaurantes, dois sports bar, um auditório, mais de 100 mil metros quadrados de área para eventos, centro de mídia, elevadores, escadas rolantes, gramado refrigerado, vestiários gigantescos, painéis eletrônicos com tecnologia de ponta, entre outras novidades. Além de muito mármore, tanto que alguns já chamam o lugar de Palácio de Mármore. Estão vendo, mais um apelido!

Arena multiuso, a Allianz Parque foi concebida para receber, além dos jogos de futebol, shows, entretenimento e eventos corporativos. Tem 40 mil assentos cobertos, um anfiteatro para 11 mil pessoas, centro de convenções com espaços modulares, centro de mídia, camarotes, business clubs, lounges e muitos outros atrativos.

Portanto, não dá para continuar dando apelidos para as arenas.

Allianz Parque é o principal local para grandes shows 
em São Paulo (Foto: Divulgação/Allianz Parque)

sábado, 5 de setembro de 2015

Na polêmica da terceira camisa 

quem ganha é o marketing

Por Roberto Maia

Camisa laranja faz alusão ao antigo terrão da base corinthiana 
(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

Na noite de quarta-feira, dia 2, o Corinthians apresentou oficialmente o seu novo terceiro uniforme para a temporada. Uma camisa, calção e meias na cor laranja com detalhes em preto. Estranho? Sim, claro, afinal o Timão vem sendo chamado ao longo dos seus 105 anos de Alvinegro do Parque São Jorge. Mas qual é o problema de utilizar em alguns jogos um uniforme com uma cor diferente do tradicional preto e branco? O mundo e o futebol mudaram e não é de hoje que a receita da venda dessas camisas é muito bem-vinda para os cofres dos clubes. Está longe o tempo em que a principal fonte de recursos dos times de futebol eram as rendas dos jogos. 

Aqui no Brasil, os departamentos de marketing das empresas fornecedoras de material esportivo dos clubes ainda buscam motivações e justificativas para explicarem a cor das terceiras camisas. O que não ocorre no restante do mundo. Essa do Corinthians, segundo a Nike, é uma alusão ao antigo “terrão” da base corinthiana.

Recentemente, o Palmeiras também lançou um novo terceiro uniforme comemorativo aos seus 101 anos. Na cor prata, a camisa assinada pela Adidas celebra os 100 anos da conquista do primeiro título do Palestra, a Taça Savoia.

Na cor prata, camisa celebra os 100 anos do primeiro título do Palestra 
(Foto: adidas.com.br/palmeiras)

O Santos, nas três últimas temporadas, utilizou um uniforme todo azul claro (2012), azul escuro (2013) e branco, preto e amarelo (2014) em diversos jogos.

Torcedores tradicionalistas devem estar pensando que certo está o São Paulo, que se mantém fiel ao branco, vermelho e preto. Diferentemente dos rivais, o Tricolor nunca teve um terceiro uniforme porque o estatuto do clube não permitia. Mas os são-paulinos perceberam que não podem dispor desse importante recurso gerador de receita, ainda mais agora com o patrocínio milionário da Under Armour, a marca norte-americana de artigos esportivos, que para ficar conhecida no Brasil pagará ao Tricolor R$ 135 milhões em cinco anos - R$ 75 milhões em dinheiro (R$ 15 milhões por ano) e R$ 60 milhões (R$ 12 milhões por ano) em material esportivo.

Assim, pela primeira vez na história, o São Paulo usará um terceiro uniforme ainda neste ano. Para que isso fosse possível, o Conselho Deliberativo do clube alterou a cláusula que proibia o uso de uma camisa com cores diferentes. Fontes do clube garantem que a nova camisa do Tricolor – com lançamento em outubro - será bordô.

O torcedor precisa entender que os patrocínios esportivos são poderosa ferramenta de marketing e as camisas dos grandes clubes são espaços nobres com imensa exposição nas transmissões dos jogos e nas coberturas jornalísticas – jornais, revistas, internet etc.

As polêmicas camisas coloridas chegam ao mercado com preços nada populares e ainda assim vendem muito. A do Corinthians é comercializada a R$ 229,90, enquanto a do Palmeira custa R$ 249,99.

A discussão acalorada nas redes sociais e nas mesas de bares nunca terá fim. Há quem gosta e há quem não gosta. Quem gosta compra e quem não gosta fala sobre o assunto. O importante é a fonte de receita para os clubes e a visibilidade para as marcas. O resultado é mais dinheiro que entra e que pode ser transformado em conteúdo para preencher esses coloridos uniformes. Ou seja, contratação de bons jogadores que mostrem resultado em campo e, principalmente, que honrem os “mantos sagrados”, independentemente das cores.

O Santos de Neymar usou azul para lembrar a fundação do clube 
(Foto: Nike/Divulgação)