quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O milagre e o pesadelo chinês

Por Roberto Maia

Renato Augusto não resistiu aos milhões do alviverde Beijing Guoan 
(Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)
Dezembro passado começou com muita felicidade para a torcida do Corinthians e terminou com o início do pesadelo chinês que se abateu sobre o Parque São Jorge. As costumeiras notícias sobre contratações para o ano novo deram lugar às especulações sobre saída de jogadores importantes. E 2016 chegou com más notícias para a Fiel. Times chineses levaram três jogadores titulares do meio de campo da equipe hexacampeã brasileira. E o dinheiro que parece sobrar por lá ainda ameaça seduzir Elias e Gil. Todos os que saíram garantiram ser propostas irrecusáveis. Impossível dizer não para tanto dinheiro. Pois não é que Alexandre Pato – de volta ao Timão após o término do empréstimo ao São Paulo – disse. Caso aceitasse a proposta do Tianjin Quanjin, time da segunda divisão do futebol chinês e dirigido por Vanderlei Luxemburgo - que levou também Luis Fabiano -, iria receber R$ 5 milhões mensais por um contrato de dois anos. Pato quer voltar para a Europa. Mas se uma boa proposta não vier até o fechamento da janela de transferências, em fevereiro, quem sabe até ele não mude de ideia e aceite os milhões chineses.

    Mas essa volúpia por jogadores brasileiros não começou agora. Apenas ganhou destaque o fato de levar os melhores jogadores do Corinthians de uma vez só. Disposto a transformar a China na maior potência mundial, o presidente chinês, Xí Jìnpíng, um fanático por futebol, tem como política do seu governo usar o esporte como forma de propaganda global e também expandir o seu poder. Para tanto, injeta muito dinheiro público na infraestrutura e também na ajuda aos times. E sonha alto. Quer no futuro sediar a Copa do Mundo e até vencer uma em futuro próximo. E não está medindo esforço para atingir o objetivo e gasta muito dinheiro na construção de estádios e centros de treinamento.

    Atualmente, a Primeira Divisão do futebol na China tem 16 clubes, todos de propriedade de grandes empresas, a maioria empreiteiras. Em contrapartida ao investimento no futebol, Jínping concede espaços públicos e outros benefícios a essas empresas. Uma troca interessantíssima para os dois lados.

    Para melhorar a qualidade técnica, atrair os torcedores e incentivar jovens chineses a praticar o futebol, a receita foi copiar uma velha fórmula que já foi usada pelo Japão e por países do mundo árabe. Contratar grandes nomes do futebol mundial e pagar salários muito acima da média. Para dominarem o mundo da bola os chineses estão levando também treinadores e até profissionais especializados. É o caso do fisioterapeuta Bruno Mazzioti, que trocou o Corinthians para trabalhar no Shandong Luneng, time dirigido por Mano Menezes. Mas há uma diferença entre os modelos. A China, dona da segunda maior economia do planeta tem uma população de quase 1,4 bilhão de habitantes. Imaginem esse mercado consumir gastando com o futebol?

    O Guangzhou Evergrande, principal time do país, é dirigido pelo treinador campeão mundial Luiz Felipe Scolari e onde jogam Robinho, Paulinho, Ricardo Goulart e Elkeson. O grandioso investimento feito pela empresa proprietária do clube - a Evergrande Real Estate Group -, parece que está dando resultados. O time venceu a Liga dos Campeões da Ásia e disputou o Mundial de Clubes no final do ano passado, no Japão, chegando até a semifinal.

    O Beijing Guoan, time que levou Renato Augusto, é outro que está gastando milhões para retomar a hegemonia no futebol chinês. Controlado pelo CITIC Group, um dos maiores bancos da Ásia, foi fundado em 1979 pelo líder Deng Xiaoping, ex-presidente da China entre 1978 e 1992.

    E o time de Luxa quer seguir os passos dos rivais em um prazo de três anos. Projeto ambicioso demais? Não para a companhia dona do time, a gigante fabricante de remédios e cosméticos Quanjian Natural Medicine que tirou Jadson do Timão.

    O império vermelho não está para brincadeira. Resta saber se o plano dará certo.
Jadson jogará ao lado de Luiz Fabiano no Tianjin Quanjin, 
time dirigido por Vanderlei Luxenburgo Guoan 
(Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)

Vitrine de craques - Copinha 2016

Publicado em 5 de janeiro de 2016

Por Roberto Maia

O Corinthians é o atual campeão da Copinha e defende o título 
(Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)
Desde o último final de semana está aberta oficialmente a temporada 2016 do futebol brasileiro. O aperitivo atende pelo nome de Copa São Paulo de Futebol Junior, que já revelou muitos craques em suas 46 edições. Organizada originalmente pela Prefeitura paulistana, e não pela Federação Paulista de Futebol (FPF), era chamada de Taça São Paulo de Juniores. Apenas clubes paulistas participaram das duas primeiras edições. Clubes de todo o Brasil passaram a ser convidados a partir de 1971. Em 1987, o então prefeito Jânio Quadros decidiu não mais realizar a competição - que não aconteceu naquele ano.

   Quando começou a ser organizada pela FPF foi batizada com o nome de Copa São Paulo de Futebol Junior, ganhando logo o apelido carinhoso de Copinha. Desde o início, o torneio chamou a atenção da imprensa, torcedores e clubes. Atraiu, também, empresários de todas as partes e portes, pois a competição mostrou ser uma importante vitrine e oportunidade para se descobrir futuros craques.

   Em 1972, Paulo Roberto Falcão, jogando pelo Internacional (RS), e Toninho Cerezo, pelo Atlético (MG), foram os primeiros talentos descobertos na Copinha daquele ano. Depois vieram muitos outros e a relação tem nomes como Djalminha, Dener, Rogério Ceni, Cafu, Raí, Casagrande, Dida, Edinho, Paulo Nunes, Marcelinho Carioca, Fred, Lucas, Kaká, Paulo Henrique Ganso, Robinho e Neymar entre outros.

   A história da Copinha registra também a participação de equipes estrangeiras. O Providência (México) foi o primeiro time estrangeiro a participar, em 1980. Depois vieram o Vélez Sársfield (Argentina), em 1981 e 1982; e o Bayern de Munique (Alemanha), em 1985.  Mais tarde participaram o Boca Juniors (Argentina), Peñarol (Uruguai), Cerro Porteño (Paraguai), Universidad de Guadalajara (México), Al-Hilal (Arábia Saudita), Nagoya Grampus Eight, Yomiuri Verdy e Kashiwa Reysol (todos do Japão), além das seleções sub-20 do Japão e da China. O Kashiwa Reysol foi a primeira equipe estrangeira a passar para a segunda fase da competição.

   Nos anos de 1994 e 1995, a FPF realizou duas – e únicas - edições da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior, que reuniu apenas campeões e vices de edições anteriores. No primeiro ano venceu o Atlético Mineiro e no segundo o Palmeiras. Infelizmente, o jogo final de 1995 ficou marcado por uma tragédia. Torcedores do Palmeiras e do São Paulo se envolveram em verdadeira batalha campal no Pacaembu, que resultou na morte de um torcedor são-paulino. Muita coisa mudou depois daquele jogo, com proibições de torcidas organizadas e regras para torcedores entrarem nos estádios. Porém, muitas outras mortes continuaram a acontecer fora dos estádios.

   O maior campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior é o Corinthians, que conquistou nove taças – 1969, 1970, 1995, 1999, 2004, 2005, 2009, 2012 e 2015. O Timão também é o recordista de finais disputadas (16) e de vice-campeonatos (sete). Na sequência parecem o Fluminense com cinco canecos e o Inter-RS com quatro.

   Na edição deste ano a Copinha reúne 112 times divididos em 28 grupos. O regulamento prevê, diferentemente dos anos anteriores, a classificação de duas equipes para próxima fase. Nas oitavas de final, a equipe de melhor campanha dentre as eliminadas se juntará aos outros sete times vencedores para formar as quartas de final da competição.

A final será no dia 25 de janeiro, data de aniversário de 462 anos da cidade de São Paulo. A grande decisão será novamente no estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. 

 Malcon foi campeão da Copinha 2015 e titular do Corinthians  
campeão do Brasileirão (Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)