quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O “professor” Luxemburgo volta ao Palmeiras para brilhar novamente


POR ROBERTO MAIA
Vanderlei Luxemburgo é o treinador mais vitorioso da era dos pontos 
corridos do Brasileirão com 214 vitórias (Fotos: Rafael Ribeiro/Vasco)

Quando todos esperavam a contratação do treinador argentino Jorge Sampaoli, eis que o Palmeiras surpreende e anuncia a volta de Vanderlei Luxemburgo para comandar o seu elenco milionário em 2020. Essa será a quinta passagem do “professor” pelo clube, onde conquistou dois Brasileiros (1993/94) e quatro Paulistas (1993/94/96 e 2008).

Luxemburgo assinou contrato para duas temporadas e trouxe junto com ele o preparador Antônio Melo e o auxiliar Maurício Copertino. O salário de R$ 600 mil/mês é o mesmo que o Vasco oferecia para mantê-lo no próximo ano.
Valorizado após o bom trabalho realizado no clube cruzmaltino no Brasileirão deste ano, o treinador aceitou prontamente o convite do Verdão apostando na melhor estrutura e elenco de qualidade, enquanto o Palmeiras joga suas fichas no passado vitorioso dele.

Com 67 anos de idade, essa será talvez a última grande oportunidade de Vanderlei Luxemburgo para mostrar que não está ultrapassado e ainda pode surpreender no futebol. Comparo essa chance como a que recebeu em 2005, quando foi contratado pelo Real Madrid para comandar um time galáctico. Naquela oportunidade, na Espanha, ele não foi feliz e sua passagem pelo clube merengue foi curta e sem brilho.

No Vasco, Luxemburgo livrou o time do rebaixamento e ainda 
conseguiu a classificação para a Copa Sul-Americana 
Mas no Brasil a sua carreira foi brilhante. Ouso dizer que ele foi o melhor treinador que vi no país desde que acompanho futebol. Estrategista e com visão do jogo muito além do olhar normal das pessoas, Luxemburgo surpreendia adversários muitas vezes com pequenas alterações táticas no decorrer dos jogos. Não por acaso conquistou cinco vezes o Campeonato Brasileiro e oito vezes o Paulistão.

Carioca de Nova Iguaçu, Luxemburgo jogou futebol – era lateral esquerdo – e vestiu as camisas do Flamengo, Internacional e Botafogo, onde encerrou sua carreira (1971 a 1980) por causa de uma grave contusão no joelho. Se dentro das quatro linhas não foi um craque, como treinador está entre os maiores do Brasil.

Estreou como técnico de futebol no Campo Grande, do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois assumiu o Rio Branco, do Espírito Santo, onde conquistou o seu primeiro título do Estadual em 1983. Depois de rodar por Friburguense (RJ), Al-Ittihad (Arábia Saudita), Democrata (MG), Fluminense, América (RJ) e Al-Shabab (Arábia Saudita), foi no Bragantino (SP) que sua estrela começou a brilhar forte. No time do interior paulista conquistou os títulos da Série B do Campeonato Brasileiro de 1989 e o Campeonato Paulista de 1990.

A partir de então Luxemburgo decolou como treinador de futebol. Colecionou títulos e problemas extra campo. Comandou o Flamengo, Guarani, Ponte Preta, Palmeiras, Paraná, Santos, Corinthians, Cruzeiro, Atlético (MG), Grêmio, Sport e Vasco, além do Real Madrid e Tianjin Quanjian (China). Tamanho sucesso o levou à Seleção Brasileira em 1998, onde conquistou a Copa América (1999). Nessa época teve problemas com a Justiça por uso de documentação falsa e um processo de sonegação fiscal. Foi demitido após fracassar nas Olimpíadas de 2000, quando o Brasil foi eliminado nas quartas-de-final após derrota para Camarões.

Apesar da muitas conquistas no futebol brasileiro, Luxa nunca levantou a taça da Copa Libertadores da América. Chegou perto com o Santos, mas foi eliminado pelo Grêmio na semifinal.

Agora é esperar para ver qual será o “projeto” que Luxemburgo está preparando para o Palmeiras em 2020.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Sucessão de erros de dirigentes levam o Cruzeiro à Série B do Brasileirão


POR ROBERTO MAIA

O Cruzeiro precisava vencer o Palmeiras e torcer por derrota 
do Ceará. Não conseguiu e jogará a Série B em 2020. 
(Fotos: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

A lista de clubes rebaixados para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro ganhou mais dois integrantes inéditos: Chapecoense e Cruzeiro. Agora, dos campeões da Série A, apenas Flamengo, São Paulo e Santos são os únicos que nunca caíram para a Série B.

Por estar entre os “grandes” há mais tempo e pelo histórico de conquistas, a queda do Cruzeiro ganhou as manchetes ao final da última rodada do Brasileirão 2019. Não bastasse o descenso, o vandalismo proporcionado por torcedores cruzeirenses após a derrota para o Palmeiras, no Mineirão, também foi destaque negativo.

Quando um time do porte do Cruzeiro é rebaixado vêm à tona uma série de razões que explicam a tragédia. Normalmente o motivo é quase sempre o mesmo, o seja, sucessão de erros de diretorias ao longo de algumas gestões. O resultado quase sempre são clubes endividados e sem condições de formar times fortes para a disputa dos campeonatos.

Mas com o Cruzeiro foi um pouco diferente. Apesar de estar sem dinheiro, montou um times com vários jogadores famosos e com salários altos. A fonte secou, os salários começaram a atrasar, os jogadores cobrando diretores via imprensa e por WhatsApp e os resultados em campo não vinham.

Como sempre fazem os dirigentes incompetentes, trocaram treinadores na esperança de aplacar a raiva da torcida e, quem sabe, conseguir vitórias e subir na tabela. Foi assim que Mano Menezes, trocado por Rogério Ceni, que saiu para a entrada de Abel Braga, que foi mandado embora para a chegada de Adilson Batista a poucas rodadas do fim do Brasileirão. Esperavam que Adilson – ídolo da torcida - fosse capaz de realizar o milagre de segurar o time na Série A.

Tudo em vão, afinal o problema não era o técnico. O enredo que explica a queda do clube celeste das Minas Gerais tem erros dentro de campo, diversos casos de falhas administrativas e até de corrupção de diretores e conselheiros.

Sem ameaçar em nenhum momento o Palmeiras, time 
cruzeirense sofrerá muitas mudanças para o próximo ano 
E o que está ruim pode piorar ainda mais. Se a situação financeira do Cruzeiro já é crítica, na Série B do Brasileirão em 2020, as receitas serão muito menores. Cotas de TV e premiações são bem inferiores que na elite do futebol brasileiro. Jogadores com salários altos – e atrasados – certamente deixarão o clube como forma de enxugar a folha de pagamentos do elenco.

Entre os absurdos erros cometidos, o presidente cruzeirense Wagner Pires de Sá, por desespero ou irresponsabilidade, antecipou junto à Rede Globo, cotas até outubro de 2022 no valor de R$ 70 milhões. Porém, para que o dinheiro entrasse à vista, o clube precisou abrir mão de R$ 12 milhões, o que na prática resultou em apenas R$ 58 milhões. E ao antecipar receitas que vão além do seu mandato, Sá descumpriu exigência prevista no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidades Fiscal do Futebol Brasileiro - Profut. Sanções podem vir no futuro.

E antecipações não se limitaram à Globo. O clube também já recebeu suas cotas referentes aos campeonatos estaduais dos próximos dois anos. O mesmo também aconteceu com o dinheiro da Copa do Brasil de 2020. Outros adiantamentos vieram da Adidas, que fornecerá material esportivo em 2020 (R$ 2,5 milhões), e do Supermercados BH, futuro patrocinador máster da camisa (R$ 8 milhões).

Segundo o balanço de 2018, a dívida do Cruzeiro era de R$ 520 milhões. E a situação poderia ficar totalmente crítica se um empréstimo de R$ 300 milhões – autorizado pelo Conselho Deliberativo – fosse efetivado junto a um fundo internacional com juros de 9% ao ano. A operação acabou não sendo efetivada após as denúncias de casos de corrupção na diretoria.

O ano de 2020 será sofrido para a Raposa. E que sirva de lição para os demais clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Outros grandes também estão tão ou mais endividados que o Cruzeiros. Há gestões temerárias em curso aqui mesmo, em São Paulo. Como dizem por aí, um dia a conta chega! 


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Red Bull promete “dar asas” ao Bragantino em 2020


POR ROBERTO MAIA

O Red Bull Bragantino foi campeão da Série B do Brasileirão 2019
com cinco rodadas de antecedência (
Fotos: RB Bragantino/Divulgação)

O noticiário sobre os grandes clubes de São Paulo nesta semana ficou bem concentrado no Palmeiros. E não sem motivo. Após a derrota para o Flamengo no último domingo, o clube demitiu de uma só tacada o treinador Mano Menezes e o diretor de futebol Alexandre Matos. O presidente do Verdão, Maurício Galiote, atendeu os pedidos das torcidas organizadas que vinham pedindo a cabeça dos dois.

Entre os nomes especulados para ocupar o cargo de Matos me chamou a atenção o de Thiago Scuro, CEO do Red Bull Bragantino, responsável pelo projeto de parceria que promete dar muito o que falar em 2020.

No futebol tudo pode mudar de uma hora para outra, mas os comentários é que ele prontamente rejeitou a proposta e continua à frente do futebol do campeão da Série B do Brasileirão 2019 – com cinco rodadas de antecedência.

E não é difícil entender o motivo dele dizer não para uma dos maiores clubes do País. O projeto que ele comanda em Bragança é totalmente profissional. Ele tem contrato até o final de 2023 e conta com o respaldo da empresa multinacional austríaca Red Bull. Enquanto que no Palmeiras – e na quase absoluta maioria dos clubes brasileiros – o que vale são os resultados imediatos e não há projetos de médio e longo prazos.

A confiança de Thiago Scuro em seguir à frente do Red Bull Bragantino certamente está amparada no histórico da empresa no esporte. Desde 2005, a empresa banca duas equipes na Fórmula 1, onde conquistou quatro títulos de construtores e quatro de pilotos. No mesmo ano também começou a investir no futebol com o RB Salzburg, na Áustria. O sucesso foi imediato e o time hoje é uma potência no pais com 14 títulos conquistados, incluindo um hexacampeonato (2014 a 2019). Também disputa a Liga dos Campeões da Europa.

O treinador Antônio Carlos Zago aposta na mescla 
de jogadores experientes com jovens valores

Em 2009, adquiriu o time alemão SSV Markranstädt. Batizado de RB Leipzig, ascendeu da quinta para a primeira divisão do país. Na Bundesliga foi vice-campeão em 2017 e garantiu classificação para a Liga dos Campeões. A terceira colocação neste ano mais uma vez levou o time à elite europeia.

Portanto, se o sucesso nas empreitadas anteriores se repetir no Brasil, certamente Scuro, que tem apenas 38 anos, poderá ficar muito mais valorizado no futuro. 

Na próxima temporada o Red Bull Bragantino disputará o Paulistão, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro – após 22 anos de ausência. Para não fazer feio são esperados grandes investimentos na contratação de jogadores e na infraestrutura. Se em 2019 o futebol contou com cerca de R$ 45 milhões, o próximo ano poderá ter a injeção de até R$ 200 milhões.

O Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP), que tem capacidade para 17 mil torcedores, será reformado para a disputa do Brasileirão 2020. A ideia é ampliar para 20 mil lugares – capacidade mínima estabelecida pela Conmebol para receber partidas internacionais. Afinal, a Libertadores pode não ser um sonho distante. O projeto também inclui a construção de um novo centro de treinamento para a equipe profissional e sub-23.

O ex-goleiro do Corinthians, Julio César é um dos
mais experientes do Red Bull Bragantino

Confirmado para a próxima temporada, o treinador Antônio Carlos Zago teve o contrato renovado até o final de 2021. Ele aposta na mescla de jogadores experientes como o goleiro Júlio César (ex-Corinthians) e o jovem Claudinho, o meia de 22 anos, que foi o destaque do time e já é pretendido pelos grandes clubes do futebol brasileiro.

A Red Bull não está para brincadeira e se os objetivos forem alcançados, um novo ciclo no futebol nacional poderá ter início: o dos clubes-empresas.


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

SANTOS DE JORGE SAMPAOLI SUPEROU EXPECTATIVAS NO BRASILEIRÃO 2019


POR ROBERTO MAIA

Jorge Sampaoli devolveu ao time as características ofensivas
que consagraram o Santos (Fotos: Ivan Storti/Santos FC)

Tirando o Flamengo que está muito acima dos demais clubes que disputam a Série A do Brasileirão, o Santos é a melhor surpresa da competição. O Alvinegro da Vila entregou muito mais do que se esperava dele. Ainda mais quando comparamos com os adversários do Estado – Palmeiras, São Paulo e Corinthians – que decepcionaram os seus torcedores. E, apesar de não conquistar títulos em 2019, o bom desempenho do time no Campeonato Brasileiro superou expectativas. 
Ninguém poderia supor que o time que terminou a temporada de 2018 na décima colocação e chegou a frequentar a zona de rebaixamento pudesse ir tão bem esse ano. Ainda mais perdendo jogadores importantes como Gabigol, Dodô e Bruno Henrique entre outros.

Contra todos os prognósticos, o presidente José Carlos Peres investiu pesado em jogadores e surpreendeu ao contratar o treinador argentino Jorge Sampaoli. Gastou mais de R$ 75 milhões em 14 contratações, sendo o maior investimento em Cueva, que custou R$ 29 milhões. Apesar disso, o peruano não se firmou com a camisa santista, ficando até fora do banco de reservas em alguns jogos.

Entre as contratações acertadas estão o goleiro Everson, os laterais Felipe Jonatan e Jorge, o zagueiro Felipe Aguilar e os atacantes Marinho e Soteldo, que se encaixaram muito bem no esquema de Sampaoli.

Tudo começou a ir bem dentro de campo. Antes do Flamengo decolar no segundo semestre nas mãos do português Jorge Jesus, o Santos era a surpresa boa do Campeonato Brasileiro. Diferentemente do jogo extremamente defensivo com que os demais times praticavam, o conjunto santista comandado por Sampaoli buscava o ataque o tempo todo e muita rapidez na recomposição.

Tamanho arrojo culminou em algumas derrotas por goleadas ao longo do ano como os 5 a 1 para o Ituano e os 4 a 0 contra o Botafogo de Ribeirão Preto e também pelo Palmeiras. Mas elas serviram para ajustes no esquema tático.


Porém, fora das quatro linhas a relação entre o presidente santista e o treinador se deteriorava. Ambos passaram a travar uma guerra fria com declarações fortes através da imprensa. A demora na contratação de reforços e as condições financeiras do clube deixavam Sampaoli bastante irritado. Apesar disso, o time chegou inclusive a liderar o Brasileirão em algumas rodadas.

A comunicação entre ambos ficou impossível. Em uma tentativa de melhorar a relação profissional, em junho, o Santos contratou Paulo Autuori, ex-treinador que passaria a dirigente com a missão de ser o interlocutor entre o técnico e a diretoria. Com muita experiência no futebol, Autuori desempenhou a função de maneira satisfatória até a semana passada. Ele pediu demissão e reclamou publicamente da interferência do presidente, que pediu a escalação de Cueva, que está afastado por problemas técnicos e disciplinares.

Sem o elo de ligação a permanência de Sampaoli em 2020 é incerta, apesar de ainda ter mais uma ano de contrato pela frente. Dentro do clube poucos acreditam que ele continue. Ainda mais agora que o Racing, da Argentina, demonstrou interesse no treinador para substituir Eduardo Coudet, que comandará o Internacional no próximo ano.

Caso a saída de Sampaoli se confirme será ruim para o clube e também para o futebol brasileiro. Sua permanência poderia gerar frutos na temporada que vem. Com algumas contratações pontuais e com os atuais jogadores acostumados aos métodos ofensivos colocados em prática esse ano, quem sabe o Santos não seria capaz de surpreender ainda mais e conquistar títulos. 


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O FLAMENGO VOLTOU A SER FLAMENGO. SORTE DO FUTEBOL BRASILEIRO!

POR ROBERTO MAIA

A nação rubro-negra está em festa: os jovens que nunca viveram essa
experiência e os mais velhos que relembram as conquistas de 1981 
O Flamengo vive um momento mágico. Exaltado por sua legião de torcedores e também pela imprensa especializada, o Mengão pode escrever no próximo final de semana mais um capítulo épico na sua gloriosa história de 124 anos.

No sábado, dia 23, entra em campo para encarar o poderoso River Plate, da Argentina, na final da Conmebol Libertadores 2019 em jogo único que será disputado no Estádio Monumental de Lima, no Peru. Desde 1981, quando contava com um time de craques e tinha em Zico a estrela maior, o time carioca não chegava à final do torneio continental.

Naquele ano, o Flamengo conquistou o seu único título da Libertadores após vencer o Cobreloa, do Chile, por 2 a 0 em um jogo de desempate realizado no Estádio Centenário, no Uruguai.

No mesmo ano, o Mengão de Zico e companhia foi campeão do mundo ao vencer o Liverpool na então chamada Copa Intercontinental por 3 a 0, gols de Nunes (2) e Adílio em jogo único realizado no Japão. Agora, caso vença o River Plate, o destino caprichosamente colocará o time inglês mais uma vez o caminho do Rubro-Negro. Será uma histórica revanche após 38 anos.

A nação rubro-negra está em êxtase sonhando com o final de semana perfeito: ser campeão da Libertadores no sábado e campeão brasileiro no domingo, mesmo sem entrar em campo. Essa possibilidade é real e possível. O título do Brasileirão irá para a Gávea se o Palmeiras não vencer Grêmio. Nesse caso, o Verdão, que ocupa a segunda colocação com 68 pontos, não mais alcançaria o time carioca restando apenas mais quatro rodadas no Brasileirão.

Gabriel Barbosa, o Gabigol, é a cara do Flamengo que pode conquistar 
a Libertadores e o Brasileirão no próximo final de semana

O Flamengo não será campeão brasileiro no domingo se o Palmeiras vencer o Grêmio. E para não depender de tropeços do time paulista, o Mengão terá que conquistar os dois pontos que lhe faltam nos jogos seguintes: Ceará (27/11), Palmeiras (01/12), Avaí (04/12) e Santos (08/12).

Se os objetivos forem alcançados não será apenas o Flamengo do artilheiro Gabigol que sairá ganhando. O futebol brasileiro poderá entrar em uma nova era. Ou melhor, pode retomar uma característica que consagrou um estilo de jogo que privilegiava o ataque e nos deu cinco títulos mundiais. Um jeito de jogar que fez escola mundo afora. Éramos reconhecidos e imitados na medida do possível. 

Aos europeus, por exemplo, faltava a ginga e a habilidade dos nossos jogadores. Com poder financeiro muito superior ao nosso, levaram e levam até hoje os melhores jogadores que surgem no Brasil e em qualquer outro lugar do planeta.

Antigamente, garotos que jogavam em campinhos de terra sonhavam defender um dos grandes clubes brasileiros e se tudo desse certo chegar a vestir a camisa amarela da nossa Seleção. Hoje já não é mais assim. Crianças e seus país sonham em serem “sequestrados” por times da Europa e ficarem milionários. E se não derem a sorte de ir para um dos gigantes times europeus, serve também clubes do leste europeu, China e outros destinos menos votados.


O treinador português Jorge Jesus resgatou o jeito de jogar
no ataque que consagrou o futebol brasileiro no mundo
O atual Flamengo pode mudar um pouco essa deprimente situação. O Brasil continuará perdendo os jovens talentos para a Europa, mas poderá lucrar mais com essas transações. Por outro lado, coube a um treinador português mudar o rumo do futebol brasileiro. Jorge Jesus chegou ao Rio de Janeiro e colocou o time para jogar no ataque. Não muito diferente do que fez Paulo César Carpegiani, o treinador do time multicampeão em 1981.

Tomara que daqui para a frente as coisas sejam diferentes. Chega de retrancas e jogar por uma bola!

Fotos: Alexandre Vidal, Marcelo Cortes & Paula Reis/Flamengo

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

CORINTHIANS DESMORONA E FÁBIO CARILLE BALANÇA NO CARGO

POR ROBERTO MAIA

FUTURO INCERTO - Unanimidade no início do ano, Fábio Carille amarga 
pior momento no Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)

Após a derrota para o CSA na noite de quarta-feira, recebi muitos comentários de amigos via WhatsApp revoltados com a apatia dos jogadores do Corinthians. A maioria deles pedia a demissão do treinador Fábio Carille, considerado o maior responsável pela fase ruim do time que completou sete jogos sem vitória no Brasileirão 2019. O retrospecto ruim levou o time para a sétima colocação no campeonato, correndo o risco de cair mais uma em caso de vitória do Athlético-PR na quinta-feira.

Interessante notar que no final do ano passado a contratação de Carille foi comemorada pelos corinthianos. Mais ainda após a conquista do tricampeonato paulista sob o seu comando. Naquele momento não havia dúvidas quanto à capacidade do treinador que tinha o elenco em suas mãos. A conquista do Paulistão fez a Fiel sonhar alto quanto aos resultados ao longo de 2019.

Só que não! O time patinou e foi eliminado da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana. Apesar das desclassificações para Flamengo e Independiente del Valle, respectivamente, o time se mantinha nas primeiras posições do Campeonato Brasileiro. Chegou a ocupar a terceira colocação, mas em momento algum justificava em campo o bom posicionamento. Durante várias rodadas contou com os resultados ruins dos seus perseguidores, casos de São Paulo, Grêmio, Internacional e Bahia.

Só que a sorte não dura para sempre e o jeito de jogar do time corinthiano seguiu o mesmo. E, pior, o setor defensivo antes quase intransponível começou a falhar. Até o goleiro Cássio, maior ídolo dos corinthianos nos últimos anos, falhou feio em alguns jogos.

E o que o “professor” Carille fez para mudar as coisas e levar o time novamente para as vitórias? Arrumou desculpas e mais desculpas. Nas coletivas criticou os jogadores. Primeiro os mais jovens, depois os atacantes. Aliás, esse é o caminho mais rápido para um treinador perder o comando e o respeitos dos seus jogadores. Em nenhum momento assumiu seus próprios erros.

Em entrevista coletiva após o empate em 2 a 2 com o Athlético-PR, Carille disse que o principal problema estava no elenco. Segundo ele, “não há jogador com ambição do gol no grupo corinthiano”. Ao saberem do comentário do comandante, o que Vágner Love, Boselli, Gustagol, Pedrinho e Clayson teriam pensado?

O problema maior do elenco do Corinthians é a falta de meias criativos, que façam a bola chegar com rapidez e qualidade aos atacantes. Na falta deles o que se vê é um interminável toque de bola entre os zagueiros Gil e Manoel, Ralf e os laterais. Esses jogadores muitas vezes acabam tentando o lançamento longo para os atacantes, o que não é a função deles. Fora isso, o time tem apresentado erros de passes inadmissíveis para jogadores profissionais que estão entre os maiores salários do futebol brasileiro.

Até que a diretoria alvinegra tentou contratações para melhor o desempenho. Mas priorizou quantidade ao invés de qualidade. Contratou muitos jogadores, gastou muitos milhões e não alcançou os resultados. Entre 2018 e 2018, foram contratados Bruno Méndez, Sornoza, Richard, Douglas, Everaldo, Thiaguinho, André Luis, Jonathas, Boselli, Vágner Love, Ramiro, Júnior Urso, Míchel Macedo, Mosquito, Régis, Sergio Díaz, Manoel, Danilo Avelar, Matheus Jesus, Ángelo Araos, Juninho Capixaba, Bruno Paulo e Mateus Vital, além de trazer de volta o Gustagol e outros jogadores que estavam emprestados.

Não teria sido melhor ficar com Romero e buscar apenas jogadores pontuais mas que pudessem resolver o problema de falta de criatividade do meio de campo? A comissão técnica também tem que ser cobrada. Onde estão Emerson Sheik e Vilson que não assumem suas responsabilidades?


FIEL PREOCUPADA – Torcedores corinthianos estão divididos entre a  permanência
ou não de Carille no comando do time alvinegro (Foto:
 Ag.Corinthians Divulgação)

Se o Corinthians ficar fora mais uma vez da Libertadores perderá a chance de auferir grandes arrecadações com jogos e premiações. Pior, o clube vive uma grande crise financeira, o que faz os torcedores temerem por um 2020 ainda pior. O treinador tem multa rescisória de 6 milhões de reais, o que também justifica a sua permanência no cargo. Mas será que Fábio Carille está pensando apenas no seu lado financeiro? Se ele já percebeu que perdeu o comando deveria pedir demissão para não manchar o seu currículo. Se demorar será mandado embora com seus milhões parcelados ou terminará na Justiça do Trabalho para receber. O jogo de domingo contra o Flamengo pode ser a gota d’água para as pretensões do “professor” Carille no Timão.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

FLORIDA CUP 2020 TERÁ CORINTHIANS, PALMEIRAS E IVETE SANGALO

                                                 POR ROBERTO MAIA*


O Exploria Stadium do Orlando City receberá os jogos de Corinthians, Palmeiras, Atlético Nacional e Spartak Moscou (Foto: Orlando City/Divulgação)
A Florida Cup 2020, plataforma anual que combina esportes, música e entretenimento, terá a volta do Corinthians e a estreia do Palmeiras. Além dos eternos rivais de São Paulo também foram convidados o Atlético Nacional (Colômbia) e Spartak Moscou (Rússia). O evento que terá os jogos realizados no Exploria Stadium do Orlando City, ocorrerá entre os dias 13 e 20 de janeiro.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Universal Orlando Resort receberá as ativações da Florida Cup, incluindo a Fan Fest, que terá como principal atração, mais uma vez, a cantora Ivete Sangalo. Ela se apresenta no Music Plaza Stage, no dia 19 de janeiro.

Outro evento que será realizado dentro do Universal Studios é o torneio Florida Cup Legends, no dia 16 de janeiro. Na oportunidade, ex-jogadores dos clubes participantes do torneio irão se enfrentar em uma arena montada dentro do parque. Já no dia 18 será realizada a Florida Cup 5k Run, corrida de 5 quilômetros dentro dos parques Universal Studios e Islands of Adventure. Durante a prova os participantes vão atravessar os dois parques temáticos e interagir com os personagens.


Ex-jogadores dos clubes participantes do torneiro irão se enfrentar em uma arena montada dentro do parque Universal Studios (Foto: Divulgação)

Os jogos em rodadas duplas serão realizados no dia 15, com Corinthians x Spartak Moscou (18h) e Palmeiras X Atlético Nacional (20h30); e dia 18, com Spartak Moscou x Palmeiras (14h) e Atlético Nacional x Corinthians (17h30), além de show de Ivete Sangalo no intervalo entre os dois jogos.

Em 2019, o público total do evento passou de 40 mil pessoas e, pela TV, torcedores de 103 países puderam acompanhar as partidas ao vivo. Nas redes sociais, os conteúdos postados nas contas oficias do evento, somados às postagens dos influenciadores presentes no evento, tiveram um alcance de mais de 100 milhões de pessoas.

Ivete Sangalo fará apresentações no intervalo dos jogos no dia 18 e no Music Plaza Stage do Universal Orlando, no dia 19 (Foto: Divulgação)

Camarote da Paz

A próxima edição da Flórida Cup terá, também, a instalação do Camarote da Paz, espaço com mais de 2 mil m2 e capacidade para 900 torcedores. O camarote reunirá palmeirenses e corinthianos no mesmo local dentro do estádio do Orlando City. “A ideia é a de colocar em prática o Projeto Torcida da Paz e tanto corinthianos quanto palmeirenses poderão comprar um ingresso e assistir os dois jogos no mesmo dia e no mesmo espaço”, afirma Léo Rizzo, CEO do Soccer Hospitality, empresa idealizadoras dos camarotes FielZone (Arena Corinthians) e FanZone (Allianz Parque).

Com mais de 2 mil m2, o Camarote da Paz receberá 900 torcedores corinthianos e palmeirenses na Florida Cup 2020 (Foto: Soccer Hospitality/Divulgação) 

O espaço, que terá vista privilegiada do campo, oferecerá a partir de duas horas antes do início do jogo, segurança, conforto, comida e bebida à vontade, barbearia, videogame, palco para apresentação musical e presença de ex-jogadores. A festa continua até o final da segunda partida. Os ingressos já estão à venda e custam R$ 499,90 (dia 15) e R$ 699,90 (dia 18).

Interessados podem obter maiores informações nos sites camarotefielzone.com.br e camarotefanzone.com.br .

*ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO COM COLUNAS NOS JORNAIS DE BAIRROS ASSOCIADOS E NO FUTBLOG, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

sábado, 27 de abril de 2019

Pragmático, Corinthians conquista o tricampeonato paulista. O quarto na sua história.


Corinthians é o maior vencedor do Paulistão com 30 títulos 
conquistados (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians)

POR ROBERTO MAIA

O assunto dessa semana não poderia ser outro. Claro, o tricampeonato paulista conquistado pelo Corinthians, o quatro na sua história, algo que não conseguia há 80 anos. A primeira vez a ganhar três vezes seguida foi nos anos 1922, 1923 e 1924. Quatro anos depois deu início à nova série e venceu em 1928, 1929 e 1930. O terceiro tri aconteceu nos anos 1937, 1938 e 1939.

O Paulistão de 2019 também foi o terceiro consecutivo de Fábio Carille, o treinador que voltou da China para recolocar o time no caminho dos títulos. Também foi o 30º título do Timão na competição estadual. O Corinthians é o maior vencedor do Campeonato Paulista. Na sequência vêm Santos e Palmeiras com 22 cada.

Foge da racionalidade esse Corinthians dirigido por Carille. Time pragmático, frio e que que não se incomoda ao ser pressionado. Desde Mano Menezes, na temporada em que disputou a Série B, em 2007, o time segue um conceito que vem dando resultados positivos há mais de uma década. A torcida comprou a ideia e apoia incondicionalmente sem pressionar o time durante os jogos. Mudam os jogadores mas não muda a forma de jogar.

Fábio Carille conquistou o Campeonato Paulista pela terceira
vez consecutiva (Foto: Agência Corinthians) 
Para chegar à final do Paulistão desse ano o Corinthians teve que passar pelo Santos, considerado por muitos o melhor time do torneio, em dois grandes jogos na semifinal que testaram a saúde dos torcedores. No primeiro, venceu por 2 a 1 na arena de Itaquera. Na outra partida, disputada no Pacaembu, o conjunto santista ganhou por 1 a 0 levando a decisão para os pênaltis. Durante o tempo normal foi um verdadeiro massacre contra a defesa corinthiana. Com grande atuação do goleiro Cássio, poucas vezes vi um time ser tão atacado e no final conseguir o resultado que lhe interessava.

O alvinegro chegou à final em meio à desconfiança de torcedores e imprensa. Situação oposta à do São Paulo, que eliminou o poderoso Palmeiras também em decisão por pênaltis em plena arena do Verdão. Com um time repleto de jovens revelações da base, tinha tudo para evitar o tri do Corinthians.


Após um jogo sem gols no Morumbi, o Timão levou a decisão para a sua casa. E essa era a única e principal vantagem, afinal teria sua torcida para empurrar. E foi o que aconteceu. Com recorde de público na arena corinthiana, a vitória por 2 a 1 garantiu a taça ao Corinthians.

Mas não foi um jogo fácil para o time alvinegro. Tudo levava o jogo final para ser decidido nas penalidades máximas. O empate em 1 a 1 com gols de Danilo Avelar e Antony parecia definitivo até que aos 44 minutos do segundo tempo, quando ninguém mais espera alguma coisa no jogo, o centroavante Vagner Love marcou um belo gol após um passe em profundidade de Sornoza. Foi um balde de água fria nas pretensões dos valentes jogadores são-paulinos para a alegria da Fiel.

Para a torcida tricolor restou a profunda tristeza ao perder a chance de colocar fim ao longo jejum que já se prolonga a 14 anos sem vencer o estadual, sete sem levantar nenhuma taça e manter um tabu de 11 jogos sem vitórias na Arena Corinthians.

Vagner Love voltou ao Timão e mais uma vez marca gol decisivo 
(Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
A festa de premiação ao campeão e aos melhores do Paulistão 2019, realizada na segunda-feira, no Credicard Hall, apresentou a seguinte seleção do torneio: Cássio (Corinthians), Victor Ferraz (Santos), Bruno Alves (São Paulo), Gustavo Henrique (Santos), Danilo Avelar (Corinthians), Júnior Urso (Corinthians), Diego Pituca (Santos), Jean Mota (Santos), Martinelli (Ituano), Dudu (Palmeiras) e Gustavo (Corinthians); Técnico - Antonio Carlos (Red Bull); Melhor jogador - Jean Mota (Santos); Revelação - Martinelli (Ituano); Melhor jogador do Interior - Martinelli (Ituano); Craque da Galera - Cássio (Corinthians); Gol mais bonito - Bruno Lopes (Oeste). A eleição foi através de votos dos treinadores e capitães dos 16 clubes que disputaram o campeonato.

Copa do Brasil

Três dias depois de vencer o Paulistão, o Corinthians voltou a campo na quarta-feira para outra decisão, desta vez pela Copa do Brasil. Após ser derrotado por 1 a 0 no primeiro jogo em Chapecó, o time de Carille tinha que vencer por dois gols de diferença para seguir às oitavas de final da competição. Sem demonstrar sinais de cansaço ou “ressaca” pela festa de domingo, o time não deu chances à Chapecoense e conseguiu o resultado que precisava. Nem mais e nem menos. Dois a zero, gols de Mauro Boseli e Matheus Vital. Sempre mantendo a força defensiva, foi ao ataque de maneira vigorosa para arrancar o resultado. Mais uma etapa cumprida pelo Corinthians pragmático de Fábio Carille.