sexta-feira, 18 de março de 2016

Fórmula 1 começa com novidades

Por Roberto Maia
Ferrari fez grandes mudanças no carro e confia na experiência 
dos seus pilotos (Foto: Studio Colombo Pirelli)
Normalmente falo sobre futebol nesse espaço. Porém, nessa semana abro uma exceção para falar a Fórmula 1 e a queda no interesse e da audiência no Brasil. A ausência de pilotos brasileiros que façam a diferença desmotivou os torcedores que acostumaram ver gênios do volante como Airton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. Esperanças como Rubens Barrichello e Felipe Massa, infelizmente não confirmaram. Talvez porque preferiram ser coadjuvantes na Ferrari e ficarem milionários.

    Mas como a Fórmula 1 é um show, tanto que é chamada de circo, as mudanças sempre ocorrem com o objetivo de melhorar o espetáculo. Esse ano, a tentativa é fazer com que haja mais briga pela ponta e acirrar a disputa entre Mercedes e Ferrari. Também será a temporada mais longa da história da modalidade com 21 corridas.

    Novos carros e mudanças nas regras buscam aumentar a competitividade após dois anos seguidos em que a Mercedes dominou a categoria. Entre as novidades está a nova classificação, a maior liberdade na escolha dos pneus e limitações nas conversas entre engenheiros e pilotos via rádio. A maior expectativa é quanto ao novo modelo de classificação para as corridas. O novo sistema, que parece não ter agradado aos pilotos, mantém a divisão em três partes mas passará a eliminar um carro a cada 90 segundos até que a pole seja decidida nos instantes finais. No final haverá apenas dois pilotos disputando a pole.

    A temporada que começa nesse final de semana com o Grande Prêmio da Austrália e a expectativa está toda no desempenho da Ferrari. A equipe italiana fez grandes mudanças no carro e confia na experiência dos seus pilotos: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen.

    Na forte Mercedes o que os amantes do esporte querem é que a equipe não interfira tanto na disputa entre os pilotos Lewis Hamilton e Nico Rosberg.
E o que esperar da McLaren? Tudo indica que também estará mais forte. Pelo menos nos testes realizados durante a pré-temporada o carro e o motor Honda demonstraram maior resistência e rapidez. Bom para Fernando Alonso que deve estar com saudade dos pódios.

    Apesar das mudanças, os pilotos brasileiros – Felipe Massa e Felipe Nasr – devem continuar disputando posições intermediárias. Tudo indica que a audiência seguirá caindo.

LIBERTADORES – A rodada de quarta-feira foi boa para o Corinthians e ruim para o São Paulo. O empate do Tricolor com o fraco Trujillanos na Venezuela deixa o time na UTI em termos de classificação para a próxima fase. Só não foi pior porque o River Plate também empatou com o The Strongest na altitude de La Paz, na Bolívia. Essa é a pior campanha do São Paulo nessa fase da competição: uma derrota, dois empates, apenas dois pontos conquistados e dois gols marcados. O risco da eliminação precoce coloca ainda mais pressão no time comandado por Patón Bauza, que tem pela frente o Trujillanos e o River Plate, ambos no Morumbi, e o The Strongest, em La Paz. Para não depender de resultado dos adversários será necessário vencer os três jogos para chegar às oitavas de final.


O Corinthians não encontrou dificuldades para superar o Cerro Porteño na arena de Itaquera. Depois de passar por sufoco e ser derrotado em Assunção, o time venceu fácil e recuperou a liderança do Grupo 8 da Copa Libertadores. O Timão, agora com nove pontos, pode até se classificar no próximo jogo, contra o Santa Fe, em Bogotá, no dia 6 de abril. 


Ganso volta a jogar bem, fez um gol, mas 
perdeu pênalti que daria a vitória ao Tricolor 
(Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)








Lucca teve participação efetiva na vitória 
corinthiana sobre o Cerro Porteño 
(Foto: Divulgação/ Ag.Corinthians)

sexta-feira, 11 de março de 2016

Complexo de vira-lata na Libertadores

Por Roberto Maia

Palmeira foi facilmente envolvido pelo fraco Nacional em pleno 
Allianz Parque (Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras/Divulgação)

Os torcedores brasileiros aprenderam a gostar da Copa Libertadores da América. Afinal, se o seu time ganhar o troféu ele é considerado o melhor das Américas - do México à Patagônia. Será? Eu particularmente acho que essa disputa é de um nível técnico baixíssimo. No Campeonato Paulista tem times muito superiores a muitos que disputam o torneio continental. E, o mais incrível, é o desespero que se abate sobre os jogadores dos times brasileiros envolvidos na disputa. É lamentável assistir às entrevistas em que esses costumam dizer que são jogos difíceis e um empate fora de casa está de bom tamanho. Dirigentes de times campeões como o São Paulo, Corinthians, Palmeiras e outros brasileiros que disputam a Libertadores deveriam proibir comentários desse tipo.

    Aqui no Brasil temos jogadores experientes e com passagens por times da Europa. Porém, quando entram na disputa da Libertadores parecem juvenis recém saídos das categorias de base. Triste isso. Nossas equipes já entram derrotadas em campo. Como explicar o São Paulo conseguir perder no Pacaembu para o fraquíssimo The Strongest da Bolívia? Ou o Palmeiras deixar o também fraco Nacional do Uruguai se impor em pleno Allianz Parque e vencer com um jogador a menos durante todo o segundo tempo do jogo? Mesmo jogando no Paraguai, o Corinthians tinha obrigação de se impor sobre o Cerro Porteño, uma equipe inferior a muitas que disputam a Série C do Campeonato Brasileiro. Os corinthianos ainda lembram da doída eliminação para o Tolima, um outro time limitado.

    Até quando essa situação irá perdurar? Tirando equipes argentinas como o Boca Juniors e o River Plate, o restante não deveria apresentar dificuldades maiores. Perderá dinheiro quem apostar que um desses times poderá ser o campeão da América: Trujillanos, The Strongest, Nacional (URU), River Plate (URU), Independiente Del Valle, Melgar, Cerro Porteño, Cobresal e outros do mesmo nível.

    O Corinthians, recentemente, foi ao Deserto do Atacama, no Chile, para jogar contra o Cobresal. E não foi fácil chegar à vitória no último minuto do jogo. Mesmo a viagem com logística complicada, a hospedagens em um hotel feito com contêineres justificam tamanha dificuldade. Para mim, a única explicação é o medo de perder e acreditar que o adversário é forte por estar disputando a Libertadores. Complexo de vira-lata talvez explique. A expressão criada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues ao se referir ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã.

    Quando assisto aos jogos da Liga dos Campeões da Europa chego a ficar com raiva da Libertadores. E já tivemos tempo suficiente para melhorar o nível dos times e dos estádios que disputam a hegemonia das Américas. Sim, das Américas porque times mexicanos entram na disputa mas, caso vençam, não podem ir à disputa do Mundial de Clubes. Absurdo!

    Criada em 1960, a Copa Libertadores da América é o mais tradicional e importante torneio de clubes desse lado do mundo. O primeiro representante do Brasil foi o Bahia e de lá para cá, times brasileiros já levantaram a velha taça em 17 oportunidades.  

Corinthians teve dois jogadores expulsos e foi derrotado 
facilmente pelo Cerro Portenõ (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

domingo, 6 de março de 2016

Competência, trabalho e fé no comando do Corinthians

Por Roberto Maia

Mesmo em momentos de glória, Tite não esquece de agradecer

Essa semana eu pretendia escrever sobre um outro assunto. Porém, mudei de ideia e resolvi falar de um profissional do futebol que merece todo o respeito e reverências: Adenor Leonardo Bacchi, o Tite. O treinador do Corinthians evoluiu muito após um ano (2014) sabático em que não dirigiu nenhuma equipe e aproveitou para refletir e estudar o futebol moderno praticado no mundo. Após o fiasco brasileiro na Copa do Mundo Fifa, seu nome era o mais cotado para assumir a missão de reformular a Seleção Brasileira. Ele próprio aguardava o convite que nunca veio.

   Em 2015, voltou ao Corinthians. E o que ele fez e está fazendo novamente em 2016 é para ser muito bem observado e digno de aplausos. Ano passado ele remontou o time após as saídas das principais estrelas do elenco – Paolo Guerrero e Emerson Sheik, entre outros – e levou a equipe à conquista do hexacampeonato brasileiro em uma campanha histórica com três rodadas de antecedência e 12 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Atlético Mineiro.

   Este ano, após o arrastão chinês que passou pelo Parque São Jorge ninguém poderia imaginar que pudesse realizar pela segunda vez o mesmo milagre. Pode até ser que o Alvinegro nem venha a conquistar títulos, mas ele está dando mostras que ele pode sim formar um novo time em condições de disputar e ganhar as principais competições.

   É incrível o que ele está fazendo no comando do Corinthians. E não digo apenas no que diz respeito aos treinamentos e táticas de jogo. Ele está mudando velhos e ultrapassados conceitos. Em um país onde os clubes trocam de treinadores a torto e a direito, Tite já acumula 355 jogos pelo Timão em três passagens. Na primeira (2004/2005) comandou o time em 51 jogos, conquistando 24 vitórias, 15 empates e 12 derrotas. Quando voltou (no final de 2010), mudou a forma do time jogar e comandar. Mostrou aos jogadores que ninguém tinha posição garantida e a conquista da titularidade viria por merecimento e trabalho. Os resultados começaram a aparecer em 2011, com a conquista do campeonato brasileiro. Mas a consagração aconteceu em 2012. Naquele ano fantástico, Tite levou o Corinthians à conquista da Libertadores pela primeira vez na história do clube e ao bicampeonato mundial no Japão, em jogo histórico contra o Chelsea.

   Gaúcho de Caxias do Sul, Tite começou a carreira como volante no Caxias, em 1978. Depois, jogou no Esportivo de Bento Gonçalves (1984), Portuguesa (1985) e Guarani (1986 a 1988). Com apenas 28 anos foi obrigado a encerrar a carreira devido a sérias lesões nos joelhos, inclusive com ruptura de ligamento, perdendo a mobilidade de uma das pernas. Tanto que até hoje não consegue dobrar um dos joelhos. Mas se o futebol perdeu um jogador mediano ganhou um treinador em condições de conquistar os títulos que não conseguiu dentro de campo.

   A partir de 1990, treinou uma série de times do Rio Grande do Sul até que, em 2000, comandando o Caxias realizou uma campanha surpreendente no Campeonato Gaúcho que culminou com a conquista do título sobre o Grêmio, que naquela época tinha Ronaldinho Gaúcho. Tamanha vitrine o levou para o tricolor gaúcho em 2001, ano em que foi campeão do Gauchão e da Copa do Brasil sobre o Corinthians. Tite deixou seu estado natal para dirigir o São Caetano. Aqui em São Paulo chamou a atenção do Corinthians, que beirava o rebaixamento em 2004. Foi contratado e tirou o time da zona da degola e levou à quinta colocação na tabela. Em 2005, deixou o Timão ao se opor a Kia Joorabchian, diretor do Grupo de Investimento MSI que teria tentado interferir na sua maneira de comandar e escalar a equipe.

   Antes de voltar ao Corinthians treinou o Atlético Mineiro, Palmeiras, Al Ain (Emirados Árabes), Internacional e Al-Wahda (Emirados Árabes).


   Não é à toa que a cada jogo do Timão em sua arena, a torcida corinthiana vibra quando o nome de Tite aparece no telão após a escalação do time. Coisa rara, mas que reconhece uma carreira vitoriosa e extremamente profissional.

Tite comemorou muito a conquista do Mundial de Clubes no Japão e reconhece apoio da torcida ao seu trabalho; Não importa o adversário, Tite repete um ritual no vestiário antes dos jogos do Timão.

(Fotos: Ag.Corinthians/Divulgação)