sábado, 16 de julho de 2016

Herói português conquistou primeiro o mundo, depois a Europa

Por Roberto Maia

Cristiano Ronaldo com a tão cobiçada taça da 
UEFA Euro 2016 (Foto: facebook.com/Cristiano)

Tirando os franceses, claro, parece que todos estavam torcendo pela seleção de Portugal na final da UEFA Euro 2016. E a torcida deu resultado. O que parecia impossível aconteceu. O time mais fraco venceu o mais forte em pleno Stade de France, em Saint-Denis, ao norte de Paris. Tudo parecia contra os portugueses. Além dos quase 80 mil franceses no estádio, até Mick Jagger, astro dos The Rolling Stones e famoso pé frio, estava presente para apoiar os portugueses. Ele e tantos outros torcedores pelo mundo queriam ver também Cristiano Ronaldo. Afinal, ele era a estrela maior em campo e poderia decidir em favor do seu país. E não é que ele sentiu contusão muscular logo no início do jogo e teve que ser substituído!
Mas, mesmo fora de campo, o famoso CR7 empurrou seu time à conquista inédita. Foi emocionante vê-lo ao lado do treinador dando orientações e também antes do início da prorrogação falando com cada um dos seus companheiros, pedindo garra, determinação e, quem sabe, que ganhassem o título para ele.

     No final, às lágrimas, brincava com a taça como um menino que acabava de ganhar um brinquedo novo e muito desejado. E ele fez por merecer. Afinal, não é de hoje que ele é o principal jogador da seleção português e maior ídolo do futebol do país. Talvez no futuro os historiadores o colocarão como o maior de todos os tempos no futebol de Portugal. Os mais velhos podem até equipará-lo com o grande Euzébio. Mas haverá uma diferença entre ambos, o CR7 deu a Portugal o seu maior título internacional.

    Nascido em 1985 em Funchal, na Ilha da Madeira, Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro vem colecionado conquistas ao longo da carreira. O capitão da seleção portuguesa e maior nome do Real Madrid já conquistou por três vezes a Bola de Ouro, troféu concedido pela FIFA ao melhor jogador do mundo. O craque levou a “bolinha” como ele mesmo disse, em 2008, 2013 e 2014, se igualando a outras duas lendas do futebol, Ronaldo Fenômeno e Zinedine Zidane. E tem tudo para conquistar a sua quarta bola este ano. A temporada 2015/2016 do português foi fantástica. Ele marcou 54 gols em 55 partidas disputadas, foi campeão da Liga dos Campeões com o Real Madrid (onde foi o artilheiro com 16 gols) e agora a Eurocopa.

     Cristiano Ronaldo começou a carreira nas categorias de base do Andorinha de Santo António. Em 1995, foi para o Clube Desportivo Nacional e logo em seguida assinou com Sporting de Lisboa. O grande talento do garoto chamou a atenção de Sir Alex Ferguson, treinador do Manchester United. E, em 2003, com apenas 18 anos, assinou contrato com o clube inglês, que pagou cerca de 12,24 milhões de libras esterlinas (15 milhões de euros) ao Sporting. A transferência de CR7 Manchester United para o Real Madrid, em 2009, é considerada a mais cara do esporte: 80 milhões de libras esterlinas (94 milhões de euros).

Cristóvão Borges acredita que pode fazer Pato 
voltar a jogar o futebol que conquistou o mundo 
(Foto: Ag.Corinthians/divulgação)

Cristóvão e a reestreia de Pato - O treinador baiano chegou ao Corinthians sob desconfiança dos torcedores e, silenciosamente, vai conquistando vitórias e mantendo o Timão na parte de cima da tabela do Brasileirão. Mas a desconfiança não é gratuita. O ex-jogador – inclusive com passagem pelo Corinthians – até hoje não tem nenhuma conquista no seu currículo como treinador. Auxiliar técnico durante muitos anos em diversos clubes brasileiros, viu a chance chegar no Vasco da Gama, em 2011, quando o treinador Ricardo Gomes sofreu um AVC. Assumiu o comando técnico do clube e seu bom trabalho levou o time ao segundo lugar do Brasileiro e às semifinais da Copa Sul-Americana. Depois passou pelo Bahia (2013), Fluminense (2014/2015), Flamengo (2015), Atlético-PR (2015/2016). Um dos seus objetivos no Timão é fazer Pato voltar a jogar o futebol que conquistou o mundo e depois foi desaparecendo. Pato está treinando e se preparando. Tem a confiança de Cristóvão, mas terá que superar a raiva da Fiel que ainda não o perdoou pela displicência ao bater pênalti decisivo na Copa do Brasil de 2013. Ambos precisam mostrar competência e conquistar a confiança dos torcedores.

Mesmo prejudicado, São Paulo foi valente contra 
o Atletico Nacional (Rubens Chirisaopaulofc.net)

Libertadores: fim do sonho Tricolor - Acabou de forma melancólica a participação do São Paulo na Copa Bridgestone Libertadores 2016. Concorrendo como um grande azarão, o Tricolor chegou aos tropeços até a semifinal da competição. O sonho de conquista a América pela quarta vez parou no futebol bem jogado do time colombiano Atlético Nacional. A proeza de virar o placar no jogo e ontem era considerada quase impossível. Mas o time brasileiro demostrou muita garra e vontade e poderia ter conseguido um melhor resultado se não tivesse sido tão prejudicado pela arbitragem. O que demonstra mais uma vez a fragilidade dos times brasileiro nos bastidores da principal competição da América do Sul. Até quando?


#SomosTodosRio2016

Por Roberto Maia


O próximo dia 5 de agosto entrará para história da cidade do Rio de Janeiro. Nesse dia terão início os Jogos Olímpicos Rio 2016, evento de magnitude mundial e que antes mesmo de começar tem causado tanto desgaste para a imagem da cidade e do País. Até agora, polêmicas não faltaram envolvendo as obras, problemas na segurança pública e até o famigerado Aedes Aegypti, mosquito que propaga doenças como a zika, que não acontece apenas por aqui, mas pelo que dizem mundo afora parece que é produto “Made in Brazil”.

     Claro que estamos pagando por anos e anos de problemas envolvendo a nossa Cidade Maravilhosa, que encanta turistas de todas as partes do planeta, mas também causa muito temor. E os motivos todos conhecemos. O poder público há muito tempo perdeu a guerra contra o crime organizado que se instalou nos morros cariocas e causa pânico. Mas, quando o COI (Comitê Olímpico Internacional) escolheu o Rio para sediar a Olimpíada, conhecia muito bem a realidade brasileira. O Rio será o mesmo de sempre com a diferença que o maior evento do esporte mundial estará acontecendo por lá.

   Tal como na Copa do Mundo de 2014, os atrasos nas obras e o superfaturamento das mesmas são problemas nosso, que devem ser investigadas as causas e, caso haja culpados, que sejam punidos. E que o povo brasileiro dê a resposta nas próximas eleições.

     O custo para realizar o evento foi bastante alto e tomara possamos recuperar o investimento caso exista efetivamente um legado para a população após o término dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

     Se tudo correr bem durante os Jogos, e estamos torcendo por isso, o fortalecimento do turismo no Brasil junto a mercados do mundo inteiro será um dos maiores – senão o maior – legado. Somente os Estados Unidos deverão enviar ao Brasil mais de 200 mil turistas no período da Olimpíada.  

     


      Para contribuir com o legado olímpico no segmento do turismo e eventos, foi lançada a campanha #SomosTodosRio2016. A iniciativa, que partiu do diretor da Eventos Expo Editora, Sergio Junqueira Arantes, já recebeu a aprovação de autoridades e do secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Antônio Pedro Figueira de Mello.

     "Temos absoluta confiança que realizaremos a melhor Olimpíada de todas e contribuiremos para melhorar a imagem do Brasil e do Rio de Janeiro", declarou o diretor comercial do Rio Convention & Visitors Bureau, Michael Nagy. Para o VP da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Ibrahim Georges Tahtouh, "elevar a pátria brasileira, sua hospitalidade e povo acolhedor, só ajuda a geração de emprego e renda pelo Turismo".

    Segundo Sérgio Junqueira, o Brasil conquistou com muito esforço o direito e a obrigação de realizar a Olimpíada 2016. “O palco principal é o Rio de Janeiro, mas a passagem da Tocha Olímpica por 329 cidades brasileiras, levada por mais de 12 mil condutores espalhou por todo País a mensagem de paz e união dos povos defendida pelos Jogos Olímpicos desde sua criação. Somos nós, brasileiros, que vamos realizar a melhor Olímpiada de todos os tempos. Mesmo sofrendo ataques na imprensa internacional e de políticos oportunistas, o povo brasileiro vai responder com #SomosTodosRio2016. Esse será um grito de paz para que todos os brasileiros, de todos os estados do país, promovam em todas suas manifestações até o último dia da Paraolimpíada. Em todas as redes sociais, em todas as fotos, em todas mensagens, emoldurando seus retratos ou escrevendo em simples folhas de papel a hasthag #SomosTodosRio2016”, conclama.


Fotos: Governo Municipal do Rio de Janeiro e Revista dos Eventos

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Teria o Corinthians perdido a sua essência?

Por Roberto Maia
Ángel Romero desperdiçou a “bola do jogo” aos 49 minutos d
o segundo tempo (Foto: Ag.Corinthians/divulgação)

Nos últimos anos, a torcida do Corinthians se acostumou a assistir um time diferente em campo, que privilegia a posse de bola, os toques de pé em pé, uma defesa eficiente e um ataque na medida necessária. Passou a confiar cegamente no treinador Tite, alçado à condição de herói e ídolo após a conquista do Libertadores de 2012 e do Mundial de Clubes. Confiança reforçada ainda mais após levantar o Brasileirão no ano passado. Tite fez por merecer tamanho respeito. Mas, seria ele o responsável por estar enterrando a essência do Timão de time de raça, que persegue as vitórias e não desiste nunca de chegar às redes adversárias dentro ou fora de casa?

    Tranquilo e muito educado nas entrevistas, o professor sempre encontra um motivo para justificar os resultados ruins e acaba por convencer a todos – imprensa, jogadores e torcedores. O estranho é que a fiel torcida aceitou esse novo estilo de jogar e também os argumentos do treinador.

    Ontem, após a eliminação dentro de casa para o Nacional (Uruguai), Tite mais uma vez desfiou seus argumentos. Disse que o processo de crescimento vem com acertos e erros. “Nós queríamos apressar etapa, passar, porque merecia na Libertadores e no Paulista. Mas a efetividade nos tirou, o último terço do campo.” Entenderam? Traduzindo: a falta de efetividade dos atacantes foi a responsável pela eliminação dentro de casa. Mais uma vez, a quinta, em mata matas na arena.
Entendo que Tite deva permanecer no cargo, afinal é considerado o melhor treinador do Brasil e cotado até para a Seleção Brasileira. Está fazendo um excelente trabalho e superando expectativas. Mas ele tem que passar para os jogadores o que é a essência do Corinthians. Ontem quem foi o time mais aguerrido em campo e que brigou o tempo todo pela classificação? Quem disse Nacional acertou. Não deveria ser o contrário?

    E como Tite explicaria o sétimo pênalti perdido na temporada? E justamente pelo centroavante André, que poderia ter mudado a história do jogo. O problema não é perder pênalti, coisa normal no futebol. É perder sequência de penalidades mal batidas por jogadores displicentes. Se André tivesse chutado forte, no alto e o goleiro defendesse, mérito do defensor. Mas não foi o que aconteceu.

    O atual Corinthians com nove jogadores novos é muito imaturo e sem força psicológica para disputar decisões, principalmente do porte de uma Copa Libertadores. Não fosse, Ángel Romero teria convertido a “bola do jogo” aos 49 minutos do segundo tempo.

Tricolor avança – E o São Paulo, que era apontado como o mais fraco entre os brasileiros na Libertadores, conseguiu avançar. Certo que o sofrimento tem sido grande para os torcedores, mas o que importa é a classificação. E, diferentemente do Corinthians, o time vem demonstrando espírito guerreiro e vontade de vencer. O bom resultado dentro de casa garantiu a passagem à próxima fase do torneio, mesmo com a derrota – indolor – de ontem. Mérito do treinador Edgardo Bauza, que já venceu duas e sabe muito bem como se joga na Libertadores. Agora, o Tricolor faz um clássico nacional e encara o Atlético-MG nas quartas de final – que eliminou o Racing (Argentina).

Zebra inglesa – Quem poderia imaginar que o pequeno Leicester poderia conquistar o título inglês superando adversários milionários e cheios de craques. Time que normalmente apenas lutaria para não cair para a segunda divisão, tinha o quarto elenco menos valioso no início do torneio. Com um artilheiro que há seis anos atrás disputava a sétima divisão do futebol inglês. E um treinador, o italiano Claudio Raniere, que somente agora, aos 64 anos, conquista seu primeiro campeonato nacional. Mérito para ele que conseguiu convencer seus jogadores que poderiam vencer adversários teoricamente mais fortes.


    A vontade de vencer sempre foi e sempre será decisiva. Entendeu Tite? 

Edgardo Bauza já venceu duas Libertadores e sabe muito bem 
como se joga o torneio (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Legado ou vergonha olímpica?

Publicado em 28 de abril de 2016
Por Roberto Maia
Vai começar o show, a chama olímpica já está a caminho do Rio 
(Foto: Roberto Castro/Brasil 2016)  

Faltam menos de 100 dias para o início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e os únicos que demonstram otimismo são o prefeito Eduardo Paes e o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman. As trapalhadas verificadas na organização da Copa 2014 estão acontecendo em âmbito regional na Cidade Maravilhosa. A frase “O Brasil não é um país sério”, popularmente atribuída a Charles de Gaulle, nunca foi tão atual – e verdadeira.

   Tal como aconteceu na Copa, as obras no Rio estão inacabadas, atrasadas e muitas programadas inicialmente nem serão entregues. O Engenhão, construído para o Pan-Americano de 2007, passa por reformas e não tem prazo definido para ficar pronto. A Linha 4 do metrô está longe de ficar pronta e pode nem circular antes do início dos Jogos Olímpicos. O estádio Aquático Olímpico, já inaugurado, teve a disputa do Troféu Maria Lenk realizada em meio a obras. O velódromo então é uma vergonha aos cariocas. Situado no Parque Olímpico da Barra, a obra que deveria ter sido entregue no ano passado já atingiu R$ 143 milhões e está com 85% de conclusão. Se ficar pronto a tempo será utilizado sem nenhum evento-teste. Aí é que mora o perigo!

   Não bastassem os atrasos, o Brasil é novamente alvo – e com razão – da imprensa internacional que está colocando em dúvida a qualidade e segurança das obras, além de ressaltar sempre a poluição da Baía de Guanabara que receberá as competições de vela. A limpeza desse cartão postal da cidade seria um dos melhores legados da realização da Olimpíada no Rio de Janeiro. Infelizmente, isso não irá acontecer. Para a realização dos eventos-testes, “ecobarcos” recolheram quase 30 toneladas de lixo. O que acontecerá será apenas uma operação de limpeza nas raias de competição, através de um plano de contenção do lixo flutuante. Que pena!

   Para ajudar a afundar ainda mais a imagem do país mundo afora, a queda do trecho da ciclovia na Avenida Niemeyer, que matou duas pessoas, reforça as dúvidas sobre a qualidade das obras no Rio – e no Brasil. Não basta nossa reputação achincalhada por causa do show de horrores protagonizado pelos políticos brasileiros envolvidos em escândalos de corrupção, agora mais essa.
Mas, independentemente de tudo isso, o fato é que a chama olímpica acesa no Templo de Hera, em Olimpíada (Grécia), já está a caminho do Brasil. E, quando chegar em território nacional, no dia 3 dia maio, em Brasília, preparem-se, porque políticos, artistas e candidatos à fama travarão uma disputa verdadeiramente olímpica para chegar perto da tocha e do tal fogo sagrado. E como eu acredito na nossa capacidade de fazer trapalhadas, não duvidem se alguém não conseguir apagar a chama durante uma selfie. Será uma vergonha olímpica! 


Paulistão – Semana passada alertei aqui que o Corinthians corria risco no jogo contra o atrevido Grêmio Osasco Audax. O time treinado por Fernando Diniz demonstrou muito sangue frio ao enfrentar o Timão na arena lotada de corinthianos. Principalmente na hora das cobranças dos pênaltis. Realmente trata-se de um conjunto muito bem treinado. O Santos de Dorival Junior terá muito trabalho na decisão que começa neste domingo. Acredito que o fato de serem dois jogos beneficia o Peixe, porém eu não apostaria meu dinheiro em mais um título santista. O que tenho certeza é que serão dois ótimos jogos e com muitas emoções. Tomara o Audax não seja mais uma bolha como tantas outras que já vimos. São Caetano e Barueri comprovam o que estou dizendo.

Trecho da ciclovia na Avenida Niemeyer, que matou duas 
pessoas, reforça as dúvidas sobre a qualidade das obras 
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Cuidado Corinthians, o Audax segue sua cartilha!

Publicado em 19 de abril de 2016
Por Roberto Maia
Na primeira fase do Paulistão, o Corinthians venceu o Audax, 
em Osasco, em um jogo bonito e bem disputado 
(Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

Intruso na semifinal do Paulistão 2016, após eliminar o São Paulo com autoridade, o Grêmio Osasco Audax mostra que com seriedade e planejamento os resultados aprecem rápido. A vitória sobre o Tricolor também garantiu a vaga na série D do Campeonato Brasileiro ao clube, que é presidido por Vampeta, ídolo dos corinthianos. O time de Osasco mantém a mesma base há 5 anos – dirigentes, comissão técnica, treinador e boa parte dos jogadores – e tem tudo para ser adversário indigesto ao Corinthians no próximo sábado, 18h30, na arena de Itaquera. O modelo de gestão no futebol é o mesmo adotado pelo Timão nos últimos anos com excepcionais resultados. A diferença é que o Corinthians anualmente tem que repor seus melhores jogadores que deixam o clube ao final de cada temporada. Problema que a comissão técnica e o técnico Tite estão conseguindo resolver com bastante sucesso.

    Em 2011, o Velho Vamp encerrou a carreira de jogador de futebol no Grêmio Osasco. Sua empatia com o clube lhe garantiu um convite para treinar o time e, mais tarde, gerente de futebol até chegar à presidência do clube. O presidente remunerado cuida também de outras duas equipes em Osasco e uma no Rio de Janeiro, resultado da compra do Audax, em 2013.

    Criado em 2007 por empresários da cidade, o Grêmio Esportivo Osasco alcançou resultados meteóricos na última década. Nos primeiros cinco anos alcançou três acessos (Série B/2008, Série A3/2009 e Série A3/2012). Em 2010, tudo deu errado e o time foi rebaixado na Série A2, o que motivou uma completa reestruturação para voltar a vencer. Inclusive investindo pesado nas reformas do Estádio Municipal Prefeito José Liberatti e do seu Centro de Treinamento.

    Mas a grande revolução foi a compra do Audax (São Paulo e Rio), equipe que pertencia ao Grupo Pão de Açúcar e que conquistou o direito de disputar a elite do futebol paulista. Só para lembrar, o Audax revelou outro ídolo do Corinthians, Paulinho atualmente na China. O Osasco-Audax investe também na base, tanto que o elenco que chegou à semifinal do Paulistão tem cinco jogares formados nas divisões inferiores.


    Treinado atualmente por Fernando Diniz – que já esteve no clube no início de 2015 -, o time mostra um futebol moderno e envolvente, com muitos toques de bola que na maioria das vezes começa com o goleiro Sidão. Tudo muito parecido com o esquema tático de Tite no Corinthians. A maior diferença está na folha de pagamento. Enquanto a do alvinegro está na casa dos milhões, o Osasco-Audax gasta apenas R$ 350 mil, sendo que o maior salário é de R$ 20 mil. Portanto, sábado estarão em campo dois times que propõem o jogo e privilegiam o toque de bola. E tudo pode acontecer, menos um futebol feio.  

Ídolo do Corinthians, Vampeta é o presidente do Audax 
um dos responsáveis pela ascensão do time (Foto: audaxsp.com.br)

Alemanha dá aula de competência no futebol

Publicado em 14 de abril de 2016
Por Roberto Maia
O Bayern Munique manda seus jogos no Allianz Arena, estádio 
construído para a Copa 2006 com capacidade para 
71,1 mil espectadores (Foto: Markus Dlouhy/divulgação)

Estou há uma semana na Alemanha e a cada cidade que visito entendo porque a seleção alemã é a atual campeã mundial e que o humilhante 7 a 1 não foi por acaso. O país é extremamente organizado e nos destinos que conheci, as arenas estão em perfeito estado e com atividades que vão além do futebol.

   Comecei o meu tour pela Baviera, estado famoso pela cerveja e também do atual campeão da Bundesliga, o poderoso Bayern Munique. Por todas as partes há referências ao time comandado por Pepe Guardiola. Clube mais famoso da Alemanha e com a maior torcida, já conquistou 25 títulos do Campeonato Alemão e 17 da Copa da Alemanha. Em disputas internacionais venceu cinco taças da Liga dos Campeões da Europa, uma da UEFA, uma Recopa Europeia e uma Supercopa Europeia, além de duas Taças Intercontinentais e um Campeonato Mundial de Clubes da FIFA.

    A torcida do Bayern não é tão grande como a dos nossos principais clubes brasileiros, porém contabiliza cerca de 285 mil membros associados, o que, entre outros recursos, o torna o quarto clube mais rico do mundo e com valor estimado em 367 milhões de euros. Algo impensável no nosso futebol tupiniquim.

    Mas o apoio dos torcedores não é privilégio dos fãs do time bávaro. Em toda a Alemanha os estádios recebem grandes públicos nos jogos da Bundesliga. Na temporada 2014/15 mais uma vez o campeonato alemão obteve a maior média de público da Europa com 43,5 mil torcedores por jogo. A comparação com o Campeonato Brasileiro é até uma covardia. Em 2015, a média foi de 17 mil torcedores por jogo, sendo que Corinthians e Flamengo contribuíram muito para esse número. Os times mais populares do país tiveram público médio de 34,1 mil e 30,9 mil torcedores respectivamente. 

    Porém, apesar do poderio do Bayern Munique, o time que leva mais torcedores aos jogos é o Borussia Dortmund com média impressionante de 80,4 mil torcedores por jogo. Sim é isso mesmo, não foi um erro de digitação. Com 100% de ocupação em todos os jogos, o Borussia tem a maior média de público do mundo. Com números menores, mas maiores do que a realidade do futebol brasileiro em relação ao alemão estão o Bayern Munique (72,9 mil), Schalke 04 (61,5 mil), Hamburgo (53,2 mil), Stuttgart (50,7 mil), Borussia Moenchengladbach (50,6 mil), Hertha Berlim (50,2 mil), Colônia (48,3 mil), Eintracht Frankfurt (47,6 mil), Hannover (47,6 mil) e Werder Bremen (40,8 mil).

    O segredo? Nada de excepcional. Apenas muita organização, clubes sem dívidas e com caixa para manter elencos de primeira linha. Nos estádios o atendimento aos torcedores é total e os serviços e produtos são de primeira. Tudo isso aliado a ingressos com preços acessíveis e vendidos antecipadamente. Quem optar em comprar no dia do jogo pagará bem mais caro, isso se ainda tiver ingressos disponíveis. Ou seja, o torcedor não é explorado e é visto como um importante parceiro para as finanças dos clubes. A fidelização assegura a presença dos torcedores nos jogos e, consequentemente, uma receita adicional dentro das arenas vinda da venda de comida, bebida e produtos com a marca dos clubes. Eis a fórmula para obter lucro certo e garantido.

    Como estou observando por aqui, a Alemanha trata o futebol com muita seriedade e profissionalismo. Um jogo de futebol não é apenas um jogo de futebol. É um espetáculo de entretenimento organizado por empresas competentes e estruturadas, no caso os clubes. Enquanto isso, no Brasil, estamos caminhando para trás. Clubes cada vez mais pobres e endividados, sem nenhuma gestão profissional e sob o cabresto de entidades (federações estaduais e CBF) envolvidas em escândalos de corrupção.


    Olhando tudo isso acho até que os 7 a 1 ficou barato!

Chega de enxugar gelo! Por que não seguir o exemplo da Europa?

Publicado em 7 de abril de 2016
Por Roberto Maia
O Inglaterra reprimiu e puniu os hooligans que causavam 
muitos prejuízos e mortes por onde passavam

O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, determinou no início dessa semana que até o próximo dia 31 de dezembro, os clássicos de SP terão torcida única. Será que ele realmente pensa e acredita que a violência entre torcidas organizadas terá um fim com tal medida? Ou apenas está enviando uma mensagem à sociedade, que já está cansada de conviver com esses conflitos, de que o governo está agindo com rigor. É questionável. Até porque ele certamente não imagina como funcionam e agem as torcidas. Não sabe nem as coisas boas que elas praticam e tão pouco as maldades que são capazes de praticar.

    A decisão veio após a série de confusões ocorridas na capital paulista e na Grande São Paulo, no domingo passado, envolvendo torcedores do Corinthians e do Palmeiras. Além dos muitos danos materiais e dezenas de feridos, um senhor, que estava no lugar errado na hora errada, acabou morto por tiro. A polícia até que fez a parte que lhe cabe e prendeu cerca de 30 torcedores envolvidos nas confusões, além de apreender barras de ferro e pedaços de madeira usados nas brigas. No final da noite todos voltaram para suas casas. Ninguém ficou detido.

    O secretário também determinou que as torcidas organizadas não poderão mais utilizar nenhum símbolo ou adereço que as identifiquem nos dias de jogos. Isso quer dizer que não poderão mais levar faixas, bandeiras, camisas e instrumentos musicais aos estádios. A violência cessará por causa dessa inteligente medida? E se não acabar – e acredito que não acabará e poderá até aumentar – o policiamento não terá como identificar os brigões. Eles continuarão frequentando os estádios isso é certo. Até os que estão proibidos de entrar nas praças esportivas frequentemente postam selfies nas redes sociais assistindo aos jogos tranquilamente, como a mandar um recado para as autoridades impotentes – e incompetentes.

    De 2012 até agora já morreram cerca de uma centena de torcedores em brigas entre torcidas. E a perspectiva é que o número continuará crescendo porque não as medidas adotadas são paliativas e não resolvem. O que estamos assistindo nos últimos anos a Europa – e principalmente a Inglaterra – viveu há mais de 30 anos atrás. A violência praticada pelos hooligans – nome dado aos torcedores violentos – causou muitos prejuízos e mortes. Até que medidas eficazes e definitivas foram tomadas após a morte de 39 torcedores da Juventus, da Itália, em conflito com os fanáticos do Liverpool em jogo da Copa dos Campeões, em Bruxelas, na Bélgica. Durante cinco anos os times ingleses ficaram proibidos de participar de competições europeias.


    A “Batalha de Heysel” como ficou conhecida foi um marco. Os hooligans foram reprimidos e os que se envolviam em brigas eram presos e condenados com rigor. Nos estádios eles eram isolados em locais com grades eletrificadas e com arame farpado em cima. A mudança de comportamento passou pela construção de novos estádios e ampla reforma de outros. Os assentos individuais e numerados surgiram nessa época. Claro que apenas isso não bastava. Uma política de prevenção foi implementada. Os baderneiros passaram a ser identificados e monitorados. A Inteligência policial passou a ser a principal arma. Pouco depois, Alemanha e Espanha também seguiram o exemplo inglês. Hoje, não por coincidência, esses países realizam os campeonatos mais rentáveis do planeta.

As medidas para acabar com a violências tiveram 
início há mais de 30 anos e a inteligência policial 
foi a principal arma (Fotos: reprodução/flashbak.com)

sexta-feira, 18 de março de 2016

Fórmula 1 começa com novidades

Por Roberto Maia
Ferrari fez grandes mudanças no carro e confia na experiência 
dos seus pilotos (Foto: Studio Colombo Pirelli)
Normalmente falo sobre futebol nesse espaço. Porém, nessa semana abro uma exceção para falar a Fórmula 1 e a queda no interesse e da audiência no Brasil. A ausência de pilotos brasileiros que façam a diferença desmotivou os torcedores que acostumaram ver gênios do volante como Airton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi. Esperanças como Rubens Barrichello e Felipe Massa, infelizmente não confirmaram. Talvez porque preferiram ser coadjuvantes na Ferrari e ficarem milionários.

    Mas como a Fórmula 1 é um show, tanto que é chamada de circo, as mudanças sempre ocorrem com o objetivo de melhorar o espetáculo. Esse ano, a tentativa é fazer com que haja mais briga pela ponta e acirrar a disputa entre Mercedes e Ferrari. Também será a temporada mais longa da história da modalidade com 21 corridas.

    Novos carros e mudanças nas regras buscam aumentar a competitividade após dois anos seguidos em que a Mercedes dominou a categoria. Entre as novidades está a nova classificação, a maior liberdade na escolha dos pneus e limitações nas conversas entre engenheiros e pilotos via rádio. A maior expectativa é quanto ao novo modelo de classificação para as corridas. O novo sistema, que parece não ter agradado aos pilotos, mantém a divisão em três partes mas passará a eliminar um carro a cada 90 segundos até que a pole seja decidida nos instantes finais. No final haverá apenas dois pilotos disputando a pole.

    A temporada que começa nesse final de semana com o Grande Prêmio da Austrália e a expectativa está toda no desempenho da Ferrari. A equipe italiana fez grandes mudanças no carro e confia na experiência dos seus pilotos: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen.

    Na forte Mercedes o que os amantes do esporte querem é que a equipe não interfira tanto na disputa entre os pilotos Lewis Hamilton e Nico Rosberg.
E o que esperar da McLaren? Tudo indica que também estará mais forte. Pelo menos nos testes realizados durante a pré-temporada o carro e o motor Honda demonstraram maior resistência e rapidez. Bom para Fernando Alonso que deve estar com saudade dos pódios.

    Apesar das mudanças, os pilotos brasileiros – Felipe Massa e Felipe Nasr – devem continuar disputando posições intermediárias. Tudo indica que a audiência seguirá caindo.

LIBERTADORES – A rodada de quarta-feira foi boa para o Corinthians e ruim para o São Paulo. O empate do Tricolor com o fraco Trujillanos na Venezuela deixa o time na UTI em termos de classificação para a próxima fase. Só não foi pior porque o River Plate também empatou com o The Strongest na altitude de La Paz, na Bolívia. Essa é a pior campanha do São Paulo nessa fase da competição: uma derrota, dois empates, apenas dois pontos conquistados e dois gols marcados. O risco da eliminação precoce coloca ainda mais pressão no time comandado por Patón Bauza, que tem pela frente o Trujillanos e o River Plate, ambos no Morumbi, e o The Strongest, em La Paz. Para não depender de resultado dos adversários será necessário vencer os três jogos para chegar às oitavas de final.


O Corinthians não encontrou dificuldades para superar o Cerro Porteño na arena de Itaquera. Depois de passar por sufoco e ser derrotado em Assunção, o time venceu fácil e recuperou a liderança do Grupo 8 da Copa Libertadores. O Timão, agora com nove pontos, pode até se classificar no próximo jogo, contra o Santa Fe, em Bogotá, no dia 6 de abril. 


Ganso volta a jogar bem, fez um gol, mas 
perdeu pênalti que daria a vitória ao Tricolor 
(Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)








Lucca teve participação efetiva na vitória 
corinthiana sobre o Cerro Porteño 
(Foto: Divulgação/ Ag.Corinthians)

sexta-feira, 11 de março de 2016

Complexo de vira-lata na Libertadores

Por Roberto Maia

Palmeira foi facilmente envolvido pelo fraco Nacional em pleno 
Allianz Parque (Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras/Divulgação)

Os torcedores brasileiros aprenderam a gostar da Copa Libertadores da América. Afinal, se o seu time ganhar o troféu ele é considerado o melhor das Américas - do México à Patagônia. Será? Eu particularmente acho que essa disputa é de um nível técnico baixíssimo. No Campeonato Paulista tem times muito superiores a muitos que disputam o torneio continental. E, o mais incrível, é o desespero que se abate sobre os jogadores dos times brasileiros envolvidos na disputa. É lamentável assistir às entrevistas em que esses costumam dizer que são jogos difíceis e um empate fora de casa está de bom tamanho. Dirigentes de times campeões como o São Paulo, Corinthians, Palmeiras e outros brasileiros que disputam a Libertadores deveriam proibir comentários desse tipo.

    Aqui no Brasil temos jogadores experientes e com passagens por times da Europa. Porém, quando entram na disputa da Libertadores parecem juvenis recém saídos das categorias de base. Triste isso. Nossas equipes já entram derrotadas em campo. Como explicar o São Paulo conseguir perder no Pacaembu para o fraquíssimo The Strongest da Bolívia? Ou o Palmeiras deixar o também fraco Nacional do Uruguai se impor em pleno Allianz Parque e vencer com um jogador a menos durante todo o segundo tempo do jogo? Mesmo jogando no Paraguai, o Corinthians tinha obrigação de se impor sobre o Cerro Porteño, uma equipe inferior a muitas que disputam a Série C do Campeonato Brasileiro. Os corinthianos ainda lembram da doída eliminação para o Tolima, um outro time limitado.

    Até quando essa situação irá perdurar? Tirando equipes argentinas como o Boca Juniors e o River Plate, o restante não deveria apresentar dificuldades maiores. Perderá dinheiro quem apostar que um desses times poderá ser o campeão da América: Trujillanos, The Strongest, Nacional (URU), River Plate (URU), Independiente Del Valle, Melgar, Cerro Porteño, Cobresal e outros do mesmo nível.

    O Corinthians, recentemente, foi ao Deserto do Atacama, no Chile, para jogar contra o Cobresal. E não foi fácil chegar à vitória no último minuto do jogo. Mesmo a viagem com logística complicada, a hospedagens em um hotel feito com contêineres justificam tamanha dificuldade. Para mim, a única explicação é o medo de perder e acreditar que o adversário é forte por estar disputando a Libertadores. Complexo de vira-lata talvez explique. A expressão criada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues ao se referir ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã.

    Quando assisto aos jogos da Liga dos Campeões da Europa chego a ficar com raiva da Libertadores. E já tivemos tempo suficiente para melhorar o nível dos times e dos estádios que disputam a hegemonia das Américas. Sim, das Américas porque times mexicanos entram na disputa mas, caso vençam, não podem ir à disputa do Mundial de Clubes. Absurdo!

    Criada em 1960, a Copa Libertadores da América é o mais tradicional e importante torneio de clubes desse lado do mundo. O primeiro representante do Brasil foi o Bahia e de lá para cá, times brasileiros já levantaram a velha taça em 17 oportunidades.  

Corinthians teve dois jogadores expulsos e foi derrotado 
facilmente pelo Cerro Portenõ (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

domingo, 6 de março de 2016

Competência, trabalho e fé no comando do Corinthians

Por Roberto Maia

Mesmo em momentos de glória, Tite não esquece de agradecer

Essa semana eu pretendia escrever sobre um outro assunto. Porém, mudei de ideia e resolvi falar de um profissional do futebol que merece todo o respeito e reverências: Adenor Leonardo Bacchi, o Tite. O treinador do Corinthians evoluiu muito após um ano (2014) sabático em que não dirigiu nenhuma equipe e aproveitou para refletir e estudar o futebol moderno praticado no mundo. Após o fiasco brasileiro na Copa do Mundo Fifa, seu nome era o mais cotado para assumir a missão de reformular a Seleção Brasileira. Ele próprio aguardava o convite que nunca veio.

   Em 2015, voltou ao Corinthians. E o que ele fez e está fazendo novamente em 2016 é para ser muito bem observado e digno de aplausos. Ano passado ele remontou o time após as saídas das principais estrelas do elenco – Paolo Guerrero e Emerson Sheik, entre outros – e levou a equipe à conquista do hexacampeonato brasileiro em uma campanha histórica com três rodadas de antecedência e 12 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Atlético Mineiro.

   Este ano, após o arrastão chinês que passou pelo Parque São Jorge ninguém poderia imaginar que pudesse realizar pela segunda vez o mesmo milagre. Pode até ser que o Alvinegro nem venha a conquistar títulos, mas ele está dando mostras que ele pode sim formar um novo time em condições de disputar e ganhar as principais competições.

   É incrível o que ele está fazendo no comando do Corinthians. E não digo apenas no que diz respeito aos treinamentos e táticas de jogo. Ele está mudando velhos e ultrapassados conceitos. Em um país onde os clubes trocam de treinadores a torto e a direito, Tite já acumula 355 jogos pelo Timão em três passagens. Na primeira (2004/2005) comandou o time em 51 jogos, conquistando 24 vitórias, 15 empates e 12 derrotas. Quando voltou (no final de 2010), mudou a forma do time jogar e comandar. Mostrou aos jogadores que ninguém tinha posição garantida e a conquista da titularidade viria por merecimento e trabalho. Os resultados começaram a aparecer em 2011, com a conquista do campeonato brasileiro. Mas a consagração aconteceu em 2012. Naquele ano fantástico, Tite levou o Corinthians à conquista da Libertadores pela primeira vez na história do clube e ao bicampeonato mundial no Japão, em jogo histórico contra o Chelsea.

   Gaúcho de Caxias do Sul, Tite começou a carreira como volante no Caxias, em 1978. Depois, jogou no Esportivo de Bento Gonçalves (1984), Portuguesa (1985) e Guarani (1986 a 1988). Com apenas 28 anos foi obrigado a encerrar a carreira devido a sérias lesões nos joelhos, inclusive com ruptura de ligamento, perdendo a mobilidade de uma das pernas. Tanto que até hoje não consegue dobrar um dos joelhos. Mas se o futebol perdeu um jogador mediano ganhou um treinador em condições de conquistar os títulos que não conseguiu dentro de campo.

   A partir de 1990, treinou uma série de times do Rio Grande do Sul até que, em 2000, comandando o Caxias realizou uma campanha surpreendente no Campeonato Gaúcho que culminou com a conquista do título sobre o Grêmio, que naquela época tinha Ronaldinho Gaúcho. Tamanha vitrine o levou para o tricolor gaúcho em 2001, ano em que foi campeão do Gauchão e da Copa do Brasil sobre o Corinthians. Tite deixou seu estado natal para dirigir o São Caetano. Aqui em São Paulo chamou a atenção do Corinthians, que beirava o rebaixamento em 2004. Foi contratado e tirou o time da zona da degola e levou à quinta colocação na tabela. Em 2005, deixou o Timão ao se opor a Kia Joorabchian, diretor do Grupo de Investimento MSI que teria tentado interferir na sua maneira de comandar e escalar a equipe.

   Antes de voltar ao Corinthians treinou o Atlético Mineiro, Palmeiras, Al Ain (Emirados Árabes), Internacional e Al-Wahda (Emirados Árabes).


   Não é à toa que a cada jogo do Timão em sua arena, a torcida corinthiana vibra quando o nome de Tite aparece no telão após a escalação do time. Coisa rara, mas que reconhece uma carreira vitoriosa e extremamente profissional.

Tite comemorou muito a conquista do Mundial de Clubes no Japão e reconhece apoio da torcida ao seu trabalho; Não importa o adversário, Tite repete um ritual no vestiário antes dos jogos do Timão.

(Fotos: Ag.Corinthians/Divulgação)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Arrastão chinês está chegando ao fim

Por Roberto Maia

Maior artilheiro do país em 2015, Ricardo Oliveira está de malas prontas 
para embarcar para a China (Foto: Rafael Ribeiro/CBF/09.11.2015)
Enquanto a janela de transferências para a China não fechar – encerra amanhã, dia 26 - o estrago nos clubes brasileiros continua sendo grande. A novidade da semana são as garras chinesas em cima do centroavante do Santos e da Seleção Brasileira, Ricardo Oliveira. Segundo informações, o salário proposto ao atleta é mais um daqueles irrecusáveis: R$ 1 milhão mensais.

   Mas o camisa 9 santista tem um problema para resolver antes de bater asas rumo ao Beijing Guoan. O Comitê de Gestão que cuida do futebol do Santos pede 12 milhões de euros (cerca de R$ 53 milhões) para a liberação do seu jogador, valor menor que a multa estipulada no contrato que é de 50 milhões de euros.

   O presidente do Santos, Modesto Roma Junior, entende que o atleta de 36 anos queira muito essa transferência para fazer o pé de meia, porém não acredita que ele ficará insatisfeito no elenco em caso de insucesso na transferência. “É uma merda perder um jogador desse nível. Ele é um homem de palavra. Não é canalha. Se sair, teremos que repor e vai dar trabalho. Estipulamos o valor de 12 milhões de euros para podermos achar um substituto à altura no mercado”, disse.

   Mesmo que os chineses paguem o preço pedido, o presidente santista não ficou nada satisfeito com a forma que o Beijing Guon encaminhou o negócio. Como costumam fazer, os chineses negociaram primeiro com o jogador, acertaram o salário milionário e outros benefícios, o tempo de contrato e, depois, pedem que esse negocie a liberação com o clube – de preferência de graça. Irritado com o assédio, Modesto Roma enviou uma notificação ao clube e à FIFA.

   Ricardo Oliveira tem contrato com o Santos até dezembro de 2017 e recebe cerca de R$ 150 mil mais bônus por meta alcançada. No time chinês o contrato será de dois anos e os vencimentos são livres de impostos. Assim, pode estar chegando ao fim a história do artilheiro no time santista. Em suas duas passagens pelo Alvinegro (2003 e 2015) fez 99 jogos e 60 gols. Somente no ano passado marcou 37 vezes.

   Caso a negociação seja concluída, Ricardo Oliveira vai engrossar um pouco mais a já enorme lista de transferências de jogadores brasileiros para o exterior. Ontem, a CBF divulgou os números de negociações realizadas em 2015. Foram 1.589 entre chegadas e saídas do Brasil. Confira quais os países que mais levaram nossos jogadores: Portugal (136), Japão (44), Coreia do Sul (26), Emirados Árabes (23), Uruguai (23), Espanha (21), Estados Unidos (18), Turquia (16), Itália (15), Malta (14), Arábia Saudita (14), Índia (14), Bolívia (14), China (13), México (13), Polônia (13), Tailândia (12), Hong Kong (12), Irã (11), Áustria (11), Guatemala (10), França (10), Albânia (10), Grécia (8), Kuwait (7), Ucrânia (7), Chipre (7), Eslováquia (7), Omã (7), Romênia (6), Bahrein (6), Finlândia (5), Iraque (5), Catar (5), Alemanha (5), Nicarágua (5), Paraguai (4), Sérvia (4), Malásia (4), Inglaterra (4), El Salvador (4), Armênia (4), Colômbia (4), Azerbaijão (3), Geórgia (3), Costa Rica (3), Cazaquistão (3), Bósnia (3), Israel (3), Tunísia (3), Jordânia (3), Honduras (3), Chile (3), Bulgária (3), Rússia (2), Suécia (2), Moldávia (2), Luxemburgo (2), Macedônia (2), Dinamarca (2), Myanmar (2), República Tcheca (2), Trinidad (2), Eslovênia (2), Noruega (2), Marrocos (2), Maldivas (2), Líbano (1), Letônia (1), Estônia (1), Bélgica (1), Venezuela (1), Cingapura (1), Croácia (1), Canadá (1), Argentina (1), Argélia (1), Etiópia (1), Equador (1), Sudão (1), Peru (1) e Panamá (1).