POR
ROBERTO MAIA
FUTURO
INCERTO - Unanimidade no início do ano, Fábio Carille amarga
pior momento no
Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
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Após a derrota para o CSA na noite de
quarta-feira, recebi muitos comentários de amigos via WhatsApp revoltados com a
apatia dos jogadores do Corinthians. A maioria deles pedia a demissão do
treinador Fábio Carille, considerado o maior responsável pela fase ruim do time
que completou sete jogos sem vitória no Brasileirão 2019. O retrospecto ruim
levou o time para a sétima colocação no campeonato, correndo o risco de cair
mais uma em caso de vitória do Athlético-PR na quinta-feira.
Interessante notar que no final do ano passado a
contratação de Carille foi comemorada pelos corinthianos. Mais ainda após a conquista
do tricampeonato paulista sob o seu comando. Naquele momento não havia dúvidas
quanto à capacidade do treinador que tinha o elenco em suas mãos. A conquista
do Paulistão fez a Fiel sonhar alto quanto aos resultados ao longo de 2019.
Só que não! O time patinou e foi eliminado da Copa
do Brasil e da Copa Sul-Americana. Apesar das desclassificações para Flamengo e
Independiente del Valle, respectivamente, o time se mantinha nas primeiras
posições do Campeonato Brasileiro. Chegou a ocupar a terceira colocação, mas em
momento algum justificava em campo o bom posicionamento. Durante várias rodadas
contou com os resultados ruins dos seus perseguidores, casos de São Paulo,
Grêmio, Internacional e Bahia.
Só que a sorte não dura para sempre e o jeito de
jogar do time corinthiano seguiu o mesmo. E, pior, o setor defensivo antes
quase intransponível começou a falhar. Até o goleiro Cássio, maior ídolo dos
corinthianos nos últimos anos, falhou feio em alguns jogos.
E o que o “professor” Carille fez para mudar as coisas
e levar o time novamente para as vitórias? Arrumou desculpas e mais desculpas.
Nas coletivas criticou os jogadores. Primeiro os mais jovens, depois os
atacantes. Aliás, esse é o caminho mais rápido para um treinador perder o
comando e o respeitos dos seus jogadores. Em nenhum momento assumiu seus
próprios erros.
Em entrevista coletiva após o empate em
2 a 2 com o Athlético-PR, Carille disse que o principal problema estava no
elenco. Segundo ele, “não há jogador com ambição do gol no grupo corinthiano”.
Ao saberem do comentário do comandante, o que Vágner Love, Boselli, Gustagol,
Pedrinho e Clayson teriam pensado?
O problema maior do elenco do
Corinthians é a falta de meias criativos, que façam a bola chegar com rapidez e
qualidade aos atacantes. Na falta deles o que se vê é um interminável toque de
bola entre os zagueiros Gil e Manoel, Ralf e os laterais. Esses jogadores
muitas vezes acabam tentando o lançamento longo para os atacantes, o que não é
a função deles. Fora isso, o time tem apresentado erros de passes inadmissíveis
para jogadores profissionais que estão entre os maiores salários do futebol
brasileiro.
Até que a diretoria alvinegra tentou contratações
para melhor o desempenho. Mas priorizou quantidade ao invés de qualidade.
Contratou muitos jogadores, gastou muitos milhões e não alcançou os resultados.
Entre 2018 e 2018, foram contratados Bruno Méndez, Sornoza, Richard, Douglas, Everaldo,
Thiaguinho, André Luis, Jonathas, Boselli, Vágner Love, Ramiro, Júnior Urso, Míchel
Macedo, Mosquito, Régis, Sergio Díaz, Manoel, Danilo Avelar, Matheus Jesus, Ángelo
Araos, Juninho Capixaba, Bruno Paulo e Mateus Vital, além de trazer de volta o
Gustagol e outros jogadores que estavam emprestados.
Não teria sido melhor ficar com Romero e buscar
apenas jogadores pontuais mas que pudessem resolver o problema de falta de
criatividade do meio de campo? A comissão técnica também tem que ser cobrada.
Onde estão Emerson Sheik e Vilson que não assumem suas responsabilidades?
FIEL PREOCUPADA –
Torcedores corinthianos estão divididos entre a permanência ou não de Carille no comando do time alvinegro (Foto: Ag.Corinthians Divulgação) |
Se o Corinthians ficar fora mais uma vez da
Libertadores perderá a chance de auferir grandes arrecadações com jogos e
premiações. Pior, o clube vive uma grande crise financeira, o que faz os
torcedores temerem por um 2020 ainda pior. O treinador tem multa rescisória de
6 milhões de reais, o que também justifica a sua permanência no cargo. Mas será
que Fábio Carille está pensando apenas no seu lado financeiro? Se ele já
percebeu que perdeu o comando deveria pedir demissão para não manchar o seu
currículo. Se demorar será mandado embora com seus milhões parcelados ou
terminará na Justiça do Trabalho para receber. O jogo de domingo contra o
Flamengo pode ser a gota d’água para as pretensões do “professor” Carille no
Timão.
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO
PORTAL TRAVELPEDIA