POR ROBERTO MAIA
Momento exato em que o lateral-direito do Corinthians Rafael Ramos teria ofendido Edenilson. (Foto: Reprodução)
Um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro até
agora foi, sem dúvida, o clássico entre Internacional e Corinthians no último
domingo. Infelizmente, o confronto que terminou empatado em 2 a 2 ficou marcado
pela possível injúria racial cometida pelo lateral-direito do Timão, o
português Rafael Ramos, contra o capitão do Colorado, Edenilson.
Segundo Edenilson, o atleta do Corinthians o teria
chamado de macaco durante uma disputa de bola. E apesar da confusão que se
seguiu, nenhum jogador e nem a equipe de arbitragem testemunhou o possível
crime, que de acordo com o Código Penal brasileiro prevê pena de um a três anos
de reclusão.
Após o jogo, Edenilson inconformado com a situação
resolveu denunciar e registrou a ocorrência à autoridade policial presente à
arena colorada. Rafael Ramos, que nega a ofensa, foi preso em flagrante pelo
crime de injúria racial. Após pagar fiança estabelecida em R$ 10 mil ele foi
solto e agora responderá em liberdade.
Paralelamente, a Procuradoria da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) também irá investigar o caso. A pena para esse
delito dentro do âmbito do direito desportivo vai de cinco até dez jogos de
suspensão, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Mas nas mídias sociais e parte da imprensa, Rafael
Ramos e Edenilson já estão sendo julgados e condenados – ou cancelados como é o
termo em moda. Torcedores corinthianos e colorados estão se posicionando e condenando
os jogadores. Uns dizem que se o português foi racista tem que ser mandado
embora por justa causa pelo Corinthians e voltar para Portugal. Outros têm
certeza que Edenilson está mentindo e tentando prejudicar deliberadamente o
jogador corinthiano e o Timão. Calma, pessoal, muita calma.
Rafael Ramos nega a
acusação de Edenilson e garante que tudo não passa de mal-entendido.
(Foto:
Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
O assunto é polêmico sem dúvida e lamentável que
ainda possa acontecer em um jogo de futebol. Mas não pode ser tratado com
clubismo. Os jogadores são seres humanos e têm famílias. A Polícia Civil do Rio
Grande do Sul precisa investigar todos os dados disponíveis, peritos analisarão
as imagens e a Justiça atuar em cima de fatos concretos. Quem estiver com a
razão, independentemente da cor da camisa, deverá ser punido com rigor. Tudo
dentro da lei.
Por outro lado, passou da hora da FIFA e federações
e confederações de futebol se posicionarem a respeito do racismo dentro do
futebol. Multas de baixo valor não irão inibir a continuidade de atos racistas
mundo afora. No Brasil e em outros países da América do Sul tem sido comum nos
jogos da Libertadores, torcedores imitando macacos para ofender jogadores e
provocar adversários.
Enquanto os clubes não forem punidos com perdas de
mandos de campo, pontos e mais multas altas nada mudará. Um torcedor que
pratica atos racistas dentro de um estádio de futebol faz parte do jogo e pode
prejudicar o seu time de coração. Enquanto isso não ficar claro, nada mudará.
Basta, racismo nunca mais!
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR