Publicado no dia 26 de novembro de 2015
Por
Roberto Maia
Em
campo, o Corinthians mostrou que tem muito mais que um time.
Seu elenco “comprou” a ideia tática do treinador Tite.
O
que já era uma bola cantada se transformou em realidade. O Corinthians é o
campeão brasileiro de 2015. O título, conquistado longe da sua torcida no
acanhado estádio de São Januário frente ao agonizante Vasco da Gama, premia o
time mais bem preparado do país e revela o abismo que está se formando para as
demais grandes equipes do futebol brasileiro. O Corinthians foi campeão também
fora das quatro linhas. Qual time brasileiro teve apenas três treinadores nos
últimos oito anos? Na prática dois – Tite e Mano Menezes -, porque Adilson
Batista teve passagem relâmpago no comando do alvinegro. Durante esse mesmo
período, o grupo político que chegou ao comando do clube em 2007 – ano em que o
time caiu para a Série B do Brasileirão - fez mudanças profundas na administração.
Entre as mais significativas, alterou os estatutos que prevê alternância na
presidência a cada três anos, eleições diretas com voto dos associados,
construiu um centro de treinamento dotado de sofisticada infraestrutura e uma
arena que pode ser considerada uma das mais modernas do mundo. Os resultados
logo começaram a surgir com o Timão conquistando a Copa do Brasil (2009),
Paulistão (2009 e 2013), Brasileirão (2011), Libertadores da América (2012),
Mundial Interclubes da FIFA (2012) e Recopa Sul-Americana (2013). O
hexacampeonato deste ano é apenas mais um para coroar o êxito da administração.
Claro que a oposição
dentro do clube não está satisfeita – o que é saudável - e cobra promessas não
cumpridas. É o caso do CT da base que ainda não foi concluído. O complexo está
sendo construído ao lado do CT dos profissionais. Mesmo sem as condições ideais,
a base corinthiana vem revelando talentos. Se não gerou nenhum craque fora de
série, colocou jovens promissores na foto do título nacional. Lá estão Malcon,
Marciel, Guilherme Arana, Yago, Matheus Vidotto, Matheus Pereira, Matheus
Vargas, Rodrigo Sam, Pedro Henrique, Samuel e Gustavo Vieira.
Tudo isso aliado a um
faturamento excepcional oriundo da grande exposição na mídia e da força da
torcida, que empurra o time em campo e consume muito fora dele. A continuar
nessa toada o Corinthians tem tudo para se isolar no topo do futebol
brasileiro. Claro, se continuar determinado no planejamento desenvolvido até
aqui e não se deslumbrar com as conquistas alcançadas.
Nos últimos dias os
torcedores do Corinthians tripudiaram os rivais e principalmente os são-paulinos
por causa do humilhante 6 a 1 do último domingo. Após placar semelhante do
Barcelona em cima da Roma em jogo da Liga dos Campeões da Europa, o comentário
nas mídias sociais era de que o Barça não é isso tudo e que deveria enfrentar o
time reserva do Timão para ver o que é bom. Será?
E foi justamente no
time espanhol da Catalunha que os dirigentes alvinegros foram buscar referências
em 2007. Em novembro daquele ano, três diretores do Barcelona estiveram no
Parque São Jorge conversando com diretores e conselheiros do Timão. O encontro
era uma retribuição à visita do então diretor financeiro, Raul Corrêa da Silva
para conhecer a estrutura do clube e os projetos administrativos e de
marketing. O plano era administrar o Corinthians de uma maneira mais moderna.
Na oportunidade, os diretores do Barça apresentaram um projeto de gestão que
foi desenvolvido quando o clube estava em uma situação muito parecida com a do
Corinthians. O então presidente Andrés Sanchez usou os mesmos padrões
internacionais de gestão, apenas adaptando à realidade do futebol brasileiro.
Parece que deu certo.
A
taça do hexacampeonato veio para coroar um trabalho iniciado
em 2007 com o time
rebaixado para a Série B do Brasileirão
(Fotos:
Agência Corinthians/Divulgação)