sábado, 29 de abril de 2017

Complexo de vira-lata ou apenas saudades do Pacaembu?

POR ROBERTO MAIA

Arena do Corinthians é a mais moderna do Brasil, 
mas não agrada uma parte da torcida
Durante muitos anos os torcedores do Corinthians sofreram com as gozações dos rivais porque não tinha um estádio para chamar de seu. Desde 2014, porém, tem a arena mais moderna do Brasil – palco de jogos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos – e parece sofrer com isso. Me faz lembrar da famosa frase de Nelson Rodrigues para descrever a desastrosa derrota da seleção brasileira para o Uruguai no Maracanã, na final da Copa de 1950. Ele usou o termo “complexo de vira-lata” para descrever a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo.

Estou comentando isso porque vi muita gente opinando e até se ofendendo sobre um vídeo que repercutiu muito nas mídias sociais ao longo desta semana. No clássico de domingo passado entre Corinthians e São Paulo na arena do Timão, um torcedor que estava assistindo ao jogo em pé no setor Oeste foi retirado por policiais enquanto outros aplaudiram a ação dos PMs. Pronto, estava aberta a vervorosa discussão.

Quem está certo nessa situação? Difícil tomar partido. Primeiro porque o setor Oeste é o que tem os ingressos mais caros da arena. Quem compra um ingresso naquele local quer e paga pelo conforto. Mas o torcedor retirado também pagou. E não há lei que o obrigue a ficar sentado. No entanto tem que haver respeito e bom-senso sempre.

No setor Norte, sem cadeiras, torcedores das organizadas ficam sempre em pé
O fato ocorrido revela algo que já vem acontecendo há algum tempo nos jogos do Timão na sua casa. Torcedores pertencentes às torcidas organizadas que na grande maioria ficam no setor Norte – sem cadeiras - chamam os demais de “modinhas” e pregam ódio mortal ao que chamam de “futebol moderno”.

Entendo que não existe o tal futebol moderno, o que ocorreu foram mudanças radicais na sociedade contemporânea e no mundo nas últimas três ou quatro décadas. Quando o Corinthians quebrou o jejum de 23 anos em decisão histórica contra a Ponte Preta, em 1977, não havia internet, telefone celular, câmeras digitais, Facebook, Instagran, TV a cabo e outras tecnologias que hoje fazem parte do nosso dia a dia. 

O local do jogo era um estádio e não arena, torcedor sentava no cimento e os lugares não eram marcados. Cadeiras – de madeira - somente nas numeradas e cativas. Rojões e papeis picado eram comuns quando o time entrava em campo. Bandeiras com mastros de bambu e instrumentos musicais eram permitidos e brigas, quando haviam, eram resolvidas no braço. Mortes de torcedores baleados em emboscadas eram coisas impensáveis. 

Torcedores assistiam jogos em pé no velho Pacaembu 
O velho Pacaembu é citado pelos torcedores saudosos daqueles tempos românticos como sendo a verdadeira casa do Corinthians. Entendo, também sinto saudades, porém, renegar a arena de Itaquera, que chamam de Palácio de Mármore é de difícil compreensão. Sem entrar no mérito se a construção foi super faturada ou não – isso é uma outra história -, o fato é que os corinthianos parecem sofrer por causa da nova casa própria. Vejo muitos criticando o local e colocando defeitos. Alguns até acreditam que ela dá azar.

A arena é super moderna com itens de conforto e tecnologia à disposição. Ajustes terão que ser feitos, claro. Tudo ainda é muito novo para torcedores e dirigentes. Entendo que faltam lugares populares, um erro grave no projeto. Mas o que está feito está feito.

A torcida corinthiana é muito grande e tem representantes em todas as camadas sociais. Todos devem ser respeitados. Juntos formam o bando de loucos, tanto que ganhou merecidamente o título de fiel torcida. Com as divisões que estão acontecendo ela certamente ficará mais fraca e deixará de ser temida pelos adversários. Um torcedor não é mais torcedor que outro. Todos amam o mesmo escudo, estando no estádio no dia do jogo ou do outro lado do mundo assistindo pela internet. 

Sei que muitos leitores não vão concordar comigo, mas escrevo esse texto apenas para que pensem e reflitam. Antes que seja tarde!

Fotos: Roberto Maia

Rodrigo Caio dá exemplo de caráter e honestidade ao Brasil

POR ROBERTO MAIA

A malandragem impera no futebol e a honestidade de Rodrigo 
Caio chamou atenção (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Na história recente do Brasil a palavra ética foi relevada ao último plano. Apenas mais um substantivo feminino que define um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo ou de uma sociedade. A palavra vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao "bom costume", "costume superior" ou "portador de caráter". A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Mas não é de hoje que a regra dominante no País é a antiga “Lei de Gerson”, onde o importante é levar vantagem. E quanto mais melhor. A Lava Jato está aí mostrando a abrangência dessa triste constatação.

Pelo título deste artigo você já entendeu porque estou falando de ética nesse espaço dedicado ao futebol. Rodrigo Caio, o jovem zagueiro do São Paulo deu a toda a sociedade brasileira um exemplo gigantesco de que nem tudo está perdido e que é sim possível sonharmos com dias melhores.

No campo esportivo o que o atleta fez é chamado de fair play – jogo limpo em livre tradução. O que deveria ser a regra é na verdade uma exceção no futebol. Infelizmente. Caso ele tivesse agido como a maioria dos seus companheiros de profissão, ninguém estaria comentando o lance acontecido durante o primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista, vencido pelo Corinthians no dia 16, no estádio do Morumbi. 

Maicon não concordou com fair play que deu condições 
para Jô jogar o clássico (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

Na jogada, o atacante corinthiano Jô disputou uma bola com o zagueiro e o goleiro Renan Ribeiro do Tricolor, que acabou recebendo um pisão do próprio companheiro. Entendendo que a falta teria sido cometida pelo centroavante alvinegro, o árbitro do jogo, Luiz Flávio de Oliveira, mostrou o cartão amarelo para Jô. E para surpresa de todos, Rodrigo Caio prontamente admitiu ser o responsável pelo lance. Na sequência, o juiz anulou o cartão dado ao avante corinthiano, que estava pendurado e estaria impedido de atuar no jogo da volta, no domingo seguinte na Arena Corinthians.

A atitude de Rodrigo Caio impressionou. Até porque estamos acostumados com a malandragem no futebol, onde o que importa é prejudicar o adversário e conseguir alguma vantagem. Mesmo que para isso seja necessário fingir, simular, mentir etc. Humilde e mostrando firmeza de caráter, o zagueiro disse que não fez nada demais, apenas o que deveria fazer. Fez muito, deu grande exemplo.

Mas se o gesto de honestidade foi exaltado pela imprensa e por torcedores do Brasil inteiro, o mesmo não aconteceu dentro do seu próprio ambiente de trabalho. Logo após o jogo o seu companheiro de zaga, Maicon, concedeu entrevista onde deixou claro que não aprovava a atitude de Rodrigo Caio, embora não o tenha recriminado. Na contramão do correto, afirmou que “prefere a mãe do adversário chorando do que a sua”.

Fontes ligadas ao Tricolor garantem que Rodrigo Caio foi alvo de cobranças no vestiário por companheiros e também pelo treinador Rogério Ceni. Em entrevista coletiva após o jogo, Ceni, de cara fechada, elogiou a atitude, mas não a exaltou. E ainda foi irônico ao afirmar que seu jogador fez “o que todos fazem”.

A torcida são-paulina também não apoiou a atitude de fair play e criticou muito o atleta nas mídias sociais. O São Paulo não conseguiu reverter o resultado, foi eliminado e Jô marcou novamente. A situação pode ficar ainda pior e comprometer a continuidade de Rodrigo Caio no Tricolor. O que seria lamentável.


O que tem que ficar claro é que o São Paulo foi eliminado não por culpa da atitude nobre de Rodrigo Caio e sim por deficiência técnica da equipe como um todo. Que a atitude do garoto seja sempre lembrada e seja exemplo a ser seguido para que tenhamos um futebol melhor. E um Brasil melhor por que não?

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Abril decisivo para o Trio de Ferro paulista

POR ROBERTO MAIA

Kazin, o “gringo da favela”, retorna após contusão e é esperança 
de gols no Corinthians (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

Palmeira, São Paulo e Corinthians têm pela frente um mês de abril que pode levar ao céu ou ao inferno. O “Trio de Ferro” de São Paulo realiza jogos decisivos pelo Paulistão e também pela Libertadores (Palmeiras). Corinthians e São Paulo disputam a Sul-Americana e os mata-mata na Copa do Brasil.

Na semifinal do Paulistão, o Tricolor enfrenta o Timão. O primeiro jogo será no Morumbi no próximo domingo. O jogo de volta acontece no final de semana seguinte em Itaquera. Para passar à final, o São Paulo terá que quebrar um incomodo tabu: não vence um clássico em mata-mata há 13 jogos (nove anos). Durante esse período acumula 12 derrotas e apenas um empate.

O outro confronto coloca frente a frente o poderoso Palmeiras e a surpreendente Ponte Preta, que eliminou o Santos no início da semana. O primeiro jogo será em Campinas e o segundo no Allianz Parque.

Sob o comando de Rogério Ceni o time perde menos 
faz mais gols (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

São Paulo – Comandado por Rogério Ceni, o Tricolor paulista tem mostrado muito apetite para fazer gols mais ainda mostra fragilidade no setor defensivo. Nos jogos disputados até agora perdeu pouco, goleou adversários mais fracos e perdeu clássicos para Corinthians e Palmeiras.

O jovem Pedrinho tem o apoio da torcida e também do 
treinador Fábio  Carille (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

Corinthians - O Timão, considerado pela imprensa esportiva como a quarta força do futebol paulista chega com um futebol instável e de poucos gols. Em compensação também sofre poucos gols. A esperança da torcida e também do treinador Fábio Carille são os garotos que vieram da base do clube. Principalmente o jovem Pedrinho de apenas 17 anos.

O Papa Francisco recebeu e abençoou a camisa do Palmeiras 
personalizada (Foto: Palmeiras/Twitter/Reprodução) 

Palmeiras – Não bastasse ser considerado favorito para conquistar títulos esse ano, o Verdão vai se garantindo como pode. Na manhã desta quarta-feira, o clube postou no Twitter uma foto do Papa Francisco recebendo uma camisa do clube no Vaticano. A camisa personalizada com o nome do pontífice e com o número 33 – que era usado Gabriel Jesus – nas costas, tem também uma imagem de seu rosto no peito. O manto palmeirense foi entregue durante a tradicional audiência de Páscoa, realizada na Basílica de São Pedro.

O veto que impõe torcida única nos clássicos não atinge os 
torcedores da Ponte Preta (Foto: PontePress/FábioLeoni)

Torcida única - No Campeonato Paulista os presidentes dos três clubes manifestaram de forma tímida o desejo de ter torcedores em todos os jogos das fases semifinal e final. Mas, se depender do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Militar os jogos continuarão tendo torcida única nos clássicos na capital. O time campeão do Paulistão poderá não ter torcedores para comemorar o título no estádio. É a falência total do futebol. O Estado e os torcedores de bem foram derrotados. Triste demais! 

Atingido por estilhaços, Marc Bartra foi operado e agradeceu 
apoio através das mídias sociais (Foto: Instagram/Reprodução)

Ataque terrorista – O terrorismo não tem limites. Eventos esportivos viraram alvos pela grande concentração de pessoas. O mais recente foi o ataque com explosivos contra o ônibus do Borussia Dortmund, na última terça-feira quando o veículo se dirigia para a arena onde o time alemão enfrentaria o Monaco, no primeiro jogo das quartas de final da Liga dos Campeões. O zagueiro Marc Bartra, atingido por estilhaços no braço direito, teve ferimentos leves e foi operado com sucesso. Lamentável!

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Cenas de civilidade e selvageria no futebol

POR ROBERTO MAIA

Torcedores da Chape homenagearam os colombianos no jogo com
o Atlético Nacional (Foto: Sirli Freitas/Chapecoense/Divulgação)

Fato marcante nessa semana foi o jogo entre Chapecoense e Atlético Nacional da Colômbia, na Arena Condá, em Chapecó (SC). Antes do início da partida válida pela Recopa Sul-Americana foram realizadas uma série de homenagens e demonstrações de gratidão ao time colombiano, que abriu mão de disputar o título da Copa Sul-Americana após o trágico acidente aéreo com a equipe catarinense que vitimou 71 pessoas há pouco mais de quatro meses. A Chapecoense ficou com o título e a atitude do Atlético Nacional foi algo fora do comum no futebol mundial.
O jogo foi realizado na Arena Condá após um pedido do clube colombiano. As regras da Conmebol impedem a disputa de um jogo decisivo em um estádio com capacidade menor de 40 mil torcedores.

Antes da bola rolar, torcedores da Chapecoense realizaram caminhada do centro da cidade até a arena, que foi abraçada. Houve discursos dos dirigentes dos dois times e homenagens aos colombianos. Quatro dos seis sobreviventes do acidente – o jornalista Rafael Henzel e os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Neto - entraram de mãos dadas e fizeram discursos de agradecimento. Bandeiras gigantes dos dois times foram abertas no gramado.

Rafael Henzel, Alan Ruschel, Jackson Follmann e Neto, 
sobreviventes da tragédia, fizeram discursos de agradecimento 
(Foto: Sirli Freitas/Chapecoense/Divulgação)

No jogo, a Chapecoense venceu o Atlético Nacional por 2 a 1. Certamente os torcedores de Chapecó serão acolhidos com o mesmo carinho na partida da volta, dia 10 de maio, no estádio Atanásio Girardot, em Medellín. Um exemplo que deveria atingir os corações e as mentes dos torcedores de todo o mundo. Só que não!

Dois dias depois do jogo da gratidão, em Chapecó, o Corinthians recebeu o Universidad do Chile em sua arena em Itaquera em jogo válido pela Copa Sul-Americana. E o que se viu foi um show de selvageria da torcida chilena. Mesmo antes do jogo começar os violentos torcedores depredaram a bilheteria do setor de visitantes, destruíram uma grade, uma tenda no acesso à arquibancada, banheiros e mais de 200 cadeiras.

O Corinthians anunciou que irá cobrar a La U pelos danos causados no estádio. Também deverá enviar um dossiê à Conmebol relatando os fatos lamentáveis ocorridos.  

Torcedores da Universidad do Chile depredaram o setor de 
visitantes da Arena Corinthians e mais de 200 cadeiras 

Mesmo isolados em um dos cantos da arena, os chilenos arremessavam os pedaços das cadeiras quebradas em direção à torcida do Corinthians e também aos policiais militares. Segundo a PM, a confusão teria tido início quando os chilenos tiveram apreendidos alguns sinalizadores e detido alguns torcedores. Em seguida, um grande grupo teria cercado os policiais na tentativa de resgatar os presos. Nesse momento teve início o confronto com a PM, que distribui cacetadas e tirou do local a maioria dos torcedores, deixando apenas os que foram considerados mais tranquilos. O saldo da confusão foi 26 torcedores chilenos presos e levados à delegacia na Ponte Rasa, próxima à arena.

Agora fico imaginando o que se passa na cabeça do promotor de justiça Paulo Castilho, autor da medida que impõe torcida única em São Paulo. Irá ele pedir à Conmebol a imposição de torcida única também nos jogos entre times da América do Sul? Claro que não, afinal essa é uma atitude que não está dentro das suas competências. Torcida única apenas mascara e empurra para longe dos estádios a violência dos torcedores.


E, diferentemente dos torcedores da Chapecoense que serão bem recebidos em Medellín, os corinthianos provavelmente serão recepcionados com violência em Santiago no jogo de volta, em maio. E, pior, podem querer “devolver” a depredação da sua arena com novas cenas lamentáveis para o futebol. E o ciclo vicioso continuará. Até quando?


quinta-feira, 6 de abril de 2017

O Brasil está na Copa da Rússia. Olê, olê, olê, Tite, Tite!

Por Roberto Maia

Mesmo em momentos de glória, Tite olha para o céu 
para agradecer (Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação)

Há exatamente um ano atrás usei esse espaço para falar do competente treinador Adenor Leonardo Bacchi, o Tite. Na época, ele era o comandante do Corinthians e ainda saboreava o título do Brasileirão conquistado em dezembro de 2015. Naquele momento, Tite era quase uma entidade sagrada para os fanáticos corinthianos. Certo que também era admirado pelos demais torcedores, porém sem muita euforia.

Ao deixar o Corinthians para dirigir a Seleção Brasileira, levando boa parte da vitoriosa comissão técnica alvinegra, pensei que Tite passaria a ser visto como um traidor para a Fiel. Engano meu. Apesar do prejuízo que ele causou ao clube naquele momento, os torcedores sentiram-se orgulhosos de estar “emprestando” o seu treinador para salvar a Seleção. E até hoje reconhecem que ele foi o principal responsável pelas maiores conquistas da história do clube – Libertadores, Mundial de Clubes e Recopa.

E ele fez o que se esperava dele. Salvou a Seleção Brasileira que mergulhou no fundo do poço após a derrota para a Alemanha por 7 a 1 na Copa realizada no Brasil. E corria o risco de nem se classificar para o Mundial da Rússia em 2018. Isso sem falar que nenhuma outra seleção respeitava mais a nossa camisa canarinho que tanto assustava no passado. No comando do selecionado conquistou oito vitórias em oito jogos das eliminatórias da América do Sul. Um recorde. E faltando ainda vários jogos já estamos matematicamente classificados para a Copa do ano que vem.

Por tudo isso, Tite hoje é um herói nacional e idolatrado por onde passa aos gritos de olê, olê, olê, Tite, Tite! Quem poderia imaginar ver isso algum dia? Entre os treinadores da Seleção que eu vi, apenas Telê Santana se aproximou desse respeito, mas não obteve a mesma idolatria. Enquanto Telê foi o técnico em duas Copas (1982 e 1986), Tite ainda nem chegou à sua primeira. Sem dúvida um fenômeno!

Tite ganhou o reconhecimento da Fiel Torcida após conquista 
do Mundial de Clubes (Foto: Ag.Corinthians/Divulgação)

O ex-treinador do Corinthians evoluiu muito após o ano (2014) sabático em que não dirigiu nenhuma equipe e aproveitou para refletir e estudar o futebol moderno praticado no mundo. Em 2015, voltou ao Timão para remontar o time após as saídas das principais estrelas do elenco – Paolo Guerrero e Emerson Sheik, entre outros – e levou a equipe à conquista do hexacampeonato brasileiro em uma campanha histórica com três rodadas de antecedência e 12 pontos de vantagem para o segundo colocado.

Incrível o que ele fez no comando do Corinthians. Mudou velhos e ultrapassados conceitos. Também mudou a forma do time jogar. Mostrou aos jogadores que ninguém tinha posição garantida e a conquista da titularidade viria por merecimento e trabalho. Exatamente o que está fazendo agora na Seleção. Além dos conhecimentos táticos e técnicos, Tite é acima de tudo um excelente gestor de pessoas. E não é fácil gerir jovens ídolos consagrados e milionários.

Mas a vida de Tite nunca foi fácil. O gaúcho de Caxias do Sul foi jogador profissional e começou a carreira como volante no Caxias, em 1978. Depois, jogou no Esportivo de Bento Gonçalves (1984), Portuguesa (1985) e Guarani (1986 a 1988). Com apenas 28 anos foi obrigado a encerrar a carreira devido a sérias lesões nos joelhos, inclusive com ruptura de ligamento. Mas se o futebol perdeu um jogador mediano ganhou um treinador em condições de conquistar os títulos que não conseguiu dentro de campo.

Tite conseguiu o recorde de sete vitórias seguidas e classificou 
o Brasil para o Mundial de 2018 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Treinador desde 1990, passou por uma série de times do Rio Grande do Sul até chegar a São Paulo para dirigir o São Caetano, em 2001. A maior visibilidade chamou a atenção do Corinthians, que beirava o rebaixamento em 2004. Foi contratado e tirou o time da zona da degola e levou à quinta colocação na tabela. Em 2005, deixou o Timão ao se opor a Kia Joorabchian, diretor da MSI, que teria tentado interferir na sua maneira de comandar e escalar a equipe. Treinou o Atlético Mineiro, Palmeiras, Al Ain (Emirados Árabes), Internacional e Al-Wahda (Emirados Árabes) antes de retornar ao Timão. A partir daí todo mundo já sabe o que aconteceu. 

Por tudo isso, hoje Tite é ídolo nacional e reverenciado pelo que está fazendo e por sua trajetória vitoriosa e extremamente profissional.