sábado, 30 de julho de 2022

Vitor Pereira e Fernando Diniz são destaques do primeiro turno do Brasileirão

 POR ROBERTO MAIA

Para manter o Corinthians competitivo, Vitor Pereira faz revezamento de jogadores nunca visto no Brasil.
(Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

O primeiro turno do Brasileirão chegou ao final com o Palmeiras na liderança. Até aí nenhuma surpresa, visto que o Verdão é atualmente o melhor time do futebol nacional.

Surpresas para mim são o Flamengo e o Atlético-MG, os outros dois times considerados favoritos ao título pelo histórico apresentado em 2021. Mas, diferentemente do Palmeiras, que manteve seu treinador Abel Ferreira, o Galo e o Mengão trocaram o comando técnico e não foram felizes.

Na minha opinião, os destaques do primeiro turno do Campeonato Brasileiro foram os treinadores Vitor Pereira do Corinthians e Fernando Diniz do Fluminense. O português do Timão tirou “leite de pedra” como dizem e mantém o Alvinegro vivo na Libertadores, Copa do Brasil e na segunda colocação do Brasileirão. Já Diniz fez o Tricolor carioca jogar forma vistosa e eficiente e em uma arrancada incrível já é o terceiro colocado.

Há alguns meses eu já havia utilizado esse espaço para falar de Diniz, que na ocasião estava desempregado. Em 2020, o treinador fez um excelente trabalho no comando do São Paulo. Sob seu comando o Tricolor realizou apresentações em que mostrou futebol arrojado e de intensidade. Porém, após fase ruim marcada pela ausência de jogadores importantes, ficou seis jogos sem vencer no Brasileirão daquele ano. Favorito ao título, o time perdeu a liderança e como sempre acontece no Brasil, o treinador foi demitido.

Fernando Diniz é um treinador que exige muito empenho dos jogadores nos treinamentos e nos  jogos. 
(Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)

Apesar do jogo vistoso, o trabalho de Diniz ainda não foi coroado com a conquista de campeonatos importantes. Ele tem uma visão do jogo diferente da maioria dos técnicos, que privilegiam a defesa e jogam no erro do adversário. Os times comandados por ele querem ter a posse de bola e sair jogando desde o seu goleiro. Evitam os chutões desnecessários dos zagueiros e têm transição rápida ao ataque.

No Fluminense os jogadores parecem ter comprado a ideia de Diniz e estão se entregando em campo. Inclusive Paulo Henrique Ganso, considerado atleta com ótimo nível técnico, mas que não era afeito a ajudar na marcação e muitas vezes lento na transição. Até ele se enquadrou e hoje é o maestro e comandante do time dentro de campo.

Já o treinador corinthiano virou o novo ídolo da fanática fiel torcida. E não é para menos. Dono de um ótimo currículo com conquistas internacionais, Vitor Pereira chegou ao Corinthians dizendo que seus times jogam com muita intensidade o tempo todo.

"Há qualidade técnica no elenco. Vamos pensar na intensidade, pois temos jogadores experientes. Minha carreira toda foi projetando uma metodologia de treino e um modelo de jogo", disse em sua primeira entrevista coletiva como técnico do Corinthians.

Mas VP também ressaltou que temia não conseguir por causa dos vários jogadores acima dos 30 anos no elenco do Timão. E ele estava certo. O time também tinha muitos meias e poucos atacantes. Alguns com elevada qualidade técnica e outros jovens em início de carreira. Disputando três competições simultaneamente vários jogadores se contundiram, desfalcando o time por vários jogos. A alternativa foi mudar os planos alternando esquemas táticos e recorrerendo aos “miúdos”, os garotos revelados pela base corinthiana.

A torcida, claro, queria ver todos os medalhões em campo e jogando juntos. Impossível, segundo Vitor Pereira, que deu início a um revezamento de jogadores nunca visto no Brasil anteriormente. Jovens foram alçados ao time principal e jogadores experientes como Jô, que estava visivelmente acima do peso, e Luan foram afastados. Atletas como Mantuan, Adson, Lucas Piton, Raul Gustavo, João Vitor, Giovani, Xavier, Gustavo Mosquito, Robert Renan, Felipe, Wesley, Mateus Donelli, Carlos Miguel, Biro e principalmente Du Queiroz, viraram protagonistas e estão dando conta do recado.

Torço para que trabalhos como os de Fernando Diniz e Vitor Pereira sejam vitoriosos. Tal como o de Abel Ferreira foi até o momento à frendo do Palmeiras. O futebol agradece!

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sábado, 16 de julho de 2022

Grandes marcas evitam patrocinar clubes brasileiros

 POR ROBERTO MAIA

Messi, Neymar, Mbappé, Sérgio Ramos e Marquinhos exibem a marca da Qatar Airways na camisa do Paris Saint-Germain. (Foto: Qatar Airways/divulgação)

No Brasil as grandes empresas estão evitando parcerias com os clubes que disputam o Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Visibilidade é o que não falta. Mas, mesmo assim, as camisas dos times brasileiros viraram outdoors de marcas desconhecidas, de pequenas empresas, de jogos online e de aventureiros que querem apenas visibilidade rápida para empreenderem outros negócios.

Triste realidade quando comparamos com os grandes clubes da Europa e seus patrocinadores. Exemplo disso é o megapatrocínio firmado recentemente pelo Paris Saint-Germai. A companhia aérea Qatar Airways foi anunciada como a nova patrocinadora máster das camisas dos campeões franceses.

Segundo a companhia aérea do Catar, o PSG vai desempenhar um papel importante no extenso portfólio de patrocínios da Qatar Airways, conectando e engajando a marca com os milhões de fãs do clube em todo o mundo, bem como proporcionar experiências únicas para os membros do Privilege Club – que se tornarão o Programa Oficial de Passageiro Frequente do time francês.

Além disso, a Qatar Airways Holidays oferecerá pacotes oficiais de viagens para torcedores do Paris Saint-Germain, levando entusiastas do futebol de todo o mundo para Paris, para aproveitar a cidade e ver alguns dos melhores jogadores do futebol do mundo - Kylian Mbappé, Lionel Messi, Neymar Jr., Sérgio Ramos e Marquinhos entre outros. Os pacotes incluem voos de volta, acomodação e ingressos para os jogos.

E tem mais. O Aeroporto Internacional de Hamad, em Doha, eleito o Aeroporto do Ano pela segunda vez consecutiva, e o Qatar Duty Free serão o Aeroporto Oficial e o Duty Free Oficial, respectivamente, do PSG. O Duty Free também expandirá a loja oficial do clube no aeroporto para oferecer aos fãs a oportunidade de garantir uma ampla variedade de mercadorias oficiais.

Nos últimos três anos o logo do programa de fidelidade ALL – Accor Live Limitless foi exibida na camisa do PSG. (Foto: Site Oficial PSG/ psg.fr)

Além da Qatar Airways, outra empresa global segue parceira do Paris Saint-Germain. É a rede hoteleira Accor, que nos últimos três anos foi a patrocinadora oficial das camisas do clube de Paris. Agora, com um formato diferente, irá promover pelos próximos quatro anos o seu programa de fidelidade lifestyle. Assim, a marca estará na manga da camisa de treino do PSG. O foco principal será usar os ativos do Paris Saint-Germain para oferecer experiências únicas aos membros ALL – Accor Live Limitless em todo o mundo.

Ao longo dos últimos três anos, os membros se beneficiaram de oportunidades exclusivas para conhecer os jogadores mais importantes, do PSG. Puderam assistir jogos em casa com eles a discutir o mundo esportivo enquanto desfrutavam de uma atividade de lazer diferente como ioga, kart ou música, juntos. E, ainda, ganhavam uma camisa do seu jogador favorito.

Tudo isso é possível porque o Paris Saint-Germain é um clube global que transcende o esporte e incorpora também o universo do entretenimento e da moda para se posicionar como uma marca líder em esportes e estilo de vida.

Patrocinadores fortes e ativações como as descritas acima nós não vemos no futebol brasileiro. A explicação está nos modelos de gestão dos clubes que ainda beiram o amadorismo.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 8 de julho de 2022

A noite em que o Corinthians eliminou o Boca em La Bombonera

 POR TABATHA MAIA

Cássio e Gil foram os heróis corinthianos na noite épica em que o Corinthians eliminou o Boca Juniors em La Bombonera. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Foi uma semana de um jogo para o outro. Uma semana de apreensão para a torcida corinthiana e opiniões de que o Corinthians não tinha chance alguma de passar pelo Boca Juniors, em La Bombonera, e seguir às quartas de final da Libertadores.

Claro que o primeiro jogo, na Neo Química Arena, não foi dos melhores, mas pelo menos o Timão conseguiu garantir o empate sem gols, mesmo após o pênalti desperdiçado por Roger Guedes. Já Fiel Torcida como já era de se esperar fez a sua parte, colocando 45 mil torcedores em Itaquera e outros 2,5 mil bravos guerreiros em Buenos Aires.

Durante essa semana, a opinião de um jornalista esportivo me chamou muita atenção, e de certa forma me deixou revoltada, até porque ler, como corintiana apaixonada que sou, que meu time não deveria sequer viajar para evitar uma humilhação, me deixou sem palavras. De verdade mesmo! O Corinthians pode até não ter um elenco de craques e não estar apresentando um futebol primoroso, mas, nunca, eu disse NUNCA, deve ser menosprezado nesse nível. Queria ver a cara dele hoje!

O jogo de terça-feira foi épico. Tal como foi há 10 anos atrás aquele 4 de julho inesquecível, quando o Timão conquistou a América. Apesar da fé incondicional dos corinthianos, a crítica insistia em colocar como muito improvável a vitória do Corinthians. Enquetes apontavam a vitória do Boca Juniors, eu até tentei entender essas pessoas, mas como corinthiana não aceitava essa possibilidade. E, como sempre, o amor falou mais alto, bem mais alto!

Também entendi que nenhum outro time brasileiro, além do Santos de Pelé em 1963, tinha desclassificado o Boca em um jogo de Libertadores no caldeirão de La Bombonera. Sim, os xeinezes eram favoritos. Mas não imbatíveis!

Os dias que antecederam o jogo foram de muita apreensão. O Corinthians viajou para Buenos Aires desfalcado. O Timão tinha 10 jogadores lesionados. Nunca vi isso na minha vida. Fagner, como você faz falta. E o William, que carregou o time no último duelo e até tentou continuar no jogo após ter deslocado o ombro. Mas, mesmo sentindo muitas dores embarcou com a equipe e se colocou à disposição e se fosse preciso iria para o sacrifício. Até o Paulinho, que se recupera da cirurgia que reconstruiu os ligamentos do joelho, esteve presente junto com a delegação dando força aos jovens que tiveram que assumir a responsabilidade de honrar a camisa corinthiana. É isso, para jogar no Corinthians tem que ter acima de tudo amor e respeito à camisa.

Admito que o primeiro tempo foi bem feinho, muitos passes errados, o Corinthians não conseguia chegar no ataque. Foram 11 finalizações do Boca contra apenas uma do Corinthians. O Alvinegro foi dominado e muito pressionado em um estádio com quase 50 mil torcedores do time rival. Mas os corintianos estavam lá presentes e não pararam de empurrar o time em nenhum instante.

O goleiro Cássio defendeu dois pênaltis e colocou o Timão nas quartas de final da Libertadores. (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)


Aqui no Brasil a Fiel estabeleceu uma corrente de fé e esperança que estava no coração de todos. A energia estava tão forte que pode ter afetado o Darío Benedetto, que chutou na trave um pênalti ainda no primeiro tempo. Se isso é possível não sei, mas a noite definitivamente não era dele. O sucesso da noite fria da capital argentina estava reservado para outra pessoa, que atende pelo nome de Cássio Roberto Ramos, ou apenas Cássio. O maior goleiro da história do Corinthians, sem sombra de dúvidas.

Cássio, que foi muito questionado no início do ano e até ameaçado por alguns idiotas, foi o grande responsável por segurar o empate. Fez importantes defesas e como líder do time e capitão, deu puxões de orelha nos colegas para manterem a concentração. O Gigante entrou em campo com amor e segurança. Sem medo da pressão dos torcedores do Boca e sem pensar no favoritismo do rival. Jogou como se estivesse em Itaquera ou no Pacaembu há 10 anos atrás. E fez a alegria de milhões de corintianos. Nas cobranças de pênaltis fez duas defesas extraordinárias. E, como não poderia ser diferente, foi apontado pela crítica e internautas nas mídias sociais como o melhor jogador do Corinthians no jogo.

Já o Benedetto não teve a mesma sorte e está sendo apontado como o grande vilão e responsável pela desclassificação do Boca. Até a página oficial do Timão fez uma montagem colocando o jogador como sócio da Gaviões da Fiel, principal torcida do time.

Voltando ao início do texto, lembram do jornalista esportivo que citei lá no começo? Então, ele não comentou sobre a bobagem que disse, mas colocou o centroavante do Boca como o grande herói corinthiano no jogo. Bobinho, não sabe o que é o Corinthians!

TABATHA MAIA É JORNALISTA NA ÁREA DE ENTRETENIMENTO, CORINTHIANA APAIXONADA E COLABORADORA DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sábado, 2 de julho de 2022

Mistério envolve a carreira de Luan no Corinthians

 POR ROBERTO MAIA

Quando conquistou a Libertadores de 2017 com o Grêmio, Luan foi considerado o melhor jogador das Américas. (Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)

O Corinthians está bem vivo nas três competições em que está participando – Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Apesar do elenco bastante limitado e dos vários casos de lesões de alguns dos principais jogadores. O treinador Vítor Pereira tem sofrido bastante para escalar times competitivos por causa dos desfalques.

E nem assim o meia Luan aparece entre os relacionados. A última vez que entrou em campo foi em 19 de fevereiro, em jogo contra o Botafogo-SP, ainda na primeira fase do Paulistão. Há mais de quatro meses sem jogar, está praticamente encostado apesar de continuar treinando normalmente junto com os demais atletas.

Diretores já não escondem que estão torcendo para que haja o interesse de algum clube nessa janela de transferências. Anteriormente, Bahia, Sport e Atlético-GO demonstraram interesse em ter Luan por empréstimo – com o Corinthians pagando a maior parte do salário –, mas o jogador não aceitou sair.

Que estranho mistério é esse que envolve a carreira de Luan, que aos 29 anos de idade deveria estar no seu auge técnico? Principal contratação do Timão em dezembro de 2019, o atleta chegou como o craque que comandaria o time em campo. E o seu currículo no Grêmio o credenciava para isso. No tricolor gaúcho ele foi eleito, inclusive, o Rei da América na conquista da Copa Libertadores de 2017. O Alvinegro investiu quase R$ 29 milhões para comprar 50% do seu passe. Ele tem contrato até o final de 2023 e recebe um salário estimado em mais de R$ 700 mil mensais.

Principal contratação para a temporada de 2020, Luan chegou com status de craque para comandar o Timão em campo. (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)

Desde que o técnico Vitor Pereira assumiu, Luan nunca mais entrou em campo. Ficou na reserva em alguns jogos, foi cortado em outros e depois nem relacionado foi mais. Em entrevistas coletivas o português já disse que não desiste de nenhum jogador e que depende apenas dele se adaptar às suas exigências táticas.

Segundo Vitor Pereira, Luan já esteve três vezes para ser escalado, e no último momento, queixou-se de um desconforto e foi para o departamento médico. “Era para ele vir, só que no último treino, queixou-se de um problema e foi para o departamento médico. Isso aconteceu três vezes", disse.

Estaria Luan dando o famoso “migué”, que é quando um jogador diz estar sentindo alguma dor apenas para não jogar? E por que estaria fazendo isso? Difícil entender o que se passa na cabeça do jogador. Segundo o Corinthians, Luan não tem nenhum problema muscular ou de lesão.

Muita gente questiona se ele não estaria sofrendo de depressão ou outro problema psicológico como a síndrome da auto-sabotagem, por exemplo. Pouco conhecida no passado, essa doença induz as pessoas a acreditarem que o fracasso será inevitável em sua vida. O distúrbio faz com que elas sabotem suas próprias conquistas, criando mecanismos para fugir de situações em que não se sintam seguras para desempenhar. O consultor médico do Corinthians, Joaquim Grava, chegou a propor ajuda psicológica a Luan, que não aceitou.

Quando chegou ao Corinthians, Luan se declarou torcedor do clube o que, provavelmente, aumentou a sua responsabilidade no clube e perante a torcida. No mundo do futebol é comum a afirmação de que a “camisa pesou” para alguns jogadores. Afinal, estaria Luan doente ou simplesmente a camisa do Corinthians ficou muito “pesada” para ele? O futuro dirá.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR