POR
ROBERTO MAIA
Também
com excesso de jogos, Corinthians mostra desempenho
incomum na temporada (Foto:
Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians)
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Nessa altura do ano é comum alguns técnicos de times
grandes reclamarem do excesso de jogos e da falta de tempo para treinamento. No
início da temporada o discurso era outro. Elogiavam suas diretorias e os seus
elencos, garantindo aos torcedores que teriam todas as condições de enfrentar
os vários campeonatos que teriam pela frente. Tal como seus treinadores, alguns
dirigentes também já reclamam do calendário inchado. Porém, foram eles que
aceitaram a empreitada, de olho apenas no dinheiro que poderia render aos seus clubes
e não reforçaram suficientemente seus elencos.
Os mandatários dos principais clubes brasileiros aceitam
tudo o que confederações, federações e a Rede Globo impõem a eles. Não é
possível que sejam tão burros e capazes de imaginar que com seus elencos
limitados poderão fazer frente a tantas taças em disputa. Não bastassem os
campeonatos estaduais, o Brasileirão, a Copa do Brasil, a Libertadores e a
Sul-Americana, alguns clubes ainda participam da Primeira Liga e da Copa do
Nordeste. Sem falar do torneio Florida Cup (Corinthians, São Paulo e Bahia) e a
Recopa (Chapecoense).
Disputando simultaneamente cinco campeonatos e tendo
que percorrer longas distâncias dentro do Brasil e da América do Sul, claro que
sobra muito pouco tempo para treinar. Para fazer frente a essa maratona seriam
necessários elencos grandes e fortes, bem como times distintos para cada uma
das disputas. O que não ocorre. Seja por falta de dinheiro, planejamento errado
ou com receio da pressão dos torcedores.
Ao
Palmeiras restou o Brasileirão, apesar do elenco numeroso
para disputar quatro
campeonatos (Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras)
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Alguns clubes deram sinais que estavam se preparando
adequadamente. Casos de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, por exemplo. O
resultado em campo, porém, provou o contrário até o momento.
Para explicar a campanha do Corinthians nessa
temporada, alguns treinadores e dirigentes usam a justificativa que o Timão
joga menos que os adversários. Não é verdade. A equipe do técnico Fábio Carille
foi uma das que mais atuou em 2017. Até agora, foram 51 partidas disputadas,
com uma média de um jogo a cada 4 dias.
Sim é difícil explicar o que está ocorrendo com o Corinthians.
Diferentemente dos clubes citados acima, não tem um grupo grande de jogadores.
E não tem craques que desiquilibram e decidem jogos sozinhos. Nos jogos
disputados venceu 31 vezes, empatou em 17 oportunidades e sofreu apenas três derrotas
no ano. Sem dúvida um retrospecto fora da curva normal de desempenhos.
O Timão também sofre com o excesso de jogos. Mas não
sofreu pressões e nem críticas pesadas pela desclassificação na Copa do Brasil
porque conquistou o Paulistão e lidera o Brasileirão com folga. Além de seguir
na Copa Sul-Americana.
Renato
Portallupi acreditou na queda do Corinthians que tem
desempenho incomum (Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação)
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O treinado do Grêmio, Renato Portallupi, virou piada
quando afirmou que estava esperando o Corinthians despencar. Em teoria ele estava
certo. Afinal é incomum o desempenho que o Alvinegro mostra nessa temporada. Se
chegará ao título só o tempo dirá, mas terá que cair brutalmente de rendimento e
perder muitos jogos para deixar escapar o título.
Palmeiras, São Paulo e Santos sofrem igualmente com
a quantidade de jogos. Os dois primeiros têm agora apenas o Brasileirão e
problemas distintos. O Verdão tenta garantir vaga à Libertadores de 2018 e o
Tricolor fugir da zona de rebaixamento. Já o Santos segue firme no torneio
continental, juntamente com Grêmio e Botafogo. Para tanto, precisam tirar o
foco do Campeonato Brasileiro. Melhor para o Corinthians.