quinta-feira, 28 de novembro de 2019

SANTOS DE JORGE SAMPAOLI SUPEROU EXPECTATIVAS NO BRASILEIRÃO 2019


POR ROBERTO MAIA

Jorge Sampaoli devolveu ao time as características ofensivas
que consagraram o Santos (Fotos: Ivan Storti/Santos FC)

Tirando o Flamengo que está muito acima dos demais clubes que disputam a Série A do Brasileirão, o Santos é a melhor surpresa da competição. O Alvinegro da Vila entregou muito mais do que se esperava dele. Ainda mais quando comparamos com os adversários do Estado – Palmeiras, São Paulo e Corinthians – que decepcionaram os seus torcedores. E, apesar de não conquistar títulos em 2019, o bom desempenho do time no Campeonato Brasileiro superou expectativas. 
Ninguém poderia supor que o time que terminou a temporada de 2018 na décima colocação e chegou a frequentar a zona de rebaixamento pudesse ir tão bem esse ano. Ainda mais perdendo jogadores importantes como Gabigol, Dodô e Bruno Henrique entre outros.

Contra todos os prognósticos, o presidente José Carlos Peres investiu pesado em jogadores e surpreendeu ao contratar o treinador argentino Jorge Sampaoli. Gastou mais de R$ 75 milhões em 14 contratações, sendo o maior investimento em Cueva, que custou R$ 29 milhões. Apesar disso, o peruano não se firmou com a camisa santista, ficando até fora do banco de reservas em alguns jogos.

Entre as contratações acertadas estão o goleiro Everson, os laterais Felipe Jonatan e Jorge, o zagueiro Felipe Aguilar e os atacantes Marinho e Soteldo, que se encaixaram muito bem no esquema de Sampaoli.

Tudo começou a ir bem dentro de campo. Antes do Flamengo decolar no segundo semestre nas mãos do português Jorge Jesus, o Santos era a surpresa boa do Campeonato Brasileiro. Diferentemente do jogo extremamente defensivo com que os demais times praticavam, o conjunto santista comandado por Sampaoli buscava o ataque o tempo todo e muita rapidez na recomposição.

Tamanho arrojo culminou em algumas derrotas por goleadas ao longo do ano como os 5 a 1 para o Ituano e os 4 a 0 contra o Botafogo de Ribeirão Preto e também pelo Palmeiras. Mas elas serviram para ajustes no esquema tático.


Porém, fora das quatro linhas a relação entre o presidente santista e o treinador se deteriorava. Ambos passaram a travar uma guerra fria com declarações fortes através da imprensa. A demora na contratação de reforços e as condições financeiras do clube deixavam Sampaoli bastante irritado. Apesar disso, o time chegou inclusive a liderar o Brasileirão em algumas rodadas.

A comunicação entre ambos ficou impossível. Em uma tentativa de melhorar a relação profissional, em junho, o Santos contratou Paulo Autuori, ex-treinador que passaria a dirigente com a missão de ser o interlocutor entre o técnico e a diretoria. Com muita experiência no futebol, Autuori desempenhou a função de maneira satisfatória até a semana passada. Ele pediu demissão e reclamou publicamente da interferência do presidente, que pediu a escalação de Cueva, que está afastado por problemas técnicos e disciplinares.

Sem o elo de ligação a permanência de Sampaoli em 2020 é incerta, apesar de ainda ter mais uma ano de contrato pela frente. Dentro do clube poucos acreditam que ele continue. Ainda mais agora que o Racing, da Argentina, demonstrou interesse no treinador para substituir Eduardo Coudet, que comandará o Internacional no próximo ano.

Caso a saída de Sampaoli se confirme será ruim para o clube e também para o futebol brasileiro. Sua permanência poderia gerar frutos na temporada que vem. Com algumas contratações pontuais e com os atuais jogadores acostumados aos métodos ofensivos colocados em prática esse ano, quem sabe o Santos não seria capaz de surpreender ainda mais e conquistar títulos. 


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O FLAMENGO VOLTOU A SER FLAMENGO. SORTE DO FUTEBOL BRASILEIRO!

POR ROBERTO MAIA

A nação rubro-negra está em festa: os jovens que nunca viveram essa
experiência e os mais velhos que relembram as conquistas de 1981 
O Flamengo vive um momento mágico. Exaltado por sua legião de torcedores e também pela imprensa especializada, o Mengão pode escrever no próximo final de semana mais um capítulo épico na sua gloriosa história de 124 anos.

No sábado, dia 23, entra em campo para encarar o poderoso River Plate, da Argentina, na final da Conmebol Libertadores 2019 em jogo único que será disputado no Estádio Monumental de Lima, no Peru. Desde 1981, quando contava com um time de craques e tinha em Zico a estrela maior, o time carioca não chegava à final do torneio continental.

Naquele ano, o Flamengo conquistou o seu único título da Libertadores após vencer o Cobreloa, do Chile, por 2 a 0 em um jogo de desempate realizado no Estádio Centenário, no Uruguai.

No mesmo ano, o Mengão de Zico e companhia foi campeão do mundo ao vencer o Liverpool na então chamada Copa Intercontinental por 3 a 0, gols de Nunes (2) e Adílio em jogo único realizado no Japão. Agora, caso vença o River Plate, o destino caprichosamente colocará o time inglês mais uma vez o caminho do Rubro-Negro. Será uma histórica revanche após 38 anos.

A nação rubro-negra está em êxtase sonhando com o final de semana perfeito: ser campeão da Libertadores no sábado e campeão brasileiro no domingo, mesmo sem entrar em campo. Essa possibilidade é real e possível. O título do Brasileirão irá para a Gávea se o Palmeiras não vencer Grêmio. Nesse caso, o Verdão, que ocupa a segunda colocação com 68 pontos, não mais alcançaria o time carioca restando apenas mais quatro rodadas no Brasileirão.

Gabriel Barbosa, o Gabigol, é a cara do Flamengo que pode conquistar 
a Libertadores e o Brasileirão no próximo final de semana

O Flamengo não será campeão brasileiro no domingo se o Palmeiras vencer o Grêmio. E para não depender de tropeços do time paulista, o Mengão terá que conquistar os dois pontos que lhe faltam nos jogos seguintes: Ceará (27/11), Palmeiras (01/12), Avaí (04/12) e Santos (08/12).

Se os objetivos forem alcançados não será apenas o Flamengo do artilheiro Gabigol que sairá ganhando. O futebol brasileiro poderá entrar em uma nova era. Ou melhor, pode retomar uma característica que consagrou um estilo de jogo que privilegiava o ataque e nos deu cinco títulos mundiais. Um jeito de jogar que fez escola mundo afora. Éramos reconhecidos e imitados na medida do possível. 

Aos europeus, por exemplo, faltava a ginga e a habilidade dos nossos jogadores. Com poder financeiro muito superior ao nosso, levaram e levam até hoje os melhores jogadores que surgem no Brasil e em qualquer outro lugar do planeta.

Antigamente, garotos que jogavam em campinhos de terra sonhavam defender um dos grandes clubes brasileiros e se tudo desse certo chegar a vestir a camisa amarela da nossa Seleção. Hoje já não é mais assim. Crianças e seus país sonham em serem “sequestrados” por times da Europa e ficarem milionários. E se não derem a sorte de ir para um dos gigantes times europeus, serve também clubes do leste europeu, China e outros destinos menos votados.


O treinador português Jorge Jesus resgatou o jeito de jogar
no ataque que consagrou o futebol brasileiro no mundo
O atual Flamengo pode mudar um pouco essa deprimente situação. O Brasil continuará perdendo os jovens talentos para a Europa, mas poderá lucrar mais com essas transações. Por outro lado, coube a um treinador português mudar o rumo do futebol brasileiro. Jorge Jesus chegou ao Rio de Janeiro e colocou o time para jogar no ataque. Não muito diferente do que fez Paulo César Carpegiani, o treinador do time multicampeão em 1981.

Tomara que daqui para a frente as coisas sejam diferentes. Chega de retrancas e jogar por uma bola!

Fotos: Alexandre Vidal, Marcelo Cortes & Paula Reis/Flamengo

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA