quinta-feira, 29 de junho de 2017

Surge uma nova estrela entre os treinadores no Brasil: Fábio Carille

POR ROBERTO MAIA

Indicado por Mano Menezes, Fábio Carille está no 
Corinthians desde 2009 e já ganhou nove títulos 

O ano de 2016 deve ter sido de muitas dúvidas na cabeça do treinador do Corinthians Fábio Carille. Afinal, após a saída de Tite para a Seleção Brasileira ele ganhou a chance de mostrar sua capacidade, embora interinamente, até a chegada de Cristovão Borges. Antes, em 2010, também já havia comandado o time principal após a saída de Mano Menezes (também chamado para dirigir a Seleção). Embora tenha se saído bem, não foi efetivado após a demissão de Cristovão e viu o clube contratar Oswaldo de Oliveira.

Impossível que ele não tenha pensado em deixar o clube e buscar seu sonho em outras bandas. Mas esperou calado a sua oportunidade. Que não demorou muito a chegar. Oswaldo também não conseguiu bons resultados e foi mandado embora do Timão no final do ano. Carille assistiu as tentativas malsucedidas da diretoria para contratar um novo técnico. O ano estava acabando e sem opções no mercado, foi oficializado no cargo no dia 22 de dezembro. O certo é que todo mundo acreditava que não iria durar muito, afinal, não é para qualquer um dirigir um time com o peso e as cobranças como é o Corinthians. Entre os torcedores era comum ouvir que ele não duraria no cargo caso o Timão não chegasse a disputar a fase final do Paulistão. Algo que certamente aconteceria se ao contrário de todos os prognósticos, o treinador não surpreendesse a diretoria corinthiana, a torcida e a imprensa esportiva com a conquista do título estadual. Carille levou o time considerado por parte da mídia como a quarta força do futebol paulista à conquista do 28º título do Paulistão.  

Como auxiliar de Tite era o responsável pelo treinamento 
defensivo do time, o que explica o empenho tático do setor 
A partir daí todos começaram a prestar atenção nesse profissional que fala pouco, não dirige o time aos berros e raramente sorri. Alguns, céticos, ainda não acreditavam que ele tivesse forças para seguir entre os primeiros no Brasileirão. Afinal, diziam, o campeonato brasileiro é diferente, tem times mais fortes e o Corinthians não tem um elenco à altura para disputar o título.

Diferentemente de todos os achismos, Carille surpreende até o momento. O Corinthians chegou à liderança do campeonato apresentando impressionante disposição tática e entrega dos jogadores em campo. E até começou a marcar mais gols, coisa que não era o forte do time. O Brasileirão é longo e muita coisa pode mudar até o final do ano quando conheceremos o campeão, porém, até aqui, Carille mostrou que tem sim condições de fazer uma carreira vitoriosa no futebol. Mas, afinal, quem é Fábio Carille?

O ex-zagueiro e lateral-esquerdo Fábio Luiz Carille de Araújo, 44 anos, nasceu na capital paulista, mas foi criado em Sertãozinho. Na cidade passou a jogar futsal e, na adolescência, futebol de campo. Iniciou a carreira profissional em 1992, jogando no Sertãozinho. Talvez muita gente não lembre dele porque jogava com o nome de Fábio Luiz ou apenas Fábio. Rodou por diversas equipes e até defendeu o Corinthians em 1995. Também atuou pelo Paraná Clube (1996), Coritiba (1996), Santo André (1999), Juventus (2000); Guanzo, da China (2003); e Grêmio Barueri (2007), seu último time como jogador profissional.

Carille jogou futebol como zagueiro e lateral-esquerdo 
em vários clubes, inclusive no Corinthians, em 1995

Como já tinha em mente continuar trabalhando no futebol, ficou no Barueri e assumiu o posto de auxiliar-técnico, onde ficou por duas temporadas até ser contratado pelo Timão em 2009. De lá para cá ajudou – e aprendeu – os treinadores Mano Menezes (que pediu sua contratação), Adilson Batista, Tite, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira. Nesse período acumulou oito títulos: Paulistão e Copa do Brasil (2009); Brasileirão (2011); Libertadores e Mundial de Clubes da FIFA (2012); Paulistão e Recopa Sul-Americana (2013); Brasileirão (2015); e Paulistão 2017 (o primeiro como treinador).

Durante o tempo em que ajudou Tite no Timão era o responsável pelos treinamentos da defesa, o que explica a atual força defensiva do time corinthiano. Segundo Carille, “confiança não se conquista de qualquer jeito e se larga”. “É natural que algumas coisas aconteçam por tudo dar certo, é uma preocupação que tenho. Precisamos saber da responsabilidade de estar lá em cima e trabalhar para continuar”, afirmou, humildemente, o comandante alvinegro durante entrevista coletiva realizada após o treino do time no CT Dr. Joaquim Grava.

O treinador do Corinthians se preparou para o cargo e agora quer voar mais alto. E começou bem!

Fotos: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians

Clubes brasileiros deveriam aprender com os americanos a faturar com eventos nas arenas

                                                                                POR ROBERTO MAIA

Participantes da feira de turismo conheceram todas as 
dependências da arena e até o campo de jogo (Foto: Roberto Maia)

O assunto nesse espaço é o futebol, como o próprio nome da coluna deixa claro. Porém, vou abrir uma exceção. Em viagem de trabalho à Washington, DC, capital dos Estados Unidos e principal centro do poder político mundial, participei de uma grandiosa festa realizada no Nationals Park, estádio de beisebol onde o Washington Nationals manda seus jogos da Major League Baseball.

Inaugurado em 2008, possui uma maravilhosa estrutura para receber com conforto os torcedores em dias de jogos e público em geral nos muitos eventos realizados no local. Projetado pela então Populous - atualmente HOK Sport -, autora de outras obras esportivas como o Estádio de Wembley, oferece uma linda vista do Capitólio e do Monumento a Washington.

Eventos corporativos nos dias ociosos das arenas são importante 
fonte de renda para os times dos EUA (Foto: Roberto Maia)
O Washington Nationals foi fundado em 1969 e, até 2005, baseado em Montreal com o nome de Expos. Sim é isso mesmo, nos EUA essas mudanças ocorrem com muita frequência e naturalidade. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos o que ocorreu com o então Grêmio Barueri que, em 2010, mudou de nome, cidade e até distintivo para se transformar no Grêmio Prudente Futebol com sede em Presidente Prudente, no interior paulista. A mudança não deu certo e o time voltou, em 2012, para a sua cidade de origem. Porém, no ano seguinte se associou ao Grêmio Osasco e passou a se chamar Grêmio Barueri Osasco. Meses depois e após uma série de divergências retornou a Barueri, onde tenta resgatar sua imagem e voltar para a principal divisão do futebol paulista.

Outro exemplo no Brasil é o Boa Esporte. O time mineiro fundado em 1947, profissionalizou seu futebol em 1998 e adotou o nome da cidade: Ituiutaba. Em 2011, se transferiu para Varginha e, claro, teve que voltar a usar o nome original.
Voltando ao time americano, o Nationals é a primeira equipe de beisebol a se basear em Washington, DC, onde está desde 1972, quando o Washington Senators mudou para o Texas com o nome de Texas Rangers. A arena onde manda seus jogos custou US$ 771 (valor atualizado de 2017), tem grama natural e capacidade para 41,3 mil pessoas.


A arena Nationals Park tem capacidade para 41,3 mil torcedores 
em dias de jogos (Foto: Library of Congress Washington DC)
Sobre o evento em que participei, foram cerca de 6 mil profissionais do setor do turismo mundial, além de jornalistas de mais de 70 países. Todos os bares estavam abertos servindo muita comidas e bebidas aos presentes que também tiveram a oportunidade de conhecer todas as dependências da arena e saber sobre a história do clube. E, claro, passar na loja oficial e comprar souvenirs e camisas oficiais. Oportunidade de marketing e negócio que os nossos grandes clubes deveriam copiar o modelo e faturar com eventos corporativos e outros. Nesse aspecto os norte-americanos estão muito na nossa frente e transformam em dinheiro todas as oportunidades.