sexta-feira, 28 de maio de 2021

SYLVINHO NO CORINTHIANS, É APOSTA, MAS QUE PODE DAR CERTO

 POR ROBERTO MAIA

O acerto com o Corinthians foi rápido e Sylvinho assinou contrato até dezembro de 2022. (Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

O Corinthians sonhou com Renato Gaúcho, teve um flerte rápido com Diego Aguirre e resolveu assumir um relacionamento sério com Sylvinho. O treinador chega ao Timão para ocupar a vaga do demitido Vagner Mancini e, mais do que isso, para mostrar que está preparado e pode dar conta do recado. Pesa sobre ele a dúvida por ter pouca experiência como treinador, apenas 11 jogos no comando do Lyon, na França, em 2019. 

Sylvinho é uma aposta arriscada do presidente Duílio Monteiro Alves. Afinal o Corinthians não está em condições de fazer contratações por conta da dívida próxima de R$ 1 bilhão. E com o elenco atual não vem obtendo bom desempenho em campo desde o ano passado.  

A torcida corinthiana também não aceitou muito bem quanto Sylvinho rejeitou uma proposta para ser treinador em 2016, preferindo continuar na Europa. Ele justificou a negativa explicando que estava realizando um curso da UEFA, onde conseguiu a licença PRO, o nível máximo de formação de treinadores no Velho Continente. Também fez os cursos de níveis A e B da CBF.

Na sua preparação para ser treinador, Sylvinho também foi auxiliar técnico de Tite e Mano Menezes no Corinthians (2013 a 2014); auxiliar de Tite na Seleção Brasileira (2016 a 2019); e de Roberto Mancini na Inter de Milão (2016). Também foi auxiliar de Vagner Mancini em passagens pelo Sport e Cruzeiro.

Antes de sair para ser o treinador do Lyon, Sylvinho foi auxiliar de Tite na Seleção Brasileira. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Antes de aceitar a proposta para comandar o Lyon, Sylvinho chegou a ser anunciado como treinador da Seleção Brasileira que se preparava para os Jogos Olímpicos que seriam disputados no Japão em 2020.

Em sua primeira entrevista coletiva como treinador do Corinthians, Sylvinho disse que está ciente das dificuldades financeiras do clube e que isso não será empecilho para o seu trabalho. “Problema financeiro do Corinthians não é uma barreira para mim. Nós somos resultados das nossas decisões. Sempre tomei as minhas com muita calma, pensando muito. Acertei umas e errei outras”, afirmou.

Um diretor do Corinthians me disse que conhece Sylvinho desde os tempos em que defendeu o clube como jogador e garante: “ele é muito inteligente, estudioso, trabalhador e detalhista”.

Por tudo isso, acredito que a aposta do presidente corinthiano possa dar certo. Diferentemente de outros treinadores que passaram pelo clube, Sylvinho tem forte identificação com o Corinthians. Afinal, ele foi formado pelas categorias de base do Timão, foi titular da lateral-esquerda entre 1994 e 1999, conquistou títulos (campeonatos Paulista de 1995, 1997 e 1999; a Copa do Brasil de 1995 e o Brasileirão de 1998) e chegou à Seleção Brasileira, antes de partir para a Europa, onde fez sucesso no Arsenal, Celta de Vigo, Barcelona e Manchester City.

Em sua longa passagem pela Europa, Sylvinho foi campeão da Supercopa da Inglaterra (1999) em sua primeira temporada no Arsenal; e com a camisa do Barcelona conquistou os campeonatos Espanhol (2004–05, 2005–06 e 2008–09), a Supercopa da Espanha (2005 e 2006), a Copa da Catalunha (2004–05 e 2006–07) e a Liga dos Campeões da UEFA (2005–06 e 2008–09).

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 21 de maio de 2021

PALMEIRAS BUSCA O BICAMPEONATO E O SÃO PAULO JOGA PELO FIM DO JEJUM DE TÍTULOS

 POR ROBERTO MAIA

O clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras é considerado um dos mais equilibrados e recebeu o apelido de Choque-Rei. (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras) 

Após 29 anos, Palmeira e São Paulo voltam a se enfrentar em uma decisão do Campeonato Paulista. A última vez que os rivais decidiram o Paulistão foi em 1992. Na oportunidade, o Tricolor comandado por Telê Santana sagrou-se campeão após derrotar o Verdão nos dois jogos decisivos realizados no Morumbi.

Palmeiras e São Paulo chegaram à final após vencerem Corinthians e Mirassol, respectivamente. O Verdão, que foi campeão em 2020, disputará sua segunda decisão consecutiva, enquanto o Tricolor, que tem a melhor campanha na competição, foi vice-campeão em 2019. O time do Morumbi não conquista a taça do Paulistão desde 2005.

A decisão do título será em dois jogos. O primeiro no Allianz Parque, na quinta-feira, dia 20, e o segundo no estádio do Morumbi, no domingo, dia 23. Ambos os jogos terão a transmissão da TV Globo.

Outra curiosidade envolvendo a final é que nunca o Paulistão foi decidido por dois times comandados por treinadores estrangeiros. O argentino Hernán Crespo (São Paulo) e o português Abel Ferreira (Palmeiras) serão os primeiros e entram para a história da competição. O treinador campeão de 2021 repetira o feito do argentino José Poy, que comandou e levou o São Paulo ao título de 1975.

O clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras é considerado um dos mais equilibrados. O confronto recebeu o apelido de Choque-Rei na década de 1940 pelo jornalista Tomaz Mazzoni, do jornal A Gazeta Esportiva.

Rivais ferrenhos desde o primeiro confronto, a disputa ganhou ainda mais importância entre os anos de 1942 e 1950, período em que São Paulo e Palmeiras decidiram os nove títulos paulistas disputados. O Tricolor levou cinco taças (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949) e o Verdão quatro (1942, 1944, 1947 e 1950).

O Paulistão nunca foi decidido por dois times com treinadores estrangeiros; Abel Ferreira e Hernán Crespo são os primeiros. (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

A história mostra que o Palmeiras leva a melhor sobre o São Paulo em decisões diretas entre os clubes. O Verdão ficou com as taças disputadas nos Campeonatos Paulistas de 1933, 1942, 1944, 1947, 1950 e 1972; e no Brasileirão de 1973. Já o Tricolor venceu as decisões do Campeonatos Paulistas de 1943, 1971 (as duas em torneio de pontos corridos) e 1992 (em final disputada em dois jogos).

Os números mostram o equilíbrio no Choque-Rei. Apesar dos clubes apresentarem contagens diferentes, o resultado entre um e outro não fica muito distante. Segundo o Palmeiras, foram disputados 320 jogos contra o São Paulo, com 110 vitórias são-paulinas e 106 palmeirenses, além de 104 empates. O clássico registra 413 gols do Verdão e 412 do Tricolor. Pelas contas do São Paulo foram disputados 326 jogos entre os clubes, com 110 vitórias do Tricolor contra 109 do Verdão, além de 107 empates. A contagem registra 430 gols do Palmeiras e 428 do São Paulo.

Nos jogos válidos pelo Paulistão o São Paulo leva vantagem. Foram 68 vitórias, 50 empates e 57 derrotas. Em número de gols o Tricolor também está à frente com 248 contra 220 do rival.

Enquanto o Palmeiras tenta alcançar o bicampeonato paulista, o São Paulo busca colocar fim a um incomodo jejum de títulos que já dura oito anos. Entretanto o tabu é ainda maior quando o assunto é vencer um Paulistão. A última taça do estadual foi conquistada há 16 anos.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 14 de maio de 2021

GREEN BAY PACKERS É O ÚNICO TIME DA NFL QUE NÃO VISA LUCRO

 POR ROBERTO MAIA

Modelo de negócio do Green Bay Packers vai na contramão dos demais integrantes da NFL. (Foto: TE Robert Tonyan/packers.com)

O Senado Federal voltou a analisar a criação da Sociedade Anônima do Futebol, um novo modelo de clube-empresa no futebol brasileiro. O autor do projeto é o próprio presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O modelo proposto apresenta a opção facultativa aos clubes de se transformarem em clube-empresa.

O modelo em discussão no Brasil já existe há muito tempo na Europa, principalmente entre os clubes ingleses. Entretanto, nas últimas duas décadas, tradicionais clubes do continente foram adquiridos por milionários de diversas partes do mundo. Real Madrid e Barcelona, na Espanha, estão entre as poucas exceções.

A prática de sociedades anônimas no esporte profissional é levada ao extremo nos Estados Unidos. Tanto que times de basquete da National Football League (NBA) e do futebol americano da National Football League (NFL), os mais populares nos EUA, são tratados como franquias. Mudam de donos e de cidades conforme o interesse financeiro. Milionários compram times nas ligas como quem compra um carro novo.

Mas nesse agressivo mundo capitalista no esporte norte-americano há uma exceção. É o Green Bay Packers, time profissional de futebol americano baseado na pequena cidade de Green Bay, no estado de Wisconsin. O time fundado em 1919 disputa a NFL e é o único da liga principal que não tem fins lucrativos e que pertencente à comunidade. Sim, é isso mesmo. Diferentemente das demais equipes profissionais, o Packers pertence a cidadãos comuns de classe média da cidade, e não a um dono ou empresa. Atualmente, pouco mais de 361 mil pessoas são donas do time.

O modelo de negócio do Packers vai na contramão dos demais integrantes da NFL, que arrecadam milhões de dólares, constroem arenas modernas e estão entre os que mais arrecadam na prestigiosa lista da revista Forbes.

Por não ter um dono, o Packers tem intima ligação com os seus torcedores e por isso nunca precisou sair Green Bay, que tem pouco mais de 100 mil habitantes. Nem por isso a equipe deixou de ganhar torcedores em Wisconsin e de outras partes dos EUA.

Green Bay Packers venceu 13 campeonatos da NFL e tem quatro vitórias no Super Bowl. (Foto: TE Robert Tonyan/packers.com)

Para garantir que o time nunca tivesse que sair de Green Bay, constava na ata de fundação que os acionistas não teriam vantagens financeiras e se um dia o time fosse vendido, após a quitação das dívidas, o dinheiro restante deveria ir para o Sullivan Post of the American Legion para a construção de um memorial para soldados. Posteriormente, em 1997, os acionistas votaram para a mudança do beneficiário, que passou a ser o Green Bay Packers Foundation, que faz doações para diversas instituições de caridade no estado.

De tempos em tempos o Packers realiza venda de ações para levantar fundos para a equipe. Em cada uma delas, dezenas de milhões de dólares são arrecadados.

Os acionistas têm direitos de voto, nunca recebem dividendos e nem privilégio na compra de ingressos. Para evitar que um sócio com maioria das ações torne-se dono do time, nenhum deles pode ter mais que 200 mil quota-parte. Para administrar a organização, os acionistas elegem uma equipe de direção.

Regras rígidas da NFL garantem a competitividade do Packers. Na liga há um sistema de divisão de lucros iguais entre as franquias, além de teto salarial dos jogadores e limite na contratação de novos atletas.

E embora Green Bay seja o menor mercado esportivo profissional da América do Norte, o Packers venceu 13 campeonatos da NFL com nove títulos pré-Super Bowl e quatro vitórias no Super Bowl (1967, 1968, 1996 e 2010).

Eis um exemplo de como os torcedores podem ajudar seus times de coração e manter as tradições. Enquanto isso, no Brasil, ainda se discutem formas de fazer vaquinhas para ajudar clubes a pagar imensas dividas geradas por má gestão.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 6 de maio de 2021

SENADO DISCUTE NOVO MODELO DE CLUBE-EMPRESA NO BRASIL

 POR ROBERTO MAIA

O Red Bull Bragantino é o melhor exemplo de clube-empresa no Brasil atualmente. (Foto: © Red Bull Bragantino)

Tenho reparado que ultimamente cresceu a discussão entre torcedores nas mídias sociais sobre a criação de clube-empresa no Brasil. Interessante ver o torcedor preocupado com essa questão que pode mudar muita coisa no futebol praticado no país nos próximos anos.

Os clubes brasileiros vivem momento difícil financeiramente, uma situação que se agravou ainda mais com a pandemia do novo coronavírus. Após a paralização dos campeonatos a bola voltou a rolar com jogos envoltos por rígidos protocolos e com os estádios vazios, sem os torcedores, a razão maior do futebol.

Sem público os clubes perderam a receita vinda da venda dos ingressos e o que já estava ruim ficou pior. Paralelamente muitas empresas patrocinadoras, vítimas também da crise na economia, romperam contratos. Até a transferência de atletas diminuiu. Restou apenas a cota paga pela transmissão dos jogos pela televisão.

O Cruzeiro foi o primeiro time grande a “quebrar” financeiramente. Se não bastasse ainda foi rebaixado para a Série B do Brasileirão, tornando tudo ainda mais difícil. Mesma situação vivida por Botafogo e Vasco que também acumulam dividas enormes.

Entretanto, como sempre acontece em momentos como esse, surge uma solução política para socorrer os clubes de futebol sufocados pelas dívidas. Um projeto que a tempos estava engavetado no Senado Federal foi colocado em pauta e reabriu as discussões para encontrar uma alternativa de socorro. Senadores voltaram a analisar a criação da Sociedade Anônima do Futebol, um novo modelo de clube-empresa no futebol brasileiro.

O autor do projeto é o próprio presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ele definiu como relator o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que já se reuniu com dirigentes de clubes, atletas e credores em busca de apoio ao projeto.

O modelo proposto apresenta a opção facultativa aos clubes de se transformarem em clube-empresa. Assim, aqueles que desejarem poderão permanecer como associações civis sem fins lucrativos. Entretanto, caso optem por se tornarem uma Sociedade Anônima do Futebol, os clubes teriam garantido o pagamento das dívidas passadas em um acordo de longo prazo. Também poderão contar com recursos de investidores, que passariam a ser sócios da empresa e ainda pagariam impostos ao governo, o que hoje as associações não fazem.

O Cuiabá, que irá disputar a Séria A do Brasileirão 2021, também é um clube-empresa que começa a despontar.  (Foto: Reprodução/Twitter)

Mas clube-empresa no país não é nenhuma novidade. Desde 1988, a Lei Pelé já garante essa possibilidade, mas que nunca atraiu os clubes brasileiros. Atualmente, o Red Bull Bragantino é o melhor exemplo de clube-empresa no Brasil. A empresa produtora do famoso energético também é dona do Red Bull Leipzig, na Alemanha, e do Red Bull Salzubrg, na Áustria.

Torcedores dos grandes clubes brasileiros torcem o nariz e temem que essa nova tentativa de criar o clube-empresa seja uma maneira de privatizar os clubes, que passariam a ter donos. Modelo que existe há muito tempo na Europa, principalmente entre os clubes ingleses. Entretanto, nas últimas duas décadas, tradicionais clubes do continente foram adquiridos por milionários de diversas partes do mundo. Real Madrid e Barcelona, na Espanha, estão entre as poucas exceções.

Caso seja aprovado no Senado, o projeto será enviado à Câmara Federal para ser apreciado pelos deputados. Se também obtiver também o sinal verde seguirá para a sansão do presidente Jair Bolsonaro.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR