quinta-feira, 30 de abril de 2020

Pacaembu completa 80 anos salvando vidas!


POR ROBERTO MAIA


Tombado pelo Condephaat o estádio do Pacaembu, agora administrado pela iniciativa privada, tem preservada a sua fachada imponente e histórica 
(Foto: Gov. do Estado de SP/Divulgação)

O estádio Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu, queridinho dos paulistanos e ícone da cidade, comemorou 80 anos, no último dia 27 de abril. Durante oito década ele recebeu milhões de torcedores em jogos dos clubes paulistas e também da Seleção Brasileira.

Ironicamente, quis o destino que em seu octogésimo aniversário ele não esteja recebendo nenhum jogo de futebol e sim doentes, vítimas do novo coronavírus (Covid-19), no hospital de campanha montado no gramado. Com 200 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria, infelizmente, o local deve receber lotação máxima até o final da semana.

Errou quem pensou que ele não servia para mais nada e que agora, privatizado, receberia apenas eventos e jogos de times amadores. Quem poderia imaginar que um dia ele serviria para esse propósito? Pois é, esse é “o seu, o meu, o nosso Pacaembu”, como diz o bordão consagrado pelo locutor do estádio, Edson Sorriso, que os torcedores se acostumaram a ouvir durante os jogos.

O "homem pelado" do Pacaembu


A famosa escultura de David, de Michelangelo, é uma das atrações turísticas de Florença (Itália); a réplica que por mais de 30 anos enfeitou o Pacaembu hoje está no bairro do Tatuapé (Foto: Pixabay) 

Minha lembrança mais antiga do velho e querido Pacaembu remonta da segunda metade da década de 1960, quando eu, ainda criança, fui levado por meu pai para assistir a um jogo de futebol pela primeira vez no estádio. Foi um dia inesquecível! Lembro que entramos por um portão oposto à entrada principal. Ali, entre o final da arquibancada leste e a antiga e charmosa Concha Acústica, havia uma estátua de um homem nu. Claro que aquilo me chamou a atenção e fui logo perguntando ao meu pai quem era aquele “homem pelado”. Ele me explicou que era uma réplica em tamanho real da estátua de David, uma das mais famosas obras de Michelangelo - esculpida no século 16.

A estátua de cinco metros de altura foi retirada do local em 1969, quando obras para aumentar a capacidade do Pacaembu tiveram início. Infelizmente, a bela concha acústica foi demolida para dar lugar a uma horrorosa arquibancada que logo foi apelidada de tobogã. David foi colocado na praça Charles Muller, mas não ficou muito tempo por lá. Dizem que moradores do bairro pediram à prefeitura a retirada daquele “homem pelado” para não chocar as crianças e as moças que frequentavam o local.

Hoje a réplica de David já faz parte da história do bairro do Tatuapé, para onde foi transferida em 1974 e repousa tranquila em frente aos arcos da entrada do Centro Educativo, Recreativo e Esportivo do Trabalhador (Ceret).

A "casa" do Corinthians


Durante 80 anos, milhões de torcedores assistiram jogos dos clubes 
paulistas e também da Seleção Brasileira (Foto: Pixabay)

O Pacaembu foi inaugurado em 1940 com uma grandiosa festa, que reuniu mais de 40 mil pessoas e que contou com a presença do então presidente Getúlio Vargas, além de muitas outras importantes personalidades políticas da época. O jogo inaugural colocou frente a frente o Palestra Itália (atual Palmeiras) contra o Coritiba. O time paulista venceu a partida por 6 a 2. A rodada dupla teve também o jogo entre o Corinthians e o Atlético-MG, com vitória do Timão por 4 a 2.

Em 1950, recebeu seis jogos da Copa do Mundo, inclusive um da Seleção Brasileira contra a Suíça. E, embora sempre tenha acolhido os times paulistas, o estádio municipal foi aos poucos se transformando na casa do Corinthians, principalmente depois que o São Paulo inaugurou o seu estádio do Morumbi na década de 1960.

Em 2012, dois anos antes de inaugurar a sua arena em Itaquera, o Timão conquistou um dos seus mais importantes títulos no Pacaembu, a Copa Libertadores da América. Taça que o Santos de Neymar também levantou, em 2011, no velho estádio.

Museu do Futebol inaugura exposição virtual


Localizado dentro do Pacaembu, o Museu do Futebol aborda temas envolvendo a história e curiosidades do futebol brasileiro e mundial (Foto: Divulgação)

O recorde oficial de público aconteceu no dia 25 de maio de 1942, quando 72.018 pessoas assistiram ao empate de 3 a 3 entre o Corinthians e o São Paulo. O jogo marcou a estreia de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, no Tricolor. Na década de 1970, dois outros jogos registraram publicos superiores, porém o estádio já contava com o tobogã que aumentou a sua capacidade em 15 mil lugares em relação ao Majestoso de 42.


Cláudio Cristovão do Pinho 
(Foto: Reprodução/Revista Corinthians)
Consagrado nos campos da Europa, o craque Ronaldo Fenômeno encerrou a carreira em jogo festivo no Pacaembu, em junho de 2011, quando a Seleção Brasileira venceu a da Romênia por 1 a 0.

Já o recordista de gols no estádio é Cláudio Cristóvam de Pinho (1922-2000), apelidado de “Gerente”, que jogou no Corinthians, seleções Brasileira e Paulista, além de Palmeiras, Santos e São Paulo após deixar o Timão. Segundo o jornalista e historiador Celso Unzelte, entre os anos de 1945 e 1957, ele balançou as redes do Paulo Machado de Carvalho 202 vezes.

Em 1998, o complexo foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). E, no início desse ano, foi concedido à iniciativa privada que irá fazer obras de modernização, porém preservando a sua fachada imponente e histórica. Já o tobogã será demolido e em seu lugar será erguido um edifício comercial. 

O Museu do Futebol, instalado em uma área de 6,9 mil metros quadrados sob as arquibancadas do Pacaembu, continua funcionando no local. Ele é um espaço interativo, lúdico e multimídia, onde a história do esporte mais popular do Brasil se confunde com a própria história do país.


Se você quiser saber mais sobre a história octogenária do estádia aproveite a exposição virtual recém lançada: “Pacaembu: um estádio monumento”. Ela está na plataforma digital Google Arts&Culture. 

São mais de 50 imagens disponíveis para o público explorar na tela do computador, tablet ou celular, além de dois vídeos de época: um mostra o estádio ainda em construção e, o outro, o “Paca” pronto para sua inauguração. Na exposição virtual, o público poderá explorar desenhos, croquis e plantas arquitetônicas – realizadas ou não – do projeto em Art Déco, além de notícias e fotografias publicadas dos anos 1920 aos anos 1940.

A exposição está disponível aqui . 


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

segunda-feira, 27 de abril de 2020

A bola vai voltar a rolar em breve, mas com restrições


POR ROBERTO MAIA

O Paulistão 2020 retornará com portões fechados e rígido protocolo de segurança para jogadores, árbitros e demais envolvidos nos jogos (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/Divulgação)


A pandemia por causa do novo coronavírus (Covid-19) parou o futebol em praticamente todo o mundo. Uma das raras exceções é a Bielo-Rússia, única ditatura ainda em curso na Europa. Os torcedores brasileiros já estão com saudades de ver seus times em campo, enquanto os clubes e federações querem voltar logo à ativa motivados pela necessidade voltar a ter faturamento.


Nesse contexto, a Alemanha já anunciou que a bola voltará a rolar no país a partir do dia 9 de maio. Para tanto, a federação alemã já colocou em prática medidas de proteção bastante rigorosas. Se tudo correr bem, os jogos serão realizados inicialmente sem a presença de público por causa de determinação do governo alemão que proibiu eventos com aglomeração até o dia 31 de agosto.

Tal como na Alemanha, a iniciativa deve também ocorrer em outros países do Velho Continente.

No Brasil, A Federação Paulista de Futebol (FPF) e os clubes que disputam a Série A1 resolveram que querem a sequência do Paulistão 2020, embora ainda não saibam quando isso poderá ocorrer. O principal motivo é o contrato com a Rede Globo, que cortaria alguns pagamentos se o campeonato não retornar mais nessa temporada.

Para que o Paulistão possa ter sequência, a FPF, através do seu diretor médico, Moisés Cohen, prepara um protocolo de cuidados para os clubes retornarem aos trabalhos após as férias dos jogadores que terminam no final de abril. Porém, ele não estipula uma data para os jogos voltarem a acontecer e acredita que serão realizados sem a presença de torcedores nos estádios.

“Nós elaboramos alguns cuidados que vão desde a avaliação e os testes que deverão ser feitos antes dos jogadores se reapresentarem. Depois uma nova bateria de testes durante a primeira fase e 15 dias, e, finalmente, mais um último teste”, explica o médico.

Segundo Cohen, essa cartilha de recomendações será elaborada em conjunto com os médicos dos clubes e irá detalhar qual será a rotina de treinamentos. Ele explica também que tudo tem que ser coordenado junto às comissões técnicas e funcionários de apoio como pessoal da cozinha e de manutenção. Essas ações demandariam de 15 a 20 dias a partir do início dos treinos. E a orientação será para que os clubes utilizem um número mínimo de funcionários.

Movimento Seleção Solidária

Jogadores, comissão técnica e CBF arrecadaram R$ 5 milhões para 
ajudar famílias em situação de vulnerabilidade por causa da pandemia 
(Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação)
Enquanto o futebol não volta no Brasil, uma ação conjunta entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), jogadores da Seleção Brasileira e comissão técnica arrecadou R$ 5 milhões, que serão utilizados para a compra de cestas básicas de alimento, limpeza e higiene pessoal para atender famílias em situação de vulnerabilidade em todo o país.

Com o montante já arrecadado, será possível atender 32 mil famílias pelos próximos dois meses, através das entidades Ação da Cidadania, Central Única das Favelas (CUFA) e Transforma Brasil.

Membros da comissão técnica, jogadores e o presidente da CBF, Rogério Caboclo, fizeram doações que somaram R$ 2,5 milhões. A CBF dobrou este valor, totalizando R$ 5 milhões.

Mas a ação não termina e a ideia é envolver outros atletas e torcedores em geral para novas doações. As contribuições devem ser realizadas através de depósitos na conta corrente disponibilizada pela Ação da Cidadania, que irá centralizar a arrecadação e depois repassará parte dos recursos para as outras duas entidades. Anote aí:

Associação Comitê Rio da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida - CNPJ 00.346.076/0001-73
Banco: Itaú - Agência 0417 - conta corrente: 65.638-6
_________________________________________________________________________________

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Quarentena sem futebol deixa tudo ainda mais difícil

POR ROBERTO MAIA

A Turma do Hidrante se reúne antes de todos os jogos do Timão para confraternizar com churrasco e muita cerveja (Foto: Reprodução/Facebook)

Após um mês de isolamento domiciliar a ansiedade aumenta proporcionalmente ao crescimento do número de infectados pelo novo coronavírus (Covid-19). O Ministério da Saúde revisou os números e anunciou que o pico da pandemia no Brasil ocorrerá entre julho e agosto. A notícia me atingiu fortemente. Até porque imaginei que em maio o futebol brasileiro já estaria de volta. Agora tenho dúvida disso.

Para alguém como eu que adora futebol e com frequência vai aos estádios e não perde um jogo importante na televisão, a ausência da bola rolando causa um enorme vazio. No início da quarentena até que foi fácil. Muitos jogos antigos sendo reprisados ajudaram a suprir dependência. Mas, agora, me pergunto até quando isso vai. Tenho certeza que tal como eu estou me sentido, muitos e muitos outros torcedores estão passado pelo mesmo problema.

Futebol, churrasco, cerveja e muita resenha

Na chamada “Praça do Cabral”, em Artur Alvim, todos conhecem a “disciplina”: cada um leva um quilo de carne ou linguiça e a bebida que irá consumir 
(Foto: Reprodução/Facebook)
Conheço muitas pessoas que para elas um domingo de futebol é uma celebração, que vai muito além dos 90 minutos do jogo com a bola rolando. Uma tradição que cresceu em São Paulo são grupos de amigos que se reúnem em praças e ruas próximas aos estádios para confraternizarem com churrasco e muita cerveja.

O jogo acontece normalmente às 16h, mas antes das 10h da manhã já tem gente chegando e iniciando os preparativos da “festa”. Armar a churrasqueira, colocar as cervejas para gelar e arrumar o ambiente. Por volta do meio-dia, o grupo soma algumas dezenas de pessoas. Cantam o hino do clube, soltam rojões, comem e bebem muito. E a resenha corre solta até pouco antes da hora do início do jogo.

No final da partida, boa parte dos integrantes do churrasco ainda se reúne para comemorar ou lamentar o resultado. E, claro, beber mais algumas latinhas de cerveja enquanto esperam o trânsito fluir para então voltarem para suas casas.

Na segunda-feira, através dos grupos de WhatsApp, a discussão continua e os preparativos para o próximo churrasco têm início. E tudo funciona sem problemas. Todos já conhecem a chamada “disciplina”, ou seja, cada um leva um quilo de carne ou linguiça e a bebida que irá consumir. A liderança do grupo determina também quem serão os responsáveis por levar o gelo, o pão, o limão e a cachaça para a caipirinha.

Um amor inexplicável e difícil de entender

Para muitos torcedores, acompanhar o time do coração faz parte de uma rotina da qual não conseguem viver sem (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
O amor pelo time de coração leva os torcedores a aventuras inimagináveis por aqueles que não levam o futebol tão à sério. Os mais fanáticos acompanham o time por todas as partes do Brasil e até do exterior. E nem sempre são integrantes de torcidas organizadas, que já dominam a logística das viagens para apoiar o time. São pessoas comuns que sozinhas ou na companhia de mais alguns amigos dividem as despesas de um carro com destinos a cidades próximas ou bem distantes. Outros preferem comprar passagem de avião, enquanto quem não pode gastar muito encara horas e horas a bordo de ônibus de linha mesmo.

Muita gente acha isso uma loucura e chamam esses torcedores de fanáticos, loucos, irresponsáveis, etc. Porém, para essas pessoas acompanhar o time é parte da vida. Uma rotina da qual não conseguem viver sem.

Para finalizar, lembro de um figurão que há alguns anos deu um grande golpe no mercado, lesando financeiramente muita gente. O sujeito era dono de uma operadora de viagens das grandes, algo como é a CVC atualmente. Do dia para noite, a empresa parou de funcionar deixando os muitos clientes desamparados, sem as viagens adquiridas e sem o dinheiro gasto. Quando a polícia entrou no jogo o sujeito já estava longe. Sua prisão foi decretada e ele considerado foragido.

Alguns meses depois, em uma final de campeonato entre o Corinthians e o São Paulo em um Morumbi abarrotado de torcedores, encontrei o cidadão com óculos escuros, boné e a camisa do seu time. Encostei nele e falei: “você está correndo o risco de ser preso e vem ao estádio assistir ao jogo”. A resposta dele: “Eu sei, mas não consegui não vir. Eu precisava estar aqui hoje”.

Concluindo. Ele não foi preso, continuou foragido até ninguém mais lembrar dele e de quebra saiu feliz do estádio porque o seu time foi campeão.
 
ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Bastidores do Corinthians estão agitados durante a parada do futebol


POR ROBERTO MAIA

Mário Gobbi comandou o Corinthians entre 2012 e 2014, período em conquistou vários títulos, entre eles a Libertadores e o Mundial de Clubes da FIFA
(Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

O Campeonato Paulista está paralisado devido à pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), os clubes deram férias coletivas aos jogadores até 20 de abril e os clubes estão com os portões fechados aos associados. Porém, a agitação tem sido intensa através das mídias sociais e grupos do WhatsApp.

Com eleições marcadas para o próximo mês de novembro, a temperatura anda bem alta nos bastidores do Parque São Jorge, a sede social do Corinthians. Com dívidas altíssimas, a situação financeira do Timão pode ainda se agravar muito mais em virtude da ausência de receitas durante a paralização por conta do Covid-19. Grupos de oposição ao presidente Andrés Sanchez trabalham incessantemente na tentativa de viabilizar condições para tirá-lo do comando do clube.

Pouco antes da decretação do isolamento social em São Paulo, opositores protocolaram um requerimento pela rejeição das contas do clube do exercício de 2019. A reunião do Conselho Deliberativo para analisar o tema estava marcada para acontecer em abril, mas deverá ser adiada para mais adiante. Especulações dão conta que o déficit – apenas em 2019 - seja algo em torno de R$ 170 milhões. Caso as contas sejam rejeitadas, Andrés Sanchez poderá sofrer processo de impeachment. Importante ressaltar que essa dívida em questão não leva em conta as da Arena Corinthians que é administrada de forma isolada das contas do clube e também tem números milionários.

O documento foi encaminhado a Sanches, ao Conselho de Orientação (CORI) e ao Conselho Deliberativo e tem como base empréstimos realizados pela presidência - superiores a R$ 10 milhões em 2019 - sem aprovação do CORI como pede o estatuto do clube. Ressalta também o fato de o déficit superar 20% da receita, o que pode implicar exclusão do programa de refinanciamento Profut. Nesse caso, a União poderá executar a dívida fiscal que é superior a R$ 300 milhões. Segundo o requerimento, o Corinthians possui receita em torno de R$ 450 milhões e, portanto, o déficit poderia alcançar até R$ 90 milhões. 

O grupo Movimento Corinthians Grande, liderado por Felipe Ezabella,
apoia a candidatura de Mário Gobbi à presidência (Foto: MCG/Divulgação) 
Um dos signatários do requerimento é Felipe Ezabella, um dos líderes do grupo oposicionista Movimento Corinthians Grande e que concorreu à presidência na eleição passada. O MCG tem tentado unir forças com outros setores de oposição e trabalha para conseguir apoios necessários para vencer o próximo pleito e tirar o grupo Renovação & Transparência que está no poder desde 2007.

Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Na segunda-feira passada, dia 6 de abril, realizou uma reunião virtual que reuniu mais de 50 pessoas para discutir os próximos passos das articulações. A novidade foi a participação do ex-presidente Mário Gobbi Filho, que surge como um nome forte na corrida eleitoral alvinegra. Gobbi comandou o clube entre 2012 e 2014, período em que o Corinthians conquistou seus maiores títulos, a Libertadores da América e o bicampeonato do Mundial de Clubes da FIFA.

Durante seu pronunciamento na reunião do MCG, Gobbi não confirmou que irá concorrer, mas deixou claro que caso tome a decisão não aceitará qualquer tipo de barganha por cargos em sua possível gestão. Segundo ele, para tirar o clube da atual situação caótica em que se encontra, será necessário realizar uma gestão austera e profissional com pessoas do mais alto nível em suas respectivas áreas de atuação.

Mário Gobbi tomou conhecimento do programa de gestão elaborado pelo MCG e gostou. Os próximos meses prometem ser de muita ebulição nos bastidores do Parque São Jorge. Atualmente, apenas duas candidaturas à presidência foram lançadas oficialmente: Augusto Melo (conhecido como Tio) e Paulo Garcia, empresário do grupo Kalunga.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA .


quinta-feira, 2 de abril de 2020

O que será do futebol brasileiro após o fim da pandemia?


ROBERTO MAIA

A FIFA irá disponibilizar R$ 7,8 bilhões para auxiliar o futebol em todo o mundo 
(Foto: FIFA.com/Divulgação)

Recentemente comentei nesse espaço que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) havia comunicado através do seu presidente Gianni Infantino, uma série de ações em auxílio ao futebol. Na oportunidade ele disse que a entidade máxima do futebol mundial estava planejando a criação de um fundo global de assistência aos que forem afetados pela crise global causada pelo novo coronavírus (covid-19) e, também, para resolver situações contratuais de jogadores ao final da temporada, além da doação de US$ 10 milhões à Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate à pandemia.

No dia 31 de maço, a FIFA confirmou que o plano irá disponibilizar cerca de US$ 1,5 bilhão – algo em torno de R$ 7,8 bilhões - das suas reservas. O objetivo é auxiliar a comunidade do futebol em todo o mundo, que está abalada pelas perdas causadas pela paralisação dos campeonatos. A liberação dos recursos do fundo ainda depende de aprovação do conselho consultivo da Federação. Segundo o mais recente balanço da entidade, há cerca de US$ 2,74 bilhões – mais ou menos R$ 14,24 bilhões - em caixa.

Enquanto isso, no Brasil, não há nenhuma sinalização de como se dará o retorno das atividades esportivas quando o isolamento domiciliar for suspenso. Clubes tentam, individualmente, negociar com seus atletas e comissões técnicas, formas de reduções de salários para que possam continuar honrando os compromissos com a folha de pagamento. Ficou definido que os atletas estarão em férias coletivas entre os dias 1º e 20 de abril.

A Federação Nacional de Atletas de Futebol Profissional (Fenapaf) e o Sindicato dos Atletas de Futebol demonstram interesse e negociam com clubes, Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Rede Globo. Além do tema redução salarial também demonstram preocupação quanto à indefinição sobre a conclusão dos campeonatos estaduais paralisados por causa da pandemia.


Se a pandemia deixar, o Brasileirão 2020 terá início no primeiro final de semana de maio (Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação)


As entidades que representam os jogadores também estão sugerindo à CBF um novo modelo de disputa para o Campeonato Brasileiro 2020, com menos datas que o normal. Eles entendem que dependendo de quando as atividades voltarem ao normal, o Brasileirão somente conhecerá o campeão da temporada em 2021. A proposta apresentada contempla um campeonato com dois grupos de dez times jogando entre si. O campeão seria conhecido em jogos entre os dois primeiros colocados de cada um dos grupos.

Essa ideia, porém, não agrada à Rede Globo que há muitos anos tem o futebol em sua grade de programação e contrato garante a transmissão de jogos das 38 rodadas. O Brasileirão está previsto para começar no primeiro final de semana de maio, no sistema de pontos corridos.

Mas tudo vai depender de quando as atividades voltarão ao normal. No melhor dos cenários, dia 20 os jogadores retornam das férias/isolamento e iniciam os treinos. Mais de 140 jogadores dos times do interior paulista ficarão sem contrato no final de abril. Caso consigam manter os atletas, a inatividade exigirá no mínimo 15 dias para começarem a readquirir a forma física. O que coincidirá com o início do Brasileirão. Nesse caso, como ficaria a conclusão dos campeonatos estaduais? Talvez possam ser utilizadas datas entre junho e julho, período em que seria realizada a Copa América, que foi adiada para o próximo ano.

O problema será se a pandemia avançar além de abril aqui no Brasil, levando a medidas mais rigorosas para a contenção do covid-19. Nesse caso o futebol não será o mais importante e sim a manutenção da saúde de todos. Afinal, precisamos estar bem para quando tudo isso passar e podermos voltar a lotar os estádios para assistir aos times de coração. Portanto, agora, fique em casa!

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA