quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O “professor” Luxemburgo volta ao Palmeiras para brilhar novamente


POR ROBERTO MAIA
Vanderlei Luxemburgo é o treinador mais vitorioso da era dos pontos 
corridos do Brasileirão com 214 vitórias (Fotos: Rafael Ribeiro/Vasco)

Quando todos esperavam a contratação do treinador argentino Jorge Sampaoli, eis que o Palmeiras surpreende e anuncia a volta de Vanderlei Luxemburgo para comandar o seu elenco milionário em 2020. Essa será a quinta passagem do “professor” pelo clube, onde conquistou dois Brasileiros (1993/94) e quatro Paulistas (1993/94/96 e 2008).

Luxemburgo assinou contrato para duas temporadas e trouxe junto com ele o preparador Antônio Melo e o auxiliar Maurício Copertino. O salário de R$ 600 mil/mês é o mesmo que o Vasco oferecia para mantê-lo no próximo ano.
Valorizado após o bom trabalho realizado no clube cruzmaltino no Brasileirão deste ano, o treinador aceitou prontamente o convite do Verdão apostando na melhor estrutura e elenco de qualidade, enquanto o Palmeiras joga suas fichas no passado vitorioso dele.

Com 67 anos de idade, essa será talvez a última grande oportunidade de Vanderlei Luxemburgo para mostrar que não está ultrapassado e ainda pode surpreender no futebol. Comparo essa chance como a que recebeu em 2005, quando foi contratado pelo Real Madrid para comandar um time galáctico. Naquela oportunidade, na Espanha, ele não foi feliz e sua passagem pelo clube merengue foi curta e sem brilho.

No Vasco, Luxemburgo livrou o time do rebaixamento e ainda 
conseguiu a classificação para a Copa Sul-Americana 
Mas no Brasil a sua carreira foi brilhante. Ouso dizer que ele foi o melhor treinador que vi no país desde que acompanho futebol. Estrategista e com visão do jogo muito além do olhar normal das pessoas, Luxemburgo surpreendia adversários muitas vezes com pequenas alterações táticas no decorrer dos jogos. Não por acaso conquistou cinco vezes o Campeonato Brasileiro e oito vezes o Paulistão.

Carioca de Nova Iguaçu, Luxemburgo jogou futebol – era lateral esquerdo – e vestiu as camisas do Flamengo, Internacional e Botafogo, onde encerrou sua carreira (1971 a 1980) por causa de uma grave contusão no joelho. Se dentro das quatro linhas não foi um craque, como treinador está entre os maiores do Brasil.

Estreou como técnico de futebol no Campo Grande, do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois assumiu o Rio Branco, do Espírito Santo, onde conquistou o seu primeiro título do Estadual em 1983. Depois de rodar por Friburguense (RJ), Al-Ittihad (Arábia Saudita), Democrata (MG), Fluminense, América (RJ) e Al-Shabab (Arábia Saudita), foi no Bragantino (SP) que sua estrela começou a brilhar forte. No time do interior paulista conquistou os títulos da Série B do Campeonato Brasileiro de 1989 e o Campeonato Paulista de 1990.

A partir de então Luxemburgo decolou como treinador de futebol. Colecionou títulos e problemas extra campo. Comandou o Flamengo, Guarani, Ponte Preta, Palmeiras, Paraná, Santos, Corinthians, Cruzeiro, Atlético (MG), Grêmio, Sport e Vasco, além do Real Madrid e Tianjin Quanjian (China). Tamanho sucesso o levou à Seleção Brasileira em 1998, onde conquistou a Copa América (1999). Nessa época teve problemas com a Justiça por uso de documentação falsa e um processo de sonegação fiscal. Foi demitido após fracassar nas Olimpíadas de 2000, quando o Brasil foi eliminado nas quartas-de-final após derrota para Camarões.

Apesar da muitas conquistas no futebol brasileiro, Luxa nunca levantou a taça da Copa Libertadores da América. Chegou perto com o Santos, mas foi eliminado pelo Grêmio na semifinal.

Agora é esperar para ver qual será o “projeto” que Luxemburgo está preparando para o Palmeiras em 2020.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Sucessão de erros de dirigentes levam o Cruzeiro à Série B do Brasileirão


POR ROBERTO MAIA

O Cruzeiro precisava vencer o Palmeiras e torcer por derrota 
do Ceará. Não conseguiu e jogará a Série B em 2020. 
(Fotos: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

A lista de clubes rebaixados para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro ganhou mais dois integrantes inéditos: Chapecoense e Cruzeiro. Agora, dos campeões da Série A, apenas Flamengo, São Paulo e Santos são os únicos que nunca caíram para a Série B.

Por estar entre os “grandes” há mais tempo e pelo histórico de conquistas, a queda do Cruzeiro ganhou as manchetes ao final da última rodada do Brasileirão 2019. Não bastasse o descenso, o vandalismo proporcionado por torcedores cruzeirenses após a derrota para o Palmeiras, no Mineirão, também foi destaque negativo.

Quando um time do porte do Cruzeiro é rebaixado vêm à tona uma série de razões que explicam a tragédia. Normalmente o motivo é quase sempre o mesmo, o seja, sucessão de erros de diretorias ao longo de algumas gestões. O resultado quase sempre são clubes endividados e sem condições de formar times fortes para a disputa dos campeonatos.

Mas com o Cruzeiro foi um pouco diferente. Apesar de estar sem dinheiro, montou um times com vários jogadores famosos e com salários altos. A fonte secou, os salários começaram a atrasar, os jogadores cobrando diretores via imprensa e por WhatsApp e os resultados em campo não vinham.

Como sempre fazem os dirigentes incompetentes, trocaram treinadores na esperança de aplacar a raiva da torcida e, quem sabe, conseguir vitórias e subir na tabela. Foi assim que Mano Menezes, trocado por Rogério Ceni, que saiu para a entrada de Abel Braga, que foi mandado embora para a chegada de Adilson Batista a poucas rodadas do fim do Brasileirão. Esperavam que Adilson – ídolo da torcida - fosse capaz de realizar o milagre de segurar o time na Série A.

Tudo em vão, afinal o problema não era o técnico. O enredo que explica a queda do clube celeste das Minas Gerais tem erros dentro de campo, diversos casos de falhas administrativas e até de corrupção de diretores e conselheiros.

Sem ameaçar em nenhum momento o Palmeiras, time 
cruzeirense sofrerá muitas mudanças para o próximo ano 
E o que está ruim pode piorar ainda mais. Se a situação financeira do Cruzeiro já é crítica, na Série B do Brasileirão em 2020, as receitas serão muito menores. Cotas de TV e premiações são bem inferiores que na elite do futebol brasileiro. Jogadores com salários altos – e atrasados – certamente deixarão o clube como forma de enxugar a folha de pagamentos do elenco.

Entre os absurdos erros cometidos, o presidente cruzeirense Wagner Pires de Sá, por desespero ou irresponsabilidade, antecipou junto à Rede Globo, cotas até outubro de 2022 no valor de R$ 70 milhões. Porém, para que o dinheiro entrasse à vista, o clube precisou abrir mão de R$ 12 milhões, o que na prática resultou em apenas R$ 58 milhões. E ao antecipar receitas que vão além do seu mandato, Sá descumpriu exigência prevista no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidades Fiscal do Futebol Brasileiro - Profut. Sanções podem vir no futuro.

E antecipações não se limitaram à Globo. O clube também já recebeu suas cotas referentes aos campeonatos estaduais dos próximos dois anos. O mesmo também aconteceu com o dinheiro da Copa do Brasil de 2020. Outros adiantamentos vieram da Adidas, que fornecerá material esportivo em 2020 (R$ 2,5 milhões), e do Supermercados BH, futuro patrocinador máster da camisa (R$ 8 milhões).

Segundo o balanço de 2018, a dívida do Cruzeiro era de R$ 520 milhões. E a situação poderia ficar totalmente crítica se um empréstimo de R$ 300 milhões – autorizado pelo Conselho Deliberativo – fosse efetivado junto a um fundo internacional com juros de 9% ao ano. A operação acabou não sendo efetivada após as denúncias de casos de corrupção na diretoria.

O ano de 2020 será sofrido para a Raposa. E que sirva de lição para os demais clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Outros grandes também estão tão ou mais endividados que o Cruzeiros. Há gestões temerárias em curso aqui mesmo, em São Paulo. Como dizem por aí, um dia a conta chega! 


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Red Bull promete “dar asas” ao Bragantino em 2020


POR ROBERTO MAIA

O Red Bull Bragantino foi campeão da Série B do Brasileirão 2019
com cinco rodadas de antecedência (
Fotos: RB Bragantino/Divulgação)

O noticiário sobre os grandes clubes de São Paulo nesta semana ficou bem concentrado no Palmeiros. E não sem motivo. Após a derrota para o Flamengo no último domingo, o clube demitiu de uma só tacada o treinador Mano Menezes e o diretor de futebol Alexandre Matos. O presidente do Verdão, Maurício Galiote, atendeu os pedidos das torcidas organizadas que vinham pedindo a cabeça dos dois.

Entre os nomes especulados para ocupar o cargo de Matos me chamou a atenção o de Thiago Scuro, CEO do Red Bull Bragantino, responsável pelo projeto de parceria que promete dar muito o que falar em 2020.

No futebol tudo pode mudar de uma hora para outra, mas os comentários é que ele prontamente rejeitou a proposta e continua à frente do futebol do campeão da Série B do Brasileirão 2019 – com cinco rodadas de antecedência.

E não é difícil entender o motivo dele dizer não para uma dos maiores clubes do País. O projeto que ele comanda em Bragança é totalmente profissional. Ele tem contrato até o final de 2023 e conta com o respaldo da empresa multinacional austríaca Red Bull. Enquanto que no Palmeiras – e na quase absoluta maioria dos clubes brasileiros – o que vale são os resultados imediatos e não há projetos de médio e longo prazos.

A confiança de Thiago Scuro em seguir à frente do Red Bull Bragantino certamente está amparada no histórico da empresa no esporte. Desde 2005, a empresa banca duas equipes na Fórmula 1, onde conquistou quatro títulos de construtores e quatro de pilotos. No mesmo ano também começou a investir no futebol com o RB Salzburg, na Áustria. O sucesso foi imediato e o time hoje é uma potência no pais com 14 títulos conquistados, incluindo um hexacampeonato (2014 a 2019). Também disputa a Liga dos Campeões da Europa.

O treinador Antônio Carlos Zago aposta na mescla 
de jogadores experientes com jovens valores

Em 2009, adquiriu o time alemão SSV Markranstädt. Batizado de RB Leipzig, ascendeu da quinta para a primeira divisão do país. Na Bundesliga foi vice-campeão em 2017 e garantiu classificação para a Liga dos Campeões. A terceira colocação neste ano mais uma vez levou o time à elite europeia.

Portanto, se o sucesso nas empreitadas anteriores se repetir no Brasil, certamente Scuro, que tem apenas 38 anos, poderá ficar muito mais valorizado no futuro. 

Na próxima temporada o Red Bull Bragantino disputará o Paulistão, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro – após 22 anos de ausência. Para não fazer feio são esperados grandes investimentos na contratação de jogadores e na infraestrutura. Se em 2019 o futebol contou com cerca de R$ 45 milhões, o próximo ano poderá ter a injeção de até R$ 200 milhões.

O Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP), que tem capacidade para 17 mil torcedores, será reformado para a disputa do Brasileirão 2020. A ideia é ampliar para 20 mil lugares – capacidade mínima estabelecida pela Conmebol para receber partidas internacionais. Afinal, a Libertadores pode não ser um sonho distante. O projeto também inclui a construção de um novo centro de treinamento para a equipe profissional e sub-23.

O ex-goleiro do Corinthians, Julio César é um dos
mais experientes do Red Bull Bragantino

Confirmado para a próxima temporada, o treinador Antônio Carlos Zago teve o contrato renovado até o final de 2021. Ele aposta na mescla de jogadores experientes como o goleiro Júlio César (ex-Corinthians) e o jovem Claudinho, o meia de 22 anos, que foi o destaque do time e já é pretendido pelos grandes clubes do futebol brasileiro.

A Red Bull não está para brincadeira e se os objetivos forem alcançados, um novo ciclo no futebol nacional poderá ter início: o dos clubes-empresas.


ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA