terça-feira, 25 de abril de 2023

Cuca no Corinthians causa polêmica e agita redes sociais

POR ROBERTO MAIA

Cuca se declara inocente no caso ocorrido na Suíça; foi condenado há 15 meses de prisão, mas nunca cumpriu a pena. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Começo a coluna desta semana lembrando que na anterior comentei que Rogério Ceni e Fernando Lázaro poderiam perder os empregos. Dito e feito. Os treinadores não resistiram e foram demitidos dos cargos. Ceni volta ao mercado e Lázaro fica no Corinthians agora como auxiliar técnico do novo treinador Cuca.

E é sobre a contratação de Cuca que quero tratar esta semana. Sem dúvida um treinador conceituado no Brasil e com importantes conquistas: Libertadores (2013), Campeonato Brasileiro (2016 e 2021), Copa do Brasil (2021), Campeonato Mineiro (2011, 2012, 2013 e 2021) e Campeonato Carioca (2009).

Mas, apesar de ser considerado um treinador qualificado, a sua contratação pelo Corinthians trouxe à tona um caso que Cuca queria ver esquecido: a acusação de violência sexual a uma menina de 13 anos ocorrida na Suíça em 1987.

Cuca e outros três jogadores do Grêmio foram julgados à revelia e condenados pelo tribunal de Berna há 15 meses de prisão. Os jogadores que retornaram ao Brasil nunca cumpriram a pena. O crime prescreveu em 2012.

O treinador sempre negou participação no episódio e seguiu normalmente sua carreira como jogador de futebol. Depois do Grêmio ainda atuou por Real Valladolid, Internacional, Palmeiras, Santos, Portuguesa, Remo, Juventude e Chapecoense. Como treinador comandou o São Paulo, Palmeiras, Botafogo, Atlético-MG, Grêmio, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Santos.

Outro jogador acusado pelo mesmo crime na Suíça, o zagueiro Henrique também seguiu adiante. Inclusive jogou no Corinthians entre 1992 e 1997, onde participou de 292 jogos, fez 17 gols e foi até capitão do time.

Não estou aqui para julgá-los nem para defendê-los. O que quero ressaltar é que é impossível apagar a história. Ela sempre volta. Para o azar de Cuca e de muitas outras pessoas atualmente, as redes sociais chegaram e resgatam atos comedidos no passado. Ela também julga e condena. Nela os crimes cometidos nunca prescrevem. E a condenação é implacável e perpétua.

A direção do Corinthians devia saber disso quando resolveu trazer Cuca para o Timão. Correu o risco e estabeleceu uma pressão que pode prejudicar o time em um momento decisivo da temporada.

Na sexta-feira passada, um grupo de torcedoras foi ao CT Joaquim Grava para protestar. As torcidas organizadas Camisa 12, Estopim e Pavilhão 9 publicaram notas de repúdio. Muros do Parque São Jorge foram pichados com frases como “Fora Cuca”.

No domingo passado, no minuto 87 do jogo contra o Goiás, as jogadoras do time feminino do Corinthians e até o treinador Arthur Elias criticaram em postagens nas medias sociais a escolha da diretoria. Para um clube que tem slogan como “Respeita as Minas”, contratar um profissional que tem condenação por estupro de vulnerável é muito incoerente.

Atualmente haveria repercussão em qualquer time que ousasse contratar Cuca, mas no Corinthians ganhou repercussão muito maior. Afinal, o clube tem mais de 50% dos seus torcedores do sexo feminino. E sempre se envolveu em importantes causas sociais. A própria arena Neo Química ostenta dizeres como “é o time do povo”.

O presidente Duílio não pensou no legado deixado pelo seu pai Adilson Monteiro Alves, líder do movimento Democracia Corinthiana – juntamente com o saudoso doutor Sócrates – que marcou época no futebol brasileiro por defender a democracia no futebol e no País.

O Corinthians é muito grande e não precisava de Cuca. Entendo que o treinador é competente e pode até vir a conquistar títulos no Timão. Mas estará registrado na história do clube para sempre e as redes sociais não irão esquecer e nem perdoar.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

terça-feira, 18 de abril de 2023

Rogério Ceni e Fernando Lázaro estão na corda bamba

POR ROBERTO MAIA

Como treinador do São Paulo, Rogério Ceni não conseguiu manter o mesmo prestígio que conquistou como jogador. (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Os treinadores Rogério Ceni do São Paulo e Fernando Lázaro do Corinthians têm sido alvos de muitas críticas por parte de torcedores, imprensa esportiva e de dirigentes e conselheiros dos seus respectivos clubes. Ou começam a mostrar serviço ou correm o risco de perder o emprego.

Escrevi essa coluna na terça-feira, dia 18, antes do jogo do São Paulo contra o Academia Puerto Cabello, das Venezuela, pela segunda rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. Estou correndo um sério risco. Pois, em caso de um resultado negativo Ceni pode ser demitido. Esse é o pensamento da cúpula do futebol do Tricolor.

Ídolo da torcida como jogador que mais vezes vestiu a camisa são-paulina, Ceni não consegue manter o mesmo prestígio como treinador. Todos esperavam mais dele após as várias contratações de jogadores solicitadas. Mas o início de temporada com derrotas em jogos importantes e a eliminação do Paulistão para o Água Santa colocaram o técnico na linha de tiro.

No Morumbi já se discute abertamente nomes para ocupar o cargo de Rogério Ceni. Alguns falam em contratar um treinador estrangeiro e outros defendem um brasileiro que já conheça os jogadores do elenco. O nome de Dorival Júnior, atualmente livre no mercado, é um dos favoritos entre os são-paulinos.

Em sua segunda passagem como treinador do São Paulo, Ceni chegou ao clube em outubro de 2021. Não conquistou títulos, mas foi vice-campeão do Paulistão e da Copa Sul-Americana na temporada passada. Até o momento, comandou o Tricolor em 140 jogos, com 62 vitórias.

Fernando Lázaro prestigiado?

Cresce entre os corinthianos o entendimento é que Fernando Lázaro ainda não está preparado para comandar o Timão. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

No arquirrival Corinthians a sucessão de Fernando Lázaro também é assunto dominante. Muito embora o presidente Duílio Monteiro Alves garanta que o treinador está prestigiado pela diretoria. Mas como bem sabemos, isso não costuma significar nada no mundo do futebol.

Torcedores e conselheiros do Corinthians já não confiam em Lázaro. É voz corrente que ele não está preparado para comandar um time como o do Timão. Ser filho do ídolo Zé Maria e ter atuado como um analista de desempenho acima da média estão lhe dando sobrevida no cargo.

Apesar de ter ficado mais de 30 dias sem jogos oficiais e somente treinando, o time não mostrou nenhuma evolução técnica. A derrota para o Remo, em Belém, pela Copa do Brasil, deixou evidentes as deficiências do time.

E tal como no Morumbi, o nome de Dorival Júnior é cogitado entre os corinthianos, que ainda sonham com a volta de Tite. Sorte do ex-treinador do Flamengo, que está valorizado e poderá surgir como técnico de São Paulo ou Corinthians no caso de demissão de Rogério Ceni ou Fernando Lázaro.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

terça-feira, 11 de abril de 2023

Palmeiras se impõe e conquistas o 25° Paulistão da sua história

POR ROBERTO MAIA

O Palmeiras agora tem 25 taças do Paulistão, apenas cinco a menos que o arquirrival Corinthians. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

O Palmeiras distribuiu chocolate no domingo de Páscoa ao derrotar o Água Santa por 4 a 0 e conquistou o bicampeonato paulista. Após ser derrotado no primeiro jogo (2 a 1), o Verdão entrou em campo disposto a reverter o resultado ou “passar vergonha” como disse o treinador Abel Ferreira. Não passou, muito pelo contrário.

Com dois gols de Gabriel Menino, Endrick e Flaco López, o Palmeiras agora coleciona 25 taças do Paulistão. É o segundo maior vencedor, atrás apenas do arquirrival Corinthians que tem 30.

Em 2022, o Verdão também reverteu um placar desfavorável no primeiro jogo contra o São Paulo, que venceu no Morumbi por 3 a 1. No Allianz Parque derrotou o Tricolor por 4 a 0.

O fato é que o Palmeiras atualmente não tem adversários à altura na competição estadual. Está nadando de braçada. Com um elenco milionário que responde fielmente ao comando certeiro de Abel Ferreira, impõe seu jogo e passa por cima dos demais concorrentes.

O treinador português chaga assim ao seu oitavo título desde que chegou ao clube no final de 2020. Um feito notável sem dúvida. Abel igualou Vanderlei Luxemburgo em número de conquistas no Verdão e fica atrás somente de Oswaldo Brandão, que levantou 10 taças.

Em apenas dois anos e meio, Abel Ferreira venceu o Paulistão duas vezes (2022 e 2023), o bicampeonato da Libertadores (2020 e 2021), além de campeão brasileiro (2020), da Recopa Sul-Americana (2022), Copa do Brasil (2020) e Supercopa (2023). Importante lembrar que nos últimos 10 anos o Verdão conquistou 12 títulos.

Weverton é o goleiro com mais títulos conquistados na história do Palmeiras. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Mas no atual elenco palmeirense ninguém tem mais conquistas que o goleiro Weverton. Desde 2018, quando chegou ao Verdão, ele levantou 10 taças e se isolou como o goleiro com mais títulos na história do clube.

Mas o domingo de Páscoa não foi feliz apenas para a torcida do Palmeiras. No Rio de Janeiro, o Fluminense sagrou-se campeão revertendo um resultado negativo no primeiro jogo da decisão contra o Flamengo. O resultado (4 a 1) refletiu o que aconteceu no Maracanã. O Tricolor comandado por Fernando Diniz venceu o Mengão com autoridade.

Ao contrário de Abel Ferreira que coleciona conquistas, o seu compatriota Vitor Pereira acumula fracassos no Brasil. Em sua passagem pelo Corinthians não conquistou nenhum título. Deixou o Timão alegando problemas na saúde da sogra e assinou com Flamengo, um time vencedor nas mãos de Dorival Junior. E em apenas três meses conseguiu a façanha de perder quatro decisões: Supercopa do Brasil, Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana e Campeonato Carioca.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR