quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Futebol feminino caiu no gosto dos torcedores e não para de crescer

 POR ROBERTO MAIA

As “Brabas” do Corinthians conquistaram o tetracampeonato brasileiro ao derrotarem o Internacional. (Foto: Thais Magalhães/CBF)

Semana passada falei aqui que o recorde sul-americano de público em jogos de futebol feminino poderia ser batido na final do Brasileirão 2022 da modalidade. Não deu outra. E mais uma vez coube à torcida do Corinthians entrar para a história. No sábado, dia 24 de setembro, a Fiel lotou a Neo Química Arena - 41.070 torcedores - para ver as “Brabas” derrotar o Internacional por 4 a 1 e conquistar o tetracampeonato brasileiro.

O recorde anterior havia sido registrado na final do campeonato colombiano entre América de Cali e Deportivo Cali, em junho, quando 37.100 torcedores compareceram ao estádio Pascual Guerrero, em Cali.

Na semana anterior, a marca continental esteve próxima de ser batida na arena Beira-Rio, em Porto Alegre, quando o Internacional e o Corinthians se enfrentaram no primeiro jogo na final do Brasileirão. Foram 36.330 torcedores na partida que terminou empatada em 1 a 1.

Além da quebra de mais um recorde, o jogo final do Brasileirão Feminino também registrou a maior renda em um jogo da modalidade no Brasil. O Corinthians arrecadou cerca de R$ 1 milhão em ingressos vendidos, valor similar ao do prêmio dado pela CBF ao Timão pela conquista do campeonato. O Colorado, vice-campeão, recebeu R$ 500 mil.

Os valores pagos pela CBF são cinco vezes maiores do que os da temporada anterior. No total os 16 clubes participantes receberam R$ 5 milhões. São valores extremamente baixos quando comparados aos prêmios pagos em campeonatos de futebol masculino. Mas o jogo final do Brasileirão 2022 e a quebra do recorde de público marcam a evolução do futebol feminino no Brasil. A modalidade caiu no gosto dos torcedores e não para de crescer.

Os dirigentes também perceberam a ascensão do futebol feminino no Brasil e começaram a investir na modalidade. Bem diferente de quando montavam times por obrigação depois que a Conmebol, em 2016, passou a exigir que todos os clubes que disputarem a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana com seus elencos masculinos teriam que ter uma equipe feminina – principal e de base - a partir de 2019.

Gabi Zanotti comemorou mais um título do Timão junto com os torcedores que lotaram a Neo Química Arena. (Foto: Thais Magalhães)

No início os jogos dos times femininos eram disputavam em campos pequenos e praticamente sem torcedores. As emissoras de TV viram um nicho interessante para preencher suas grades de programação. A visibilidade chamou a atenção dos torcedores que aos poucos passou a acompanhar os jogos.

Em 2019, na decisão do Campeonato Paulista entre Corinthians e São Paulo, mais de 28,8 mil corinthianos compareceram ao estádio. Dois anos depois, em outra final do estadual contra o Tricolor foram 30.777 torcedores.

Com cada vez mais público os clubes passaram a utilizar as suas arenas e estádios para os jogos de futebol feminino. Este ano o Brasileirão Feminino teve jogos do Palmeiras no Allianz Parque, do São Paulo no Morumbi, do Corinthians na Neo Química Arena, do Internacional no Beira-Rio e do Real Brasília na Arena Mané Garrincha.

Jogos que foram transmitidos por três emissoras: Bandeirantes na TV aberta e Sportv e Eleven Sports nos canais fechados. E a audiência cresce a cada ano. Na final do Brasileirão a Band ficou na vice-liderança na Grande São Paulo, com 3,8 pontos de audiência. Cada ponto equivale a 74.666 casas ou 205.755 telespectadores. O jogo entre Corinthians e Internacional chegou a ter pico de 5,8 pontos de audiência, o que equivale a mais de um milhão de espectadores.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sábado, 17 de setembro de 2022

Para Tite, a Seleção Brasileira chega no seu melhor momento

 POR ROBERTO MAIA

Tite deixará o comando da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo FIFA no Catar. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Em meio às fases decisivas das copas do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, além do Campeonato Brasileiro que se aproxima da metade do segundo turno, quase esquecemos da Copa do Mundo FIFA 2022, no Catar. Diferentemente dos anteriores, o principal torneiro entre seleções do mundo será disputado no final do ano – entre 21 de novembro e 18 de dezembro. Será a primeira disputada no mundo árabe.

Há dois meses do início, todas as 32 seleções classificadas já são conhecidas. As últimas vagas ficaram com País de Gales, Austrália e Costa Rica após disputa da repescagem.

O clima de Copa ainda não chegou ao Brasil. Talvez por causa do período pré-eleitoral no país. Ver alguém vestindo a camisa da Seleção Brasileira não significa necessariamente que seja um torcedor apaixonado por futebol.

Faltando pouco tempo para o Mundial, o treinador brasileiro Tite definiu os 26 jogadores convocados para os amistosos preparatórios que serão disputados nos dias 23 e 27 de setembro, na França. O primeiro adversário será o selecionado de Gana em jogo que será disputado no Stade Océane, em Le Havre. Quatro dias depois será a vez da Tunísia enfrentar o Brasil, no Parque dos Príncipes, em Paris.

Neymar Jr., que chega à sua terceira Copa do Mundo, é o principal nome da Seleção Brasileira. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF) 

Durante participação no programa Bem, Amigos! do Sportv na última segunda-feira (12), Tite garantiu que o grupo ainda não está fechado e que a convocação final ainda poderá ter novos nomes. “Peço a todos os atletas que continuem dando o máximo para estarem preparados em caso de convocação para a Copa. Quem não foi chamado agora ainda poderá ser. Vou usar os dois jogos amistosos para testes”, disse. A declaração é uma boa notícia para Daniel Alves, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus e outros que ainda sonham estar no Catar, em novembro.

Perguntado sobre a possibilidade de chamar Gustavo Scarpa do Palmeiras, que atravessa ótima fase, para compor o grupo que irá para o Catar, o treinador disse que ele está no radar da comissão técnica da Seleção.

Para a Copa do Mundo FIFA, Tite poderá convocar até 26 jogadores, assim como fez para os amistosos na França.

O treinador brasileiro, que já anunciou o seu desligamento da Seleção Brasileira após a Copa no Catar, enfatizou que ainda não pensou em qual será o seu destino em 2023. “Estou completamente focado na Copa do Mundo. A Seleção Brasileira chega no seu melhor momento de preparação ao longo desses quatro anos”, garantiu.

Tite também pediu para que independentemente de quem venha assumir o comando do selecionado brasileiro, que seria importante manter a atual comissão técnica que vem realizando um ótimo trabalho e está plenamente entrosada. Suas palavras foram endossadas por Juninho Paulista, coordenador de seleções da CBF, que também participou do programa comandado por Galvão Bueno.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

terça-feira, 6 de setembro de 2022

De mito a burro, Rogério Ceni vive dias difíceis no São Paulo

 POR ROBERTO MAIA

Maior ídolo são-paulino como jogador, Rogério Ceni amarga dias difíceis como treinador do Tricolor. (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Ao final do jogo contra o Cuiabá no último domingo, a torcida são-paulina presente na Arena Pantanal, na capital do Mato Grosso, vaiou e xingou Rogério Ceni de burro após o time completar seis partidas sem vencer. Os torcedores não pouparam o antigo ídolo, apesar de o Tricolor ter alcançado um empate heroico por estar jogando com um jogador a menos durante todo o segundo tempo.

A revolta dos torcedores veio logo após o treinador mandar a campo o meio-campista atleta Igor Gomes, que foi expulso no jogo contra o Atlético-GO, pela semifinal da Copa Sul-Americana, quando o time foi derrotado por 3 a 1.

Na entrevista coletiva após o jogo Ceni defendeu Igor Gomes, mas não o isentou de culta pela derrota do time. “Quando você joga sob vaias, é complicado. Foi um erro dele, já tinha o amarelo e não podia ter dado o carrinho. Infelizmente, ele cometeu um erro, igual todos nós já cometemos na carreira. O jogo ficou mais complicado depois disso”, disse. E ainda arrematou dizendo que a atuação do time foi “péssima” e que a classificação é uma “obrigação”.

Entendo que Rogério Ceni está perdendo o apoio dos seus jogadores. No Brasil é “crime mortal” treinadores exporem erros individuais em público. O grupo normalmente não aceita isso. E não foi a primeira vez que o treinador do Tricolor apontou o dedo para um jogador que falhou durante o jogo.

Também está perdendo o apoio da torcida que sempre o idolatrou como jogador. Exemplo disso foi a discussão que Ceni teve com alguns torcedores quando a delegação chegou ao hotel em Cuiabá. O M1TO está vivendo um momento de fragilidade que somente vitórias do time podem impedir estrago maior na sua imagem vencedora.

Rogério Ceni como jogador sempre trabalhou para se manter no auge físico e técnico. Não fosse assim não teria sido titular em 1.237 jogos de um time que conquistou muitos títulos com ele no gol. O número recorde o consagra como o atleta com mais partidas pelo Tricolor, bem como o que mais vezes entrou em campo por um mesmo clube em todo o mundo.

Com gritos de “burro”, torcida do São Paulo não poupou Rogério Ceni após empate com o Cuiabá. (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Mas o torcedor não lembra do passado de glórias de Rogério com a camisa do São Paulo. Principalmente quando vê o seu time ameaçado de ser eliminado nas semifinais da Copa do Brasil e da Sul-Americana, além de estar perigosamente próximo da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.   

Os torcedores não enxergam que o Rogério Ceni treinador conseguiu obter ótimos resultados no ano com o elenco que tem em mãos. Com dificuldades financeiras o São Paulo não fez grandes contratações e o treinador teve que recorrer aos jovens revelados no CT de Cotia. 

O amor de Rogério Ceni pelo São Paulo impediu que ele analisasse os prós e contras de um retorno ao clube. E ele está sofrendo por isso. Por outro lado, precisa ser um pouco mais humilde e assumir seus erros no comando do time. E, acima de tudo, proteger seus jogadores e apoiá-los quando mais precisam de carinho e atenção. Se fizer isso certamente será um grande treinador porque competência não lhe falta.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR