quarta-feira, 30 de setembro de 2020

CORONAVÍRUS AMEAÇA SEQUÊNCIA DO BRASILEIRÃO 2020

 POR ROBERTO MAIA

Palmeiras e Flamengo jogaram por decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e com 20 minutos de atraso. (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

A decisão do TST evitou uma crise entre os clubes que disputam o Brasileirão 2020. O Flamengo agiu de maneira isolada e contrária à decisão assumida pelos clubes juntamente com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade organizadora da competição.
A
rodada do Campeonato Brasileiro da Série A do último final de semana, ficou marcada pela polêmica que envolveu o jogo entre Palmeiras e Flamengo, que somente ocorreu por decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Por decisão judicial a partida quase não aconteceu e o motivo do imbróglio, como todos sabem, foram os vários jogadores do rubro-negro que testavam positivo para a Covid-19. Contrário à realização do jogo, o Mengão teve que improvisar uma escalação com reservas e juniores.

A manifestação mais contundente veio do presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara, que criticou a postura do rubro-negro de pedir o adiamento do jogo contra o Verdão. Ele demonstrou seu descontentamento com o fato de a Justiça comum ter sido acionada para tratar do caso. "Os regulamentos são claros, com previsão de penas gravíssimas. Os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões da Justiça comum que digam respeito à organização das competições. Por isso, é bom lembrar, os clubes estão unidos e atentos. Os tempos são outros. A lei é para todos", disse, exigindo punição severa do clube carioca.

O assunto chegou ao Senado Federal. A senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) apresentou emenda que previa a suspensão de uma partida de futebol por decisão de um dos clubes quando houvesse surto de contaminação de atletas por Covid-19. Porém, o relator da matéria no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), rejeitou a emenda, mas acrescentou ao relatório a possibilidade de suspensão de partidas, mediante “recomendação técnica de consulta à questão de saúde”, em caso de surto de Covid-19 entre os jogadores.

Apesar da crescente flexibilização, a pandemia do novo coronavírus segue em todo o mundo fazendo vítimas. O futebol adotou rigorosos protocolos de saúde e higiene para ser retomado. Entretanto, no Brasil, os casos de jogadores e membros das comissões técnicas contaminados são recorrentes. E são muitos os casos. Algo está errado no processo.

Paulo Henrique Ganso testou positivo logo após o jogo contra o Coritiba, dia 28, no Rio de Janeiro. (Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)

Nessa semana, o Grêmio também divulgou que os zagueiros Geromel e Kannemann testaram positivo para o novo coronavírus. A notícia veio a menos de cinco horas do início do jogo contra a Universidad Católica, do Chile, realizada na terça-feira e válido pela quinta rodada do Grupo E da Copa Libertadores.
O caso do Flamengo revela a seriedade da questão. Foram 41 casos na delegação desde a viagem para o Equador para os jogos da Libertadores, sendo 19 jogadores. O rival Fluminense também apresentou casos de jogadores contaminados nos últimos dias. O Tricolor carioca informou que dez jogadores testaram positivo para a Covid-19. O último a ser contaminado foi o meia Paulo Henrique Ganso.

Apesar da quantidade de jogadores infectados os casos são na maioria assintomáticos com recuperação rápida e sem sequelas. Mas o risco de complicações não pode ser desprezado. O que não sabemos é sobre os desdobramentos dessas contaminações. Os atletas teriam transmitido o vírus para familiares e amigos com os quais tem contato?

Por essas e outras é que a atitude do Flamengo - e da Prefeitura do Rio de Janeiro - de pleitear a volta do público em seus jogos no Maracanã é totalmente fora de propósito nesse momento. Os torcedores estariam totalmente expostos à contaminação. Pessoas de diversas faixas etárias, que não têm a mesma retaguarda que os jogadores e seus clube, seriam vítimas fáceis para o vírus. Enquanto não houver uma vacina contra a Covid-19 os jogos devem continuar acontecendo sem torcida nos estádios.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

APESAR DA PANDEMIA, FUTEBOL NO BRASIL PODERÁ TER A VOLTA DA TORCIDA

 POR ROBERTO MAIA

Prefeitura do Rio de Janeiro quer jogos no Maracanã com torcida já no próximo dia 4 de outubro (Foto: Pixabay)

O futebol voltou no Brasil em plena pandemia do novo coronavírus. O retorno aconteceu sob rígidos protocolos de higiene e saúde com jogadores, comissões técnicas, equipes de arbitragens e outros profissionais envolvidos nos jogos. Porém, com os estádios e arenas sem público. Bandeiras, faixas, fotos de torcedores e som ambiente tentaram dar alguma graça ao espetáculo, mas faltava o personagem principal, a torcida.

A primeira sinalização para a volta do público aos jogos veio da Prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella anunciou a volta dos torcedores aos jogos no Maracanã a partir do dia 4 de outubro, data da partida entre Flamengo e Athletico Paranaense.

Em campanha eleitoral e visando sua reeleição, Crivella afirmou que o jogo terá a presença de apenas 20 mil torcedores, ou seja, um terço da capacidade total da arena. Ainda de acordo com o prefeito carioca, a abertura do Maracanã servirá como teste para a volta dos torcedores também aos outros estádios, como o Engenhão e São Januário. E para evitar filas e aglomerações, a comercialização dos ingressos para os jogos serão realizadas pela internet.

Difícil será evitar o contato entre torcedores em momentos de emoção em um gol decisivo (Foto: Reprodução Premier) 

Pouco tempo depois do anúncio da Prefeitura do Rio de Janeiro, o presidente do Corinthians Andrés Sanchez se pronunciou através da sua conta no Twitter. O mandatário do Timão ameaçou não colocar o time em campo se todos os times da Séria A não tiverem a mesma oportunidade, independente do Estado ou cidade. A forte afirmação colocou sob risco a continuidade do Brasileirão. Prenúncio de crise das grandes à frente.

Essa semana foi a vez da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se manifestar. Em nota oficial a entidade disse que reunirá clubes da Série A para discutir o retorno do público aos jogos. A medida prevê a utilização de até 30% da capacidade dos estádios, a partir de outubro, ainda sem data definida. Informa também que recebeu parecer favorável do Ministério da Saúde sobre o plano de estudos para a volta dos torcedores, entretanto condiciona a permissão à avaliação das autoridades sanitárias de Estados e Municípios. O governador de São Paulo, João Dória, já informou que os jogos de futebol no Estado continuarão sem a presença dos torcedores nos estádios.

Paralelamente a toda essa discussão, a CBF divulgou relatório de testagem do coronavírus no Brasileirão. Foram realizados 9.690 exames nas séries A, B e C, sendo que apenas 182 apontaram resultado positivo. O estudo foi pelo elaborado pelo Grupo Científico CBF, liderado pelo presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF), Jorge Pagura.

Dr. Jorge Pagura lidera time de especialistas que trabalham para garantir a máxima segurança sanitária nos jogos (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)


Quanto ao trabalho desenvolvido pela CBF através da equipe comandada pelo doutor Pagura não há dúvida de que está sendo bem feito. O que tenho dúvida será quanto ao comportamento dos torcedores nos estádios caso a presença seja liberada, embora em quantidade reduzida. Outra questão importante é saber como será a comercialização dos ingressos. Claro que será através da internet, mas quem serão os privilegiados torcedores que terão o direito de torcer para os seus times? E uma vez dentro do estádio quem controlará o comportamento dos torcedores para que cumpram os protocolos que evitariam o contágio e disseminação da Covid-19?

“Desde o primeiro momento, a CBF vem tratando o cenário com extremo cuidado, sempre equilibrando as necessidades do mundo do futebol com a realidade que estamos enfrentando nessa pandemia. Esses dados mostram uma evolução na eficiência do protocolo, que segue com o objetivo de dar segurança sanitária a todos os envolvidos na realização das partidas”, afirmou Pagura.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

MANIFESTAÇÕES VIOLENTAS DE TORCEDORES VIRARAM ROTINA NO FUTEBOL BRASILEIRO

 POR ROBERTO MAIA

Torcida do Corinthians apoia o time durante todo o jogo, mas também cobra e ameaça jogadores (Foto: Tino Simões)

Cenas como as dos jogadores do Corinthians sendo ameaçados por integrantes de torcidas organizadas, quando desembarcaram no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, vindo do Rio de Janeiro após derrota para o Fluminense, nem causam mais tanto espanto. No Brasil, infelizmente, ações violentas como essa já são comuns e, pior, corriqueiras.

Ironia do destino é que no jogo contra o Tricolor carioca, os jogadores realizaram um minuto de protesto em repúdio à recente invasão do estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, durante treino da equipe do Figueirense. Na oportunidade, um grupo de 40 torcedores armados com porretes e disparando rojões, ameaçou e agrediu jogadores - um dia após a derrota por 1 a 0 para o Paraná, pela Série B.

A Polícia Civil de Santa Catarina está investigando e analisando imagens cedidas pelo Figueirense. O inquérito policial apura os crimes de lesão corporal, ameaça, danos ao patrimônio e promoção de tumulto em estádio de futebol. Resta saber se os responsáveis serão identificados e punidos exemplarmente. A prática comum nesses casos são as diretorias dos clubes “passarem pano” nas atitudes violentas das suas torcidas organizadas.

Até o ídolo Cássio, um dos maiores goleiros da história do Timão, foi vítima da fúria dos torcedores (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians) 

No caso que envolveu os jogadores do Corinthians nem um boletim de ocorrência foi lavrado. O clube se limitou a divulgar nas redes sociais uma fria nota de repudio onde lamentou o fato. Provavelmente ninguém será responsabilizado, apesar das muitas imagens que circularam nas redes sociais, além das câmeras de segurança do aeroporto.

O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, lamentou o ocorrido mas contemporizou a atitude dos torcedores. Segundo ele, as portas do CT sempre estiveram abertas para os torcedores realizarem “reuniões de cobranças” com jogadores e comissão técnica. Ele diz isso como se fosse a coisa mais normal no futebol mundial. Não fossem os seguranças do aeroporto que ajudaram os do clube, agressões poderiam ter acontecido.

Em fevereiro de 2014, torcedores do Corinthians fizeram algo parecido com o que aconteceu com o time do Figueirense. Durante um treino no Centro de Treinamento do Timão, um grande grupo de torcedores invadiu as dependências e ameaçou de agressão o elenco durante um treinamento. Os jogadores tiveram que se esconder em uma das salas para não serem agredidos. Com medo, chegaram a colocar armários atrás da porta para que ela não fosse arrombada. O então treinador Mano Menezes e os jogadores Emerson Sheik e Alexandre Pato foram os mais visados. A polícia foi acionada e os torcedores se retiraram após negociação. E, apesar das inúmeras imagens disponíveis ninguém foi preso ou responsabilizado. E, pior, a própria direção do Alvinegro disse que as imagens das câmeras de segurança sumiram.

Centros de treinamento são frequentemente invadidos por torcedores para cobrar desempenho dos jogadores (Foto: Reprodução Facebook)

Mas os ataques dos torcedores contra jogadores não são coisa recente. Em 1997, após um jogo contra o Santos na Vila Belmiro, o ônibus que transportava os jogadores do Corinthians de volta a São Paulo sofreu uma emboscada na Rodovia dos Imigrantes. O veículo teve a passagem bloqueada por outro ônibus com cerca de 40 torcedores a bordo, que atacaram o busão do Timão com paus e pedras. Vidros foram estilhaçados e o meia Rincón ficou ferido. O motorista do ônibus corinthiano não abriu a porta, apesar dos pedidos dos violentos agressores, o que evitou uma tragédia. Claro, ninguém foi identificado e nem responsabilizado.

O fato é que ao longo dos anos nos acostumamos a ver notícias de manifestações violentas de torcedores contra jogadores do próprio time. Aconteceu com o Palmeiras, o São Paulo, o Flamengo, a Ponte Preta e tantos outros clubes país afora.

A pergunta que fica é quem pode fazer alguma coisa para acabar com esse jeito violento de cobrar tão comum entre torcedores brasileiros? Os clubes evitam ir fundo com medo de represarias. Então cabe aos órgãos de segurança e ao Ministério Público tomar providências. Antes que algo pior aconteça.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A DANÇA DAS CADEIRAS SEGUE ATIVA ENTRE OS TREINADORES NO BRASIL

 POR ROBERTO MAIA

Tiago Nunes chegou ao Corinthians como treinador revelação de 2019 e poucos meses depois, corre risco de demissão (Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)


O futebol brasileiro definitivamente não é para amadores. A maioria dos clubes da Série A do Brasileirão estão endividados e suas respectivas gestões são na grande maioria desprovidas de planos de médio e longo prazo. O imediatismo dos resultados é a prática mais comum.

Primeiro contratam jogadores não por critérios técnicos, mas por oportunidades oferecidas por empresários. Jogadores sem clube e que aceitam um percentual do passe são os preferenciais. Claro que nem sempre dá certo e os mesmos são envolvidos em trocas ou emprestados para outros times com parte do salário pago pelos detentores dos direitos federativos.

Já no caso dos treinadores parece prevalecer a total falta de critério na hora de contratar. É um absurdo o que uns vinte ou trinta técnicos circulam entre os times das séries A e B do Brasileirão. Sempre os mesmos. Só deixam o mercado quando resolvem se aposentar por vontade própria.

Tem treinador que coleciona trabalhos ruins em todos os times que dirigiu e sempre encontra portas abertas em outros. Qual o critério de quem contrata? Nenhum, claro!

Novo treinador do Bahia, Mano Menezes estava sem trabalhar desde o fim do ano passado quando deixou o Palmeiras (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)

No ano passado foram 23 trocas de treinadores. Em 2018, foram 25 trocas. Todo ano é a mesma história e a dança das cadeiras dos chamados “professores” segue frenética em 2020, apesar da pandemia da Covid-19 que paralisou o futebol por alguns meses. 

Nem chegamos a dez rodadas do Brasileirão 2020 e vários treinadores já foram dispensados por seus clubes. O último foi Roger Machado, do Bahia. Antes dele foram mandados para o olho da rua os profissionais Eduardo Barroca (Coritiba), Ney Franco (Goiás), Dorival Júnior (Athletico), Daniel Paulista (Sport) e Felipe Conceição (Red Bull Bragantino).

Interessante é que até o Red Bull Bragantino, que é gerido por uma empresa estrangeira e por isso deveria ser diferente, apela para o velho recurso quando os resultados não vêm.

Após a saída de Jorge Sampaoli o Santos foi buscar o português Jesualdo Ferreira, um desconhecido no Brasil (Foto: Ivan Storti/Santos FC)


Vejamos o caso do Santos. Em 2019 contratou o treinador argentino Jorge Sampaoli e após ótima campanha terminou o Campeonato Brasileiro na segunda colocação. Sampaoli se desentendeu com o presidente santista e foi embora. Para a reposição acreditaram que o segredo era contratar outro estrangeiro. Inspirados no sucesso de Jorge Jesus no Flamengo trouxeram o português Jesualdo Ferreira, um ilustre desconhecido no Brasil. Claro que não deu certo e dias antes do início do Brasileirão ele foi demitido. Para ocupar o lugar dele o Alvinegro contratou o experiente Cuca, que estava desempregado apenas esperando o telefone tocar e ser chamado por algum clube.

Para substituir Roger Machado o Bahia recorreu para outro velho conhecido que também estava esperando o telefone tocar: Mano Menezes, que estava sem trabalhar desde o fim de 2019, quando deixou o Palmeiras. Mano assinou contrato até o fim de 2021. Alguém acredita que ele seguirá firme até o final? Difícil.

Fato raro no futebol brasileiro, Renato Portaluppi está no comando técnico do Grêmio desde 2016 (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)


No Grêmio, Renato Portaluppi é o único treinador da Série A que está há mais de um ano no comando do mesmo time. Ele está no cargo desde 2016, algo raríssimo no futebol brasileiro.

Quem será o próximo treinador a ser demitido? Tiago Nunes no Corinthians, Fernando Diniz no São Paulo e Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras são nomes que vivem momentos turbulentos à frente dos seus clubes e sofrem fortes pressões a cada mal resultado. Todos eles foram “prestigiados” e aí é que mora o perigo. 

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

CORINTHIANS COMEMORA 110 ANOS E ANUNCIA A NEO QUÍMICA ARENA

 POR ROBERTO MAIA

Corinthians comemorou seus 110 anos em noite festiva na sua arena
(Foto: @jp_drone /Corinthians)

N
a coluna da semana passada questionei sobre a veracidade das especulações a respeito da venda do naming rights do estádio do Corinthians em Itaquera. Imprensa, blogueiros e torcedores através das redes sociais “chutaram” diversos nomes do possível parceiro do Timão.

Pois bem, quem apostou na Hypera Pharma - antiga Hypermarcas – acertou. Desde o primeiro minuto do dia 1º de setembro, data do 110º aniversário do Corinthians, a casa da Fiel passou a ser oficialmente a Neo Química Arena.

A Hypera Pharma é a maior empresa farmacêutica brasileira em termos de receita líquida e capitalização de mercado. A marca Neo Química já foi patrocinadora máster da camisa do Corinthians entre 2009 e 2011, época em que o time contou com o Ronaldo Fenômeno.

Inaugurada em 10 de maio de 2014, a moderna arena corinthiana já estava virando piada entre os torcedores adversários por não conseguir um parceiro comercial para dar nome ao estádio. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez sempre vinha a público e dizia que faltava pouco para concretizar negociações, mas nunca chegava a concretizar.

Uma live marcou a comemoração do aniversário do Corinthians e o anúncio do nome da arena do Timão (Foto: Reprodução TV Corinthians)

O novo nome foi mantido em segredo por vários dias, o que deu margens às especulações. Uma live-show foi organizada para acontecer na arena na noite de 31 de agosto e, à meia-noite a revelação seria feita. Porém, alguém envolvido no evento acabou por divulgar uma foto com o nome Neo Química projetado nas arquibancadas e pôs fim ao segredo. A foto rapidamente viralizou na internet. Mesmo assim, a apresentação através da TV Corinthians no Youtube teve mais de 1,2 milhão de pessoas sintonizadas.

A apresentação teve início às 22h30 e teve como apresentadores o ator Dan Stulbach e o ex-goleiro e comentarista da Band Ronaldo Giovanelli. A cantora Negra Li (foto ao lado) foi a convidada especial para as apresentações musicais. Uma grandiosa queima de fogos à meia-noite antecedeu o anúncio. 

O valor pela cessão do naming rights, que terá a duração de 20 anos, será de R$ 300 milhões. Os pagamentos anuais serão destinados diretamente à Caixa Econômica Federal para abater a dívida contraída pelo Corinthians para a construção da arena. Atualmente a CEF e o clube negociam o valor real devido que estaria entre R$ 480 a R$ 536 milhões.

O que precisa ficar claro para os torcedores corinthianos é que esse foi um grande passo para a equação das finanças que envolvem a arena. Contudo, somente o naming rights não solucionará as pendências. O presidente corinthiano informou que além dos jogos serão realizados shows musicais como forma de ampliar as receitas. Mas deixou claro que o Corinthians nunca irá jogar em outro estádio por causa de shows na sua arena.

Na oportunidade o dirigente também pediu o apoio da imprensa para que citem o nome Neo Química Arena, como forma de valorizar essa nova forma de investimento no futebol. Principalmente em um ano em que a economia foi devastada pela pandemia. O mandatário do Timão também confirmou que existe outra negociação com a Hypera Pharma que envolve a camisa corinthiana.

Agora, Sanchez tenta convencer a TV Globo a dizer o nome da arena, algo que a emissora normalmente não faz durante as transmissões dos jogos. Exemplo é o Allianz Parque, a arena do Palmeiras, que nunca foi chamada pelo nome oficial. Da mesma forma não chama o Red Bull Bragantino com o nome da marca de energético.

O que pesa a favor do Corinthians é que a Hypera Pharma é uma das maiores parceiras comerciais da Globo. A empresa comprou uma das cotas no valor de R$ 307 milhões para estar nas transmissões do futebol em 2020. Além disso, na terça-feira à noite, veiculou uma inserção publicitária de 30 segundos para anunciar o novo nome da arena do Corinthians na abertura do Jornal Nacional. O espaço é o mais caro na grade de programação da emissora: R$ 1,356 milhão.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR