quinta-feira, 29 de abril de 2021

CORINTHIANS TENTA ENCONTRAR A PAZ NO CAMPO E NA POLÍTICA

 POR ROBERTO MAIA

O jovem zagueiro João Vitor tem se destacado positivamente na lateral-direita do Timão
(Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Com uma dívida próxima de R$ 1 bilhão, o Corinthians não tem dinheiro para contratações e foi obrigado a colocar em campo uma série de garotos formados nas categorias de base. Por causa do grande número de jogos, o treinador Vagner Mancini tem levado a campo times diferentes, mesclando jogadores com maior experiência com os jovens. O resultado nem sempre agrada os torcedores, mas apesar de jogos ruins, o time lidera com folga o seu grupo no Campeonato Paulista e segue na Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.

O Corinthians já revelou grandes craques forjados nos antigos campos de terra no Parque São Jorge. Por isso, a torcida tem mais paciência e tolerância com os jovens que são promovidos ao time principal. Claro que os que mostram técnica e raça recebem maior admiração.

Vários garotos vindos das categorias de base ou contratados para o Sub-20 estão treinando entre os profissionais do Timão. Entre eles, os goleiros Caíque França, Matheus Donelli e Guilherme; os zagueiros Léo Santos, João Vitor, Raul Gustavo, Lucas Piton e Biro; os meias Gabriel Pereira, Gustavo Mantuan, Matheus Araújo, Roni, Ruan Oliveira, Vitinho, e Xavier; e os atacantes Cauê, Adson, Antony, Felipe Augusto, Rodrigo Varanda e Léo Natel.

Sem dúvida um número considerável para um clube que nos últimos anos se acostumou a gastar com contratações milionárias que nem sempre tiveram resultado positivo em campo. Tanto que a folha de pagamento do elenco corinthiano está entre as maiores do futebol brasileiro.

Duílio Monteiro Alves tem apoio dos conselheiros, mas sofre pressão por causa do endividamento elevado na gestão anterior. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)


Enquanto dentro de campo o Corinthians tenta encontrar o caminho para voltar a sonhar com a conquista de campeonatos, na política interna o tempo anda bastante quente. Com apenas três meses ocupando a cadeira de presidente, Duílio Monteiro Alves tem se desdobrado para cortar despesas e aumentar as receitas do clube. Ao mesmo tempo procura encontrar o equilíbrio nas relações com conselheiros situacionistas e de oposição.

Diferentemente das gestões anteriores, o grupo de oposição dentro do Conselho Deliberativo é maior. Duzentos novos conselheiros eleitos tomaram posse em janeiro, sendo a metade da oposição. Além deles há, ainda, 120 conselheiros vitalícios, que podem pender para ambos os lados. O equilíbrio de forças tem gerado atritos e ofensas entre os conselheiros.

Embora 100% dos conselheiros jurem estar apoiando a gestão de Duílio, a parte oposicionista não abre mão de continuar cobrando explicações sobre o endividamento do clube nas últimas gestões. O resultado desse embate pôde ser visto na reunião realizada na última terça-feira, dia 27. Depois de ter sido adiada várias vezes ao longo de 2020 por conta da pandemia da Covid-19, ela ocorreu de forma virtual, algo inédito na história do clube.

Com 262 conselheiros presentes, foram votadas as contas de 2019 e 2020, ambas da gestão do ex-presidente Andrés Sanchez, e o Orçamento de 2021. O resultado final apontou a reprovação das contas de 2019 (132 a 130) e a aprovação do balanço financeiro de 2020 (130 a 124). O Orçamento foi aprovado pela maioria (205 a 28 com duas abstenções).

A reprovação das contas de 2019 representou a primeira derrota de Andrés Sanchez desde que ele se elegeu presidente pela primeira vez em 2007. Líder do grupo Renovação e Transparência, Sanchez perdeu o apoio de antigos diretores e conselheiros ao longo dos anos. Ele que já foi unanimidade e ícone na política do clube, hoje é alvo das críticas dos oposicionistas e dos torcedores.

Caso a reunião tivesse acontecido em 2020, Sanchez poderia sofrer um processo de impeachment. Como não é mais presidente poderá ter que se explicar em um processo administrativo dentro do Conselho Deliberativo e caso prospere até ficar inelegível por vários anos.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

O VIKING VOADOR

POR BILLY VIVEIROS

Ado (Foto: Acervo Corinthians)

Domingo, abril de 1972. Pouco mais que três da tarde. O sol brilha alto tendo, como pano de fundo, imenso céu azul. Uma brisa permeia tudo, mantendo a temperatura amena, agradável, como é próprio a um dia de Outono. No vestiário de um clube, num vilarejo do interior, um grupo de jovens na faixa dos vinte e poucos anos e dorsos desnudos aguarda, ansioso, que o técnico inicie a distribuição de camisas.

O lugar é pequeno, apertado. Um odor ocre de suor, misturado ao cheiro de cânfora dos óleos de massagem rescende e deixa o ar viciado, difícil de respirar. Há uma crescente tensão no ambiente: ninguém admite ficar de fora, todos querem jogar! A reserva, para um jogador de várzea é algo tão doloroso quanto a frustração de uma criança que espera por um presente de Natal que nunca chega, ele joga por amor.

Todos ali passaram a semana dando duro na usina, ajudando aos pais em casa ou simplesmente estudando. Independente da ocupação, cada jovem, naquele vestiário, superou tudo ao longo da semana pensando num único momento mágico e restaurador: o jogo de domingo e, agora, essa hora tinha chegado.

Por capricho, implicância, "ovo virado" do técnico, corria-se sempre o risco de ficarmos de fora, não sermos escalados. Assim, domingo após domingo, na hora da distribuição das camisas vivia-se sempre a mesma ansiedade, a mesma tensão. Nesses momentos pairava um silêncio estranho no ar.

Finalmente o treinador, um sujeito de poucas palavras e com ares de quem não se deve esperar favores ou gestos de simpatia, posta-se no centro do vestiário, ao lado de um enorme saco de lona verde. O time vai ser escalado, as camisas distribuídas. O “técnico” se curva para alcançar o interior daquele fardo e, a cada camisa que pega, repete o ritual: dá uma rápida olhada no número, às costas, e, em seguida, percorre o grupo com seus olhos pequenos e frios.

Encontrando o jogador a quem aquela camisa se destina, sem dizer palavra, atira-lhe o "manto sagrado". Naquele instante ele é como um general, distribuindo armas à tropa antes da batalha. Alguém capaz de proporcionar, a um só tempo e com igual intensidade, alegria e frustração: a uns, por tê-los feito titulares e, a outros, por ter-lhes destinado a reserva.

Sou um dos goleiros do time. Súbito, vejo uma camisa negra, desbotada, puída nos cotovelos, com um número "1" vermelho costurado às costas e um emblema triangular no peito voar em minha direção. Eu a agarro com prazer: "Oba, vou jogar!".  É a única coisa que a euforia me permite pensar.

Enfio logo a camisa no corpo e a ajeito, completando o uniforme constituído também de chuteiras, meias, sunga e calção. Nenhum gesto de humanidade para com meu colega de posição, cabisbaixo, por ter sido uma vez mais preterido, me ocorre. Mas, é assim que as coisas são no duro mundo do futebol. Especialmente no futebol de várzea. Além do que há um entendimento tácito, nesse ambiente, de que o chamado "esporte bretão" não foi feito para maricas, "filhinhos da mamãe". É coisa para macho e como tal deve ser encarado.

São Paulo Electric Futebol Club (Foto: Arquivo Pessoal)

A esta altura resta-me apenas colocar a parte mais sofisticada de minha "armadura": meu par de luvas de couro marrom, revestida de borracha de bolinhas, como as das raquetes de pingue-pongue. Esse capricho custara-me uma bicicleta novinha. Eu precisei vendê-la para ter dinheiro suficiente para a luva! (No início dos anos 1970, mesmo entre profissionais, ainda são poucos os goleiros que usam luvas e as poucas disponíveis no mercado custam seu peso em ouro.)

Mas eu consegui o meu par e é isso o que importa. Enquanto eu as calço percebo o olhar de curiosidade e admiração do restante do time. Demais! Na verdade, estou radiante por poder jogar, por poder me exibir para toda a torcida (Meu Deus! Tudo é mesmo "vaidade debaixo do Sol"). Ali mesmo, no vestiário, dou uns saltos para cima, buscando me aquecer. Depois, por minha própria conta e risco, faço exercícios de alongamento que, imagino, serem certos. Afinal, achar que o glorioso São Paulo Electric Futebol Club (o time tinha esse nome esquisitão por ter sido fundado por engenheiros gringos da Light) tem massagista ou um fisicultor seria sonhar demais!

Falando francamente, além do uniforme, a gente só tem mesmo uma bola de couro gasta e uma bomba e bico para enchê-la de ar. Por isso, se no desenrolar da partida, por azar ou inabilidade, um becão der uma bicuda e a bola sumir no mato ou furar, adeus jogo!

Pego a bola com gomos pretos e brancos, no padrão Copa 70, e perfilo o time para a entrada em campo. O juiz, algum ilustre desconhecido, escolhido minutos antes entre os torcedores, assopra o apito lá do centro do gramado convocando os times para a peleja.

O jogo é em nossa "casa" e isso significa que temos o direito de entrar em campo depois do time visitante. Ao ver que o outro time já entrou, desço correndo o barranco do vestiário, rumo ao campo, seguido por 10 sujeitos “elegantemente” trajados. Para ser franco, o melhor que podem dizer de nós é que somos uma reedição do "Exército de Brancaleone" - tantos os remendos, cerzidos e desbotados em nossos uniformes. Mas, isso é frescura, detalhes estéticos sem importância. O que vale mesmo é jogarmos duro e vencermos o adversário.

Em seguida, já no gramado, mais umas firulas, umas corridas curtas daqui para lá, de lá para cá, exercícios abdominais e uns chutes curtos para "aquecer ". Estamos prontos: a partida vai começar.

Meu goleiro-herói

Ado, ex-goleiro do Corinthians e da Seleção Brasileira tricampeã mundial na Copa do México em 1970 (Foto: CBF/Divulgação)

Ora, todo garoto, seja no mundo das artes ou dos esportes, tem sempre alguém, um ídolo, em quem se espelhar e eu não fujo à regra. Também tenho o meu "goleiro-herói", o cara a ser imitado e quem é ele? Ora, nenhum outro senão: Eduardo Roberto Stinghen! "Heim? Quem?!" Ah, desculpe-me. Apresentando-o assim, com esse nome de soldado alemão, fica mesmo difícil adivinhar. Mas, se eu revelar o seu apelido a coisa muda de figura. Meu herói é conhecido como Ado, goleiro do Corinthians. Um dos 22 heróis que estiveram no México, dois anos atrás, e de lá voltaram tricampeões mundiais de futebol.

Por um ainda incompreensível fenômeno de transcendência, nesta tarde sinto que não sou mais eu quem está sob a trave, mas, o próprio Ado! Então, modéstia à parte, não importa como a bola venha, será quase impossível ela me vencer. Sentindo a defesa segura, o ataque intuitivamente se solta lá na frente. Alguns gols no primeiro tempo, outros no segundo e, agora, faltando menos de cinco minutos para o final da partida, o placar aponta um humilhante 4x0 sobre o adversário, um verdadeiro massacre.

Já no "crepúsculo da partida", como um conhecido locutor esportivo costumava dizer, cobro mais um tiro de meta, aqueles chutões que os goleiros dão para reporem a bola em jogo. Chuto forte, de pé esquerdo e enquanto observo a trajetória da bola indo rumo ao campo adversário fico imaginando se algum dia terei a chance de encontrar o meu ídolo, apertar-lhe a mão, pedir um autógrafo.

Domingo, fevereiro de 2004. Pouco mais que 3 da tarde... O sol brilha alto, tendo, como pano de fundo, imenso céu azul. Se há brisa lá fora não sei. Estou no escritório de casa, lembrando-me disto tudo e registrando no computador. Com certa tristeza penso que, infelizmente, o encontro com o meu ídolo e aquele, pedido de autógrafo, nunca aconteceu. Tiro os óculos, levanto-me um instante para "esticar o esqueleto". Caminho até a cozinha. Abro a geladeira. Alcanço uma jarra de vidro. Sirvo-me de uma dose generosa de suco de laranja. Levo o copo aos lábios e fecho os olhos ao sentir o líquido refrescante descendo garganta abaixo. Então, numa fração de segundos, diante da porta da geladeira ocorre-me algo e sorrio. Penso que talvez, agora, ao tirar estas lembranças da memória e registrá-las no teclado de meu computador eu, finalmente, tenha conseguido. Grande Ado, sinta-se abraçado!


quinta-feira, 22 de abril de 2021

SUPERLIGA DA EUROPA DUROU APENAS 48 HORAS

 POR ROBERTO MAIA

O Etihad Stadium do Manchester City recebeu protestos de torcedores contra a criação da Superliga. (Foto: Visit Britain/Divulgação)

A notícia de que 12 dos maiores clubes da Europa formaram uma Superliga caiu como uma bomba no mundo do futebol. Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Juventus, Internazionale e Milan decidiram romper com as bases do futebol europeu. A ideia dos fundadores era conseguir atrair outras três equipes para o grupo e criar um novo torneio continental. A competição teria ainda outros cinco times convidados e não haveria rebaixamento. 

Em comunicado o grupo fundador da Superliga da Europa explicou que o objetivo era propor uma nova competição europeia porque o sistema existente não funciona. “Nossa proposta se baseia em permitir o esporte a evoluir enquanto gera recursos e estabilidade para toda a pirâmide do futebol, incluindo ajuda para superar as dificuldades financeiras vividas por toda a comunidade do futebol na pandemia.”

No entanto ficou bem claro que o interesse financeiro estava acima de qualquer outro argumento. Os clubes fundadores receberiam juntos 3,5 bilhões de euros já na primeira temporada. A Superliga da Europa também contribuiria com 10 bilhões de euros em "pagamentos de solidariedade".

Mas o sonho dos já milionários clubes fundadores não durou muito. Com pressão vinda de torcedores, jogadores, UEFA (União das Federações Europeias de Futebol), FIFA e até do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apenas 48 horas depois a Superliga começou a desmoronar.

O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, foi duro e ameaçou excluir todos os clubes que integrem a Superliga. Já a FIFA deixou nas entrelinhas que poderia impedir os jogadores dos clubes fundadores da nova entidade de participar de torneios organizados por ela. Caso da Copa do Mundo, entre outras.

A UEFA condenou veementemente a criação da Superliga da Europa e ameaçou times com punições. (Foto: ©UEFA.com)

Os seis clubes ingleses foram os primeiros a deixar o grupo. De acordo com notícias vindas da Itália, o Milan será o próximo a abandonar a Superliga. Assim, apenas Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid e Juventus ainda permanecem.

Atualmente, a Champions League é o torneio mais importante do planeta, reunindo os principais times europeus. E certamente o mais rentável depois da Copa do Mundo. Então por que 12 dos maiores e ricos clubes do continente resolveram criar a Superliga? A resposta é simples: para ganharem ainda mais dinheiro criando um torneio exclusivo e rentável que o modelo atual.

Segundo Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, há um crescente desinteresse dos jovens pelo futebol. “Cerca de 40% dos jovens entre 16 e 24 anos não têm interesse pelo esporte. Porque existem muitos jogos de baixa qualidade e não lhes interessa. Também têm outras plataformas para se distraírem”, justificou.

A indignação dos torcedores foi imediata. Faixas de protestos foram colocadas em estádios da Itália, Espanha e da Inglaterra. Eles argumentam que a criação do novo torneio iria elitizar ainda mais o futebol, encarecendo principalmente o preço dos ingressos, além de não permitir que clubes menores possam participar da competição.

O futebol desde sempre envolveu paixão e o projeto da Superliga apenas enxergava os torcedores com clientes com potencial de gerar muito dinheiro. Esse foi o principal erro.

Com a força que têm e juntos com os torcedores poderiam pressionar a UEFA para buscar melhorias na forma de disputa da Champions League e exigir melhores premiações.

No Brasil deve ter cartolas rindo e esfregando as mãos com a situação. Se poderosos times da Europa não suportaram a pressão e tiveram que se curvar à UEFA, imagine aqui no país onde os clubes estão endividados – alguns praticamente falidos. Terão que continuar aceitando o que as federações lhes impor. E sem reclamar.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 16 de abril de 2021

O CORINTHIANO LUAN QUER MOSTRAR SEU VALOR À FIEL

 POR ROBERTO MAIA

Luan nunca negou ser corinthiano e quer mostrar aos torcedores que a sua contração não foi um erro. (Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians)

Na noite da última terça-feira, o Corinthians foi derrotado pela Ferroviária em jogo válido pelo Campeonato Paulista e perdeu uma invencibilidade de dez jogos. Apesar da derrota, a torcida corinthiana teve um motivo para comemorar. O meia-atacante Luan, tão criticado pela Fiel nos últimos tempos, foi o destaque do time. Mesmo sem ser brilhante, foi a sua melhor atuação desde que foi contratado pelo Corinthians por 5 milhões de euros (R$ 28,95 milhões na cotação da época) por 50% dos seus direitos econômicos.

Escalado desde o início do jogo, Luan mostrou foco e bastante mobilidade, flutuando com desenvoltura em todas as posições do ataque. Fez boas jogadas, acertou 35 passes, quase marcou e deu uma bela assistência para Camacho converter o único gol do Alvinegro. Na segunda etapa caiu junto com o restante do time e foi substituído aos 39 minutos.

Agora resta saber se Vagner Mancini irá optar por manter Luan entre os titulares e lhe dar uma sequência de jogos. A dúvida existe porque o treinador corinthiano não estava escalando o meia e nem o colocando em campo nos jogos apesar das cinco substituições permitidas.

Se Luan voltar a mostrar o futebol que o consagrou como ídolo da torcida do Grêmio, a sua contratação terá valido à pena.

Natural de São José do Rio Preto (SP), foi contratado pelo Grêmio em 2014. No Tricolor gaúcho conheceu a fama ao ser considerado o principal jogador da conquista do tricampeonato da Libertadores da América de 2017. Dois anos antes foi o destaque no Brasileirão e premiado com a Bola de Prata, além de ser eleito para a seleção do campeonato graças aos dez gols marcados na competição.

Em 2016 foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou e ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Começou a competição na reserva, mas acabou ganhando a vaga no meio campo no lugar de Felipe Anderson. Marcou três gols e deu duas assistências em cinco jogos.

Mas, a partir de 2019 algo mudou na vida de Luan. Não conseguiu manter o nível técnico que o consagrou e acabou colocado na reserva pelo técnico Renato Gaúcho. No final daquela temporada foi contratado pelo Corinthians.

No Grêmio Luan conquistou cinco títulos: Copa do Brasil (2016), Copa Libertadores (2017), Recopa Sul-Americana (2018) e o bicampeonato Gaúcho (2018 e 2019). Marcou 41 gols na Arena do Grêmio.

O presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, acredita que Luan volte a mostrar o seu melhor futebol. (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag.Corinthians)

Luan chegou ao Corinthians como a grande contratação para a temporada de 2020. E ele estava motivado, afinal iria vestir a camisa do seu time de coração. Também estava curado de uma lesão que o atrapalhou no Grêmio: a fascite plantar, problema responsável por muitas dores na planta do pé.

Começou bem a temporada com dois gols marcados no torneio Florida Cup, nos Estados Unidos. Mas, em março chegou a pandemia da Covid-19 e o futebol parou por dez meses. Perdeu a boa forma e a motivação foi abalada. Além disso, sofreu duras perdas ao longo do ano. Perdeu o melhor amigo assassinado e um outro em um acidente de carro. Pouco tempo depois sua avó faleceu. Tudo isso, em pouco tempo, afetou o psicológico do jogador. Seu semblante revelava a tristeza que sentia.

É certo que Luan frustrou as expectativas dos torcedores, porém, apesar das críticas, ele continua treinado normalmente e acredita que pode produzir muito mais com a camisa do Corinthians. Tanto que vem cobrando mais chances no time titular e uma sequência de jogos.

Se depender do jogo contra a Ferroviária tudo indica que Luan será prestigiado e ganhará a almejada sequência de jogos para provar à Fiel que sua contratação não foi dinheiro jogado fora. Ele tem 28 anos e seu contrato com o Timão vai até dezembro de 2023.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 9 de abril de 2021

CABE A TORCIDA PAGAR DÍVIDAS DO CORINTHIANS?

POR ROBERTO MAIA

Contrata que a Fiel paga: torcida do Corinthians sempre foi avalista de projetos milionários. (Fotos: Tino Simões) 

A torcida do Corinthians cresceu muito durante as décadas de 1960 e 1970, apesar do jejum de títulos que durou 23 anos. Naquela época, os fanáticos torcedores corinthianos lotavam estádios na esperança de empurrar o time de volta ao caminho das conquistas. O Timão era de longe o que mais arrecadava nos campeonatos. Daí surgiu um slogan repetido com orgulho pelos torcedores alvinegros: “contrata que a Fiel paga”.

E assim muitos jogadores foram contratados com base nesse aval implícito da torcida. E ela nunca negou fogo. Continuou a lotar os estádios. Bom lembrar que naquele tempo a receita do futebol era 100% renda dos jogos. Não havia patrocínios na camisa e nem cota paga pela televisão. O clube poliesportivo no Parque São Jorge era autossuficiente e tinha cerca de 100 mil associados.

Em contrapartida a gestão do clube nem sempre foi tratada com competência e boa administração. Apesar das publicidades no uniforme e o dinheiro da televisão, a dívida só aumenta. O clube hoje tem apenas cerca de 4 mil associados e depende do dinheiro do futebol para continuar funcionando.

Se hoje é comum advogados pedirem a penhora de taças importantes e bloqueio das contas correntes, teve um tempo que o Corinthians teve que esconder o ônibus que transportava os jogadores porque estavam penhorando o veículo. Era muita vergonha para os torcedores que sempre estiveram presentes e financiando o clube com sua fidelidade.

Certa vez, o clube estava com dificuldade para reformar o contrato do lateral esquerdo Vladimir e a Gaviões da Fiel foi ao clube com um cheque para garantir a permanência do craque no Timão. Era a afirmação do “contrata que a Fiel paga”.

E assim foram contratados craques por valores milionários na tentativa de acabar com o jejum de títulos. Vieram Paulo Borges, Garrincha, Flávio, Ado, Baldocchi, Brito, Zé Maria, Ditão, Ivair, Buião, Aladim e tantos outros.

Em 1971, a diretoria corinthiana tentou uma cartada maior. Queria trazer o tricampeão mundial de 1970, Paulo Cézar Cajú, então no Botafogo. O sonho era ter o atleta para formar dupla com Rivelino e voltar a ser campeão novamente.

Sem os recursos de hoje que liga as pessoas em tempo real através da internet, o Corinthians resolver levantar o dinheiro através de uma “vaquinha” entre os torcedores. Fosse hoje o projeto seria um crowdfunding. Uma conta foi aberta para depósitos em dinheiro e sacos coletores foram espalhados em pontos estratégicos da cidade. Sim, isso mesmo, sacos de lona. Assim, os torcedores iam até os locais e jogavam dinheiro e joias dentro dos sacos.

Apesar de muita gente afirmar que viram muitas barricas lotadas de dinheiro, a "vaquinha" corinthiana fracassou e Paulo Cézar continuou no Rio de Janeiro. Dez anos depois ele acabou contratado pelo Corinthians, onde teve uma passagem inexpressiva. Jogou apenas quatro jogos e não marcou nenhum gol.

O fato é que nunca ninguém soube o quanto realmente foi arrecadado. Nenhuma prestação de contas foi feita aos torcedores que nunca souberam onde o dinheiro foi gasto. Até hoje o assunto é tema de conversas nas alamedas do clube entre os conselheiros mais velhos. E as coisas que são ditas são de arrepiar os cabelos.

Gaviões da Fiel propôs “vaquinha” que está sendo analisada pela diretoria corinthiana. 

E porque estou falando sobre esse assunto? É que tenho lido que a diretoria do Corinthians resolveu estudar a proposta feita pela torcida Gaviões da Fiel de se realizar uma “vaquinha” entre os torcedores com o objetivo de pagar a dívida da arena junto à Caixa Econômica Federal.

Entendo que esse não é o caminho. A torcida tem que ajudar lotando a arena em todos os jogos, pagando o programa de fidelidade Fiel Torcedor, comprando produtos oficiais e principalmente se associando ao clube. Cabe ao presidente Duílio Monteiro Alves fazer uma gestão competente e técnica, cortando gastos e com máxima transparência.

Atualmente, a dívida do Corinthians está próxima de R$ 1 bilhão, fora outros R$ 570 milhões devidos à CEF pelo financiamento da Neo Química Arena. Desse montante, a Hypera Pharma, dona do naming right, é responsável por R$ 300 milhões.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sábado, 3 de abril de 2021

CORINTHIANS ASSUME A LIDERANÇA DO RANKING NACIONAL DE FUTEBOL FEMININO

POR ROBERTO MAIA

Lançada dm 2018, a campanha quer sensibilizar a sociedade para o combate ao assédio sexual e violência contra a mulher. (Corinthians/Divulgação)

Enquanto o treinador Vagner Mancini não consegue fazer o time do Corinthians engrenar, o futebol feminino do clube tem motivos de sobra para comemorar. A Confederação Brasileira de Futebol divulgou o novo ranking nacional de clubes de futebol feminino e o Timão aparece - pela primeira vez - na liderança da classificação. As garotas alvinegras subiram duas posições em relação ao ano anterior.

O time de futebol feminino do Corinthians lidera com 10.792 pontos e está 1.576 pontos à frente da Ferroviária, que ocupa a segunda colocação. Na temporada anterior, o clube paulista figurava na terceira colocação. Para chegar ao topo o Corinthians conquistou o Campeonato Brasileiro de 2020, a Copa Libertadores de 2019 e ficou em segundo lugar no Brasileirão de 2019.

De acordo com a CBF, o ranking leva em consideração o desempenho dos clubes em competições realizadas nas últimas cinco temporadas. Em apenas dois anos, o Corinthians subiu de nono para a primeira colocação.

O Corinthians é o atual campeão brasileiro no futebol feminino. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Em 2021, sob o comando do treinador Arthur Elias, o time feminino do Corinthians disputou a Copa Conmebol Libertadores Feminina 2020. Após uma primeira fase arrasadora, onde marcou 38 gols em apenas quatro jogos, o Timão foi eliminado na semifinal pelo o América de Cali na disputa por pênaltis, após empatar o jogo por 1 a 1. O time ficou na terceira colocação do torneio com 39 gols marcados e apenas um sofrido.

Atual potência da modalidade, o Corinthians venceu a Libertadores em 2017 e 2019. Agora o elenco se prepara para a disputa do Campeonato Brasileiros de 2021, que terá início no próximo dia 17 de abril. A estreia será em casa diante da equipe do Napoli (SC), às 19h, na Fazendinha. A temporada ainda tem o Campeonato Paulista e a Copa Libertadores a serem disputados no ano.

O excelente desempenho das jogadoras corinthianas foi reconhecido e rendeu homenagens. No dia 31 de março, a Neo Química Arena trocou seu nome por “Das Minas Arena”. No início da noite, os nomes das atletas e das mulheres que compõem a comissão técnica do time feminino do Corinthians foram projetados no imenso telão localizado na área externa do setor Leste da arena.

A Neo Química também convidou sua embaixadora, a jogadora Marta, para entregar uma placa comemorativa à jogadora Ingryd Lima, que marcou o primeiro gol olímpico corinthiano na arena.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR