sábado, 26 de dezembro de 2015

Tudo farinha do mesmo saco

Publicado em 22 de dezembro de 2015

Por Roberto Maia

Sob suspeita de corrupção, Joseph Blatter e Michel Platini
foram afastados do futebol por oito anos (Foto: fifa.com)
A casa da FIFA está caindo. Joseph Blatter, presidente da entidade, e Michel Platini, presidente da Uefa, foram afastados do futebol por um período de oito anos pelo Comitê de Ética da FIFA. Os dois prometem recorrer. Claro, não querem perder essa boquinha milionária!

   Essa não deixa de ser uma decisão surpreendente, pois Blatter e Platini são os dois nomes mais fortes atualmente para ocupar o trono do futebol mundial. Eles estão proibidos de exercer qualquer atividade ligada ao futebol em abrangência internacional.

   Eu sinceramente acreditava que Platini, caso vencesse a próxima eleição da FIFA, traria grande avanço ao futebol mundial. O francês foi um craque nos gramados e seria um boleiro chegando ao poder. Triste engano. Tudo indica que Platini foi contaminado pelo mesmo vírus que contagiou Blatter, João Havelange, Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e tantos outros cartolas ao redor do planeta.

   A gota d’água foi o depósito de 2 milhões de francos suíços – cerca do 1,8 milhão de euros - para Platini em fevereiro de 2011. Blatter autorizou o pagamento sem nenhum contrato assinado. A suspeita é que o valor tenha sido para comprar o voto do francês na última eleição da entidade que reelegeu Blatter.

   Espero que o Comitê de Ética da FIFA tenha esse mesmo rigor quando julgar no início de 2016 o processo que envolve Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da CBF. Somente assim algo de novo poderá ocorrer no comando do futebol brasileiro. Del Nero mostrou que ainda manda e conseguiu eleger um vice-presidente sob medida na vaga de Marin, o coronel Antônio Nunes, 77 anos, presidente da Federação Paraense de Futebol. Assim, ele conseguiu anular a possibilidade do vice Delfim Peixoto, 74 anos, assumir a presidência da entidade caso ele seja afastado pela FIFA ou preso no processo movido pelo FBI.

   Os clubes, maiores interessados em mudanças estruturais na CBF, apoiaram como carneirinhos amedrontados a decisão de Del Nero. Entre os motivos alegados, em off, prevalece o medo de retaliações caso sejam contra os interesses do comando da entidade que comanda o futebol brasileiro. Será que não entendem que a força está com eles?

Samuel Eto’o – Voltando de Istambul tive a satisfação de viajar ao lado do atacante camaronês Samuel Eto’o, 34 anos, que marcou seu nome na história do Barcelona, Inter de Milão e Chelsea, na Business Class da Turkish Airlines. Ele veio ao Brasil para disputar um jogo-festa entre Comercial e Botafogo, clássico de Ribeirão Preto (SP) conhecido como Come-Fogo. Atualmente, ele é jogador e treinador interino do Antalyaspor, time da primeira divisão da Turquia. Artilheiro do campeonato turco com 15 gols e aparentemente em boa forma física, seria um grande nome para times brasileiros que procuram um atacante dos bons. 

Barcelona – O time catalão fechou com chave de ouro o ano de 2015 ao vencer facilmente o River Plate por três a zero na final do Mundial de Clubes da FIFA, no estádio Internacional de Yokohama, no Japão. Apesar do River ter maior torcida - cerca de 15 mil argentinos viajaram para acompanhar o campeão da Libertadores no Mundial -, o talento de Messi, Neymar e Suárez foi suficiente para levar o Barça - campeão também em 2009 e em 2011 – à consagração. Agora, o Barcelona é o único tricampeão do torneiro, seguido pelo Corinthians (bicampeão), São Paulo, Internacional, Milan, Manchester United, Inter de Milão, Bayern de Munique e Real Madrid.

O Barcelona venceu o River Plate e agora é o único tricampeão
mundial de clube da FIFA (Foto: fifa.com)

Marta, a rainha do futebol mundial

Publicado no dia 16 de dezembro de 2015
Por Roberto Maia

Marta foi considerada a melhor jogadora de futebol do mundo 
por cinco vezes consecutivas (Foto: FIFA/Divulgação)
Essa época do ano é a mais chata do futebol brasileiro. A ausência de jogos e os clubes fazendo planejamento para a temporada de 2016 criam um festival de fofocas, especulações e muitas notícias sem fundamento. Clubes, jogadores e empresários “plantam” notícias nos órgãos de imprensa com o objetivo de influenciar o mercado.]

   Vou aproveitar a coluna dessa semana para exaltar uma mulher que fez muito pelo futebol feminino brasileiro. A craque Marta que já foi escolhida como melhor jogadora de futebol do mundo por cinco vezes consecutivas, um recorde inclusive entre os homens. Ela foi, inclusive, considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.

   Porque resolvi falar dela? Me chamou a atenção que após 12 anos consecutivos, Marta não está na lista das melhores jogadoras do mundo do prêmio Bola de Ouro organizado pela FIFA, que será realizado no próximo dia 11 de janeiro, em Zurique, na Suíça. As três finalistas são Carli Lloyd (Estados Unidos), Aya Miyama (Japão) e Celia Sasic (Alemanha).

   Estará ela decadente aos 29 anos de idade? Ou desanimou vendo que apesar de tudo o que realizou vestindo a camisa da seleção brasileira percebeu que o futebol de mulheres não é levado a sério no Brasil? Eu fico com a segunda hipótese. Penso que somente quando os grandes clubes brasileiros resolverem investir em times competitivos a modalidade terá sucesso por aqui. Mas é preciso dinheiro de patrocinadores fortes e apoio da televisão. Além disso, creio que os jogos deveriam acontecer nas preliminares das partidas do Brasileirão. O torcedor brasileiro precisa se empolgar com o seu time feminino da mesma maneira que torce pelo masculino. Atualmente, o Corinthians, por exemplo, leva muito mais torcedores a um jogo de futebol de salão do que a seleção brasileira feminina leva em alguns dos seus jogos.

   Como as coisas nunca aconteceram por aqui, Marta teve que exibir o seu futebol brilhante no exterior. E como ela joga muito, divulga e faz crescer o futebol feminino em outros lugares. Com exceção do Vasco da Gama e do Santa Cruz (MG) no início da carreira e do Santos em duas oportunidades, Marta desfilou seu dom futebolístico no Umeå IK (Suécia), Los Angeles Sol (EUA), FC Gold Pride (EUA), Western New York Flash (EUA), Tyresö FF (Suécia) e FC Rosengård (Suécia).
Parece que as grandes exibições da “Pelé de Saias” não serviram para motivar os dirigentes e empresários brasileiros. Ano que vem tem Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e haverá uma grande torcida – e pressão – para que nossas jogadoras conquistem medalhas de ouro. Pode até acontecer, mas não devemos nos iludir. Outros países como os Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra e Japão estão hoje muito na nossa frente. No ranking da FIFA o Brasil é o sétimo colocado, atrás da Coreia do Sul e apenas três pontos na frente da Suécia.

   Mesmo sem estar entre as melhores do mundo esse ano, Marta continua fazendo história com a camisa da seleção brasileira. Disputando o Torneio Internacional de Natal – que não recebeu nenhum destaque da grande mídia -, a camisa 10 atingiu a marca de cem gols pelo Brasil em jogo domingo passado contra o México. Antes, no dia 11, Marta passou Pelé em números de gols na seleção, ao marcar cinco vezes contra Trinidad e Tobago. Agora ela é a maior artilheira da história da seleção brasileira. Este ano ela também atingiu outra marca importante: com 15 gols se tornou a maior artilheira da história da Copa do Mundo de futebol feminino.

   Ao menos o seu talento foi reconhecido na Calçada da Fama do Maracanã. Ela é a primeira e até agora a única mulher a deixar a marca dos pés naquele local, que homenageia os grandes craques do futebol brasileiro.

Maior artilheira da história da seleção brasileira, 
Marta passou Pelé em número de gols
(Foto: Rafael Ribeiro-CBF/Divulgação)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O futebol brasileiro está vivo

Por Roberto Maia

Renato Augusto ganhou todos os prêmios como melhor jogador 
do Brasileirão 2015 (Foto: Rafael Ribeiro-CBF/Divulgação)
A temporada 2015 chega ao fim com saldo bastante positivo. Apesar dos grosseiros erros da arbitragem e dos escândalos envolvendo a cúpula da CBF, o futebol brasileiro dá mostras que ainda pode recuperar o prestígio arranhado após a humilhante derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014.

     O Brasileirão 2015 teve bons jogos, evolução técnica e tática, muitos gols e grandes públicos lotando as principais arenas. Se por um lado o Corinthians superou todas as marcas desde que o campeonato tem esse formato com 20 clube, também marcou um recorde negativo com 32 treinadores demitidos. O Timão somou 81 pontos em 38 jogos com 24 vitórias, nove empates e apenas cinco derrotas. Teve o ataque mais positivo (71 gols), a defesa menos vazada (31 gols) e um saldo de 40 gols – 39 a mais que o saldo do quinto colocado do campeonato, o Inter-RS.

     Com a conquista do hexacampeonato brasileiro, o Corinthians lidera o Ranking Nacional de Clubes da CBF com 14.664 pontos. Ao todo, são 224 clubes ranqueados e completam a lista dos dez primeiros o Grêmio (14.210), Cruzeiro (14.064), Santos (13.936), São Paulo (13.374), Flamengo (13.288), Atlético-MG (13.244), Palmeiras (13.056), Internacional (13.000) e Fluminense (12.682). O Vasco que caiu para a Série B pela terceira vez em oito anos é o 11  º com 11.928 pontos.

     Não por acaso vários jogadores do Corinthians integram a seleção do campeonato e receberam prêmios pela atuação. O craque do campeonato foi Renato Auguro. O meia de 27 anos disputou 30 jogos no Brasileirão e marcou cinco gols – além de muitas canetas (bola entre as pernas dos adversários). Livre dos problemas físicos e contusões, o jogador disputou a melhor temporada da carreira que começou no Flamengo em 2005. Da Gávea se transferiu para o Bayer Leverkusen, time alemão que defendeu até 2012. Chegou ao Corinthians sob desconfiança por causa das contusões frequentes. Deu a volta por cima e tem contrato com o alvinegro até o fim de 2016.

     A lista dos melhores do Brasileirão tem também Cássio, Marcos Rocha, Gil, Jemerson, Douglas Santos, Rafael Carioca, Elias, Jadson, Ricardo Oliveira e Luan. O Craque da Galera foi Nenê do Vasco e o gol mais bonito foi marcado por Lucca do Corinthians no clássico contra o São Paulo. A revelação do Brasileirão foi o jovem Gabriel Jesus do Palmeiras.

     Importante ressaltar que além de Renato Augusto, o Brasileirão deste ano mostrou o renascimento de outros importantes jogadores que estavam desacreditados. São os casos de Jadson, Ricardo Oliveira e Pato. Jadson veio de contrapeso no empréstimo de Pato ao São Paulo. Começou o ano na reserva do uruguaio Lodeiro e quase foi para o futebol chinês. Caso fosse escolhido o craque do campeonato ninguém contestaria e ainda marcou 13 gols, além de inúmeras assistências.

     Alexandre Pato parece ter encontrado a posição em que rende mais. Marcou 26 gols na temporada mas deixou o Tricolor com o fim do empréstimo. Agora terá que definir os rumos para o futuro da sua carreira. Se não conseguir uma transferência para algum clube do exterior terá que retornar ao Corinthians no dia 6 de janeiro para a pré-temporada. Tite já sinalizou que quer o jogador. Resta saber se ele terá o perdão da Fiel Torcida.

     O caso mais emblemático é o de Ricardo Oliveira. O jogador de 35 anos chegou ao Santos com um contrato de risco e ganhando um salário baixo. Foi artilheiro do Brasileirão com 20 gols e também do Paulistão. Coroou a temporada com a volta à Seleção brasileira.

Ricardo Oliveira deu a volta por cima, foi artilheiro do campeonato 
retornou à Seleção (Foto: Rafael Ribeiro-CBF/Divulgação)

Gabriel Jesus foi a revelação do Brasileirão 
campeão da Copa do Brasil no primeiro ano como 
profissional (Foto: Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O gigante acordou! Palmeiras renasce no embalo da torcida

Por Roberto Maia

Fernando Prass defendeu pênalti e converteu a última penalidade 
que deu o terceiro título da Copa do Brasil ao Verdão
(Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

A noite do dia 2 de dezembro de 2015 ficará marcada na mente dos torcedores palmeirenses. Foi a noite da redenção alviverde. Noite de sofrimento e êxtase. Noite em que o gigante acordou. E despertou com o barulho e vibrações positivas emanadas por sua fanática massa de torcedores apaixonados. A noite inesquecível entra para a história do Palestra e marca o renascimento de um clube centenário e de tradições inquestionáveis, mas que amargava crise que parecia interminável. Mas, hoje, como disse o quarentão com fôlego de garoto Zé Roberto, você torcedor palmeirense pode bater no peito do seu colega e dizer “o Palmeiras é grande, o Palmeiras é gigante”!

   Como nada acontece com facilidade na história recente do Verdão, o enredo do jogo final contra o Santos teve requintes de crueldade e tortura aos apaixonados torcedores. Antes de soltar o grito engasgado na garganta o torcedor verde sofreu muito. E contou com a ajuda decisiva de mais um goleiro aspirante ao posto de santo, tal qual ao grande Marcos. Fernando Prass foi um monstro em campo. Coube a ele fazer defesas milagrosas – não somente neste jogo -, pegar pênalti e ainda bater e marcar o último que deu o tricampeonato da Copa do Brasil ao Palmeiras. O primeiro título conquistado na nova casa palestrina, o moderno Allianz Parque.  

   A conquista coroa um ano que começou cheio de esperança, mas que estaria perdido já que o Verdão foi vice no Paulistão em final disputada contra o próprio Santos – e definida também nos pênaltis – e ficou longe da disputa do título brasileiro e da vaga à Libertadores. Marcelo Oliveira, o treinador bicampeão brasileiro com o Cruzeiro, depositou todas as suas fichas na Copa do Brasil e se consagrou. Tivesse perdido ontem provavelmente não emplacaria 2016 no comando do time palmeirense. Aliás, Marcelo estava com competição atravessada em seu peito, pois foi vice-campeão três vezes - duas com o Coritiba e outra com o Cruzeiro. Justiça a um treinador competente e trabalhador.

   Quando passar a ressaca da conquista, a direção palmeirense começará a pensar seriamente na disputa da Copa Libertadores da América, competição em que foi campeão em 1999. O presidente Paulo Nobre, que resgatou a dignidade do Palmeiras com uma administração eficiente em que até colocou muito dinheiro do próprio bolso, saneou dívidas e remontou um time inteiro para essa temporada, já fala em reforços para entrar com força na disputa do torneio continental. A torcida certamente fará sua parte e continuará a lotar a arena e proporcionar arrecadações milionárias. Os gritos de “dá-lhe, dá-lhe porco”, “vamos ganhar porco” e “é festa no chiqueiro” ecoarão forte para empurrar o time a outras conquistas.  

   A Libertadores da América de 2016 poderá ter o trio de ferro do futebol paulista caso o São Paulo confirme o quarto lugar no Brasileirão na última rodada no próximo final de semana. A força do futebol paulista só não estará completa porque o Santos ficou fora. A decisão de abrir mão de tentar conquistar a vaga no Brasileirão foi um erro fatal. Tudo teria dado certo se a vitória no primeiro jogo na Vila Belmiro tivesse com número maior de gols. O poderia ter acontecido já que o Santos dominou amplamente o time do Palmeiras, criou inúmeras situações de gol e apenas um. Muito provavelmente o jovem atacante Nilson será crucificado e responsabilizado pela perda do título da Copa do Brasil. Tivesse ele marcado o gol imperdível no final do jogo na Vila e a história poderia ter sido outra. O ano santista só não é considerado perdido porque conquistou o Paulistão. O saldo positivo é que conseguiu reconstruir um elenco no início de 2015 e revelou jovens talentos, além é claro de ter resgatado o goleador Ricardo Oliveira. A missão agora será mantê-los já que despertaram o interesse de muitos times do exterior.


   Dois mil e dezesseis está logo ali e promete muitas emoções!

Presidente Paulo Nobre contratou 25 jogadores para a temporada
e o  treinador Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro pelo
Cruzeiro (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

Dudu quase foi o herói do jogo. Fez dois gols e se redimiu da
final do Paulistão, onde foi expulso e perdeu pênalti.
(Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)