quinta-feira, 14 de abril de 2022

Cássio merece respeito e reverência da torcida do Corinthians

 POR ROBERTO MAIA

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

O Corinthians estreou na Copa Libertadores de 2022 perdendo para o Always Ready em La Paz, na Bolívia. Sem levar em consideração os 3.600 metros de altitude da capital boliviana, que faz a bola ganhar velocidade e causa falta de ar em quem não está acostumado, a torcida corinthiana não aceitou a derrota. Revoltados os torcedores foram às redes sociais e bradaram que faltou raça ao time.

No dia seguinte, uma comitiva com 14 integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel foi ao Centro de Treinamento do Corinthians para mais uma reunião com dirigentes, comissão técnica e jogadores. Como sempre acontece, a entrada foi liberada pela diretoria corinthiana e a conversa aconteceu. Segundo o presidente da Gaviões, o grupo foi pedir mais empenho e raça dos jogadores nos jogos.

Há quem defenda essas reuniões, da mesma forma que outros acham inadmissível os torcedores entrarem no local de trabalho dos jogadores para dar bronca. Se está certo ou errado, o fato é que não é de hoje que presidentes do Corinthians permitem essas conversas. Algo impensável no futebol profissional praticado na Europa, por exemplo.

Como tudo hoje em dia, o assunto repercutiu rapidamente nos sites e mídias sociais. Talvez por isso, outros torcedores também se sentiram no direito de cobrar e até ameaçar de morte ídolos do clube como o goleiro Cássio, o zagueiro Gil e o meia-atacante William, além do presidente Duílio Monteiro Alves. E não apenas eles. Os valentões da internet também ameaçaram esposas e filhos dos atletas.

No caso de Cássio, um dos maiores ídolos da história contemporânea do Corinthians, as ameaças foram feitas através do Instagram. Áudios e uma foto de uma arma sobre a camisa do Timão foram enviados para o personal trainer da esposa do goleiro, que também foi alvo de ofensas.

Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Será que esse e outros torcedores radicais já esqueceram da história vitoriosa de Cássio no Corinthians? E das conquistas em que ele foi o protagonista? Há 10 anos no clube, o camisa 12 levantou nove taças nesse período: Copa Libertadores (2012), Mundial de Clubes (2012), Recopa Sul-Americana (2013), Brasileirão (2015 e 2017) e Campeonato Paulista (2013, 2017, 2018 e 2019).

Com 34 anos, titular absoluto e capitão do time, Cássio completou 577 jogos pelo Corinthians na estreia do Brasileirão domingo passado. Ele já é o sexto jogador que mais atuou pelo Timão, atrás apenas de Biro-Biro (590), Zé Maria (598), Ronaldo Giovanelli (602), Luizinho (606) e Wladimir (806). Se nada acontecer, ele fechará o ano na segunda posição.

Os números falam por si e Cássio merece todas as reverências por parte dos torcedores. Claro que em alguns jogos ele falhou, mas o seu saldo é amplamente positivo. E cabe somente ao treinador decidir se o mantém como titular ou se o retira do time para deixá-lo na reserva.

Apesar de tudo o que aconteceu, Cássio segue no Corinthians e foi a campo no domingo contra o Botafogo, no Rio de Janeiro. Após o jogo, o goleiro deu entrevistas onde lamentou a situação que gerou pânico entre seus familiares. Ele disse que boatos deram início à onda de ódio contra ele e outros líderes do time, sobre uma suposta "panelinha" que queria derrubar o técnico Vítor Pereira. “Fiquei chateado com as pessoas envolverem meu nome com panela, time rachado e outras coisas, isso não existe no Corinthians. Respeito a crítica, sou ser humano, erro, mas jamais vou me sentir maior que a instituição”, disse.

Tudo indica que Cássio seguirá atuando pelo Corinthians, bem como William e Gil. Mas nem sempre foi assim. Outros ídolos da história corinthiana também foram ameaçados e até agredidos por torcedores. Casos de Rivelino – na minha opinião o maior jogador da história do Corinthians -, Edilson, Carlitos Tevez, Roberto Carlos, Emerson Sheik e Paolo Guerreiro somente para citar nomes mais importantes. E ouso afirmar que Ronaldo Fenômeno optou por encerrar a carreira em um momento de muitas críticas da torcida contra os jogadores.

A torcida do Corinthians sempre tão elogiada pelo papel decisivo que desempenha, não pode permitir que alguns poucos ameacem e agridam os ídolos que contribuíram nas conquistas e entraram para a história centenária do clube.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Seleção mantém invencibilidade e estabelece um novo recorde nas Eliminatórias da América do Sul

 ROBERTO MAIA

Com a vitória sobre a Bolívia a seleção brasileira chegou aos 45 pontos, batendo o recorde da competição. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Jogar na altitude de La Paz, na Bolívia, é sempre um problema. Mas a seleção brasileira enfrentou muito bem os 3.600 metros e de quebra goleou a seleção local por 4 a 0, em jogo realizado no dia 29 e válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022. A estratégia da comissão técnica foi ficar concentrada na cidade de Cochabamba, que está no nível do mar, e viajar para a capital boliviana apenas duas horas antes do jogo. Tite também levou a campo vários jogadores jovens que apesar das dificuldades deram conta do recado.

Com a vitória a nossa seleção, que é líder e invicta, chegou aos 45 pontos, batendo o recorde da competição, que pertencia à Argentina com 43 pontos conquistados nas Eliminatórias para a Copa de 2002. Foram 17 jogos com 14 vitórias e três empates, além de 40 gols marcados e apenas cinco sofridos. Importante lembrar que ainda há um jogo pendente contra o selecionado argentino por causa da suspensão da partida que começou, mas logo foi interrompida na Neo Química Arena, em São Paulo.

Durante o jogo contra os bolivianos os jovens brasileiros inteligentemente tocavam a bola para manter o ritmo lento do jogo e, assim, evitar o desgaste causado pela altitude. Deu certo. Aos poucos foi envolvendo os adversários até que aos 23 minutos do primeiro tempo Bruno Guimarães limpou a marcação e passou a bola para Lucas Paquetá abrir o placar. O segundo gol saiu aos 44 minutos com Richarlison.

No segundo temo a Bolívia tentou acelerar o jogo e construiu várias oportunidades para marcar. Não conseguiram por sorte e ótimas intervenções de Alisson.

Vale ressaltar que, apesar dos 38 anos de idade, Daniel Alves parecia não sentir os efeitos da altitude e comandava o time em campo. E o veterano quase marcou o dele ao em um chute de fora da área logo no início do segundo tempo do jogo.

Com excelente desempenho, Bruno Guimarães comemorou muito o terceiro gol do Brasil sobre a Bolívia (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O terceiro gol brasileiro foi marcado por Bruno Guimarães em um lindo chute de primeira. O volante brasileiro fez um ótimo jogo e certamente garantiu sua ida à Copa. Outro jovem que aproveitou a oportunidade dada por Tite foi Gabriel Martinelli, atacante que joga no Arsenal da Inglaterra. Ele teve duas oportunidades de marcar e por pouco não conseguiu. 

Com 3 a 0, Tite fez substituições para manter o fôlego do time e colocou em campo Guilherme Arana, Arthur e Rodrygo e aos 45 minutos Richarlison fechou o placar: 4 a 0.

Após o jogo o treinador elogiou o desempenho dos jogadores brasileiros na altitude de La Paz, mesmo quando promove alterações significativas na escalação. "É muito difícil o desempenho que tivemos jogando contra a qualidade da Bolívia e aqui em La Paz. Qualquer expectativa que pudesse colocar em cima de todo esse desempenho, em termo de análise qualitativa e quantitativa, vir para cá com tamanhas adversidades e fazer um placar tão elástico, com número de finalizações importante, mantendo nível, alternando sem perder o modelo", afirmou o treinador brasileiro.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR