Por Roberto Maia
Renato
Augusto não resistiu aos milhões do alviverde Beijing Guoan
(Foto:
Divulgação/Ag.Corinthians)
Dezembro passado começou com muita
felicidade para a torcida do Corinthians e terminou com o início do pesadelo
chinês que se abateu sobre o Parque São Jorge. As costumeiras notícias sobre
contratações para o ano novo deram lugar às especulações sobre saída de
jogadores importantes. E 2016 chegou com más notícias para a Fiel. Times
chineses levaram três jogadores titulares do meio de campo da equipe hexacampeã
brasileira. E o dinheiro que parece sobrar por lá ainda ameaça seduzir Elias e
Gil. Todos os que saíram garantiram ser propostas irrecusáveis. Impossível
dizer não para tanto dinheiro. Pois não é que Alexandre Pato – de volta ao
Timão após o término do empréstimo ao São Paulo – disse. Caso aceitasse a
proposta do Tianjin Quanjin, time da segunda divisão do futebol chinês e dirigido
por Vanderlei Luxemburgo - que levou também Luis Fabiano -, iria receber R$ 5
milhões mensais por um contrato de dois anos. Pato quer voltar para a Europa. Mas
se uma boa proposta não vier até o fechamento da janela de transferências, em
fevereiro, quem sabe até ele não mude de ideia e aceite os milhões chineses.
Mas essa
volúpia por jogadores brasileiros não começou agora. Apenas ganhou destaque o
fato de levar os melhores jogadores do Corinthians de uma vez só. Disposto a transformar
a China na maior potência mundial, o presidente chinês, Xí Jìnpíng, um fanático
por futebol, tem como política do seu governo usar o esporte como forma de
propaganda global e também expandir o seu poder. Para tanto, injeta muito
dinheiro público na infraestrutura e também na ajuda aos times. E sonha alto.
Quer no futuro sediar a Copa do Mundo e até vencer uma em futuro próximo. E não
está medindo esforço para atingir o objetivo e gasta muito dinheiro na
construção de estádios e centros de treinamento.
Atualmente,
a Primeira Divisão do futebol na China tem 16 clubes, todos de propriedade de grandes
empresas, a maioria empreiteiras. Em contrapartida ao investimento no futebol, Jínping
concede espaços públicos e outros benefícios a essas empresas. Uma troca
interessantíssima para os dois lados.
Para
melhorar a qualidade técnica, atrair os torcedores e incentivar jovens chineses
a praticar o futebol, a receita foi copiar uma velha fórmula que já foi usada
pelo Japão e por países do mundo árabe. Contratar grandes nomes do futebol
mundial e pagar salários muito acima da média. Para dominarem o mundo da bola
os chineses estão levando também treinadores e até profissionais
especializados. É o caso do fisioterapeuta Bruno Mazzioti, que trocou o
Corinthians para trabalhar no Shandong Luneng, time dirigido por Mano Menezes. Mas
há uma diferença entre os modelos. A China, dona da segunda maior economia do
planeta tem uma população de quase 1,4 bilhão de habitantes. Imaginem esse
mercado consumir gastando com o futebol?
O Guangzhou
Evergrande, principal time do país, é dirigido pelo treinador campeão mundial
Luiz Felipe Scolari e onde jogam Robinho, Paulinho, Ricardo Goulart e Elkeson.
O grandioso investimento feito pela empresa proprietária do clube - a Evergrande
Real Estate Group -, parece que está dando resultados. O time venceu a Liga dos
Campeões da Ásia e disputou o Mundial de Clubes no final do ano passado, no
Japão, chegando até a semifinal.
O Beijing
Guoan, time que levou Renato Augusto, é outro que está gastando milhões para
retomar a hegemonia no futebol chinês. Controlado pelo CITIC Group, um dos maiores
bancos da Ásia, foi fundado em 1979 pelo líder Deng Xiaoping, ex-presidente da
China entre 1978 e 1992.
E o time
de Luxa quer seguir os passos dos rivais em um prazo de três anos. Projeto
ambicioso demais? Não para a companhia dona do time, a gigante fabricante de
remédios e cosméticos Quanjian Natural Medicine que tirou Jadson do Timão.
O império
vermelho não está para brincadeira. Resta saber se o plano dará certo.
Jadson
jogará ao lado de Luiz Fabiano no Tianjin Quanjin,
time dirigido por Vanderlei
Luxenburgo Guoan
(Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)