Por
Roberto Maia
Até
quarta-feira estava decidido a escrever a coluna desta semana falando da
participação dos times brasileiros na Copa Libertadores da América. Porém,
depois do jogo entre Barcelona e Paris Saint-Germain válido pela Liga dos
Campeões da Europa eu mudei de ideia. O assunto não poderia ser outro.
Eu e
muitos da minha geração ultimamente estamos achando que o futebol está ficando
sem graça e até chato. O jogo alegre com dribles e muitos gols deu lugar à
força, truculência e esquemas táticos que privilegiam a defesa. Já cansei de
ouvir que empate no campo do adversário é um bom resultado. Ou, que, em casa,
não importa se a vitória vem com um magro um a zero, mesmo jogando feio.
Jogadores
medíocres, mas esforçados, têm a preferência dos treinadores. Zagueiros e
volantes fortes e vigorosos são os escolhidos. Jogadores técnicos que cadenciam
o jogo perderam espaço. Centroavante que não volta para “recompor” com rapidez
não têm vez. Assim tem sido o jogo praticado aqui no Brasil e que em nada
lembra o velho e bom futebol de décadas passadas.
Mas, ao
assistir ao clássico europeu entre Barcelona e PSG, no Camp Nou, senti um fio
de esperança. Como agora a moda é estudar futebol na Europa, copiar o jogo e as
táticas utilizadas por lá, quem sabe as coisas possam mudar.
Pensando
racionalmente, quem poderia imaginar que o time da Catalunha pudesse reverter o
resultado do jogo disputado em Paris, quando foi derrotado por quatro a zero?
E, pior, tendo que marcar cinco gols para conseguir a classificação e ainda
tomar um gol no segundo tempo.
Somente
por milagre pensei. Não, milagres acontecem em outras situações mais
importantes, não em jogos de futebol. O que se viu foi apenas futebol jogado
como em sua essência. Com alegria, garra, disposição e técnica. Sempre buscando
o gol.
E foi um
jogador brasileiro que contribuiu muito para o espetáculo futebolístico como há
muito tempo não víamos: Neymar! Ajudado por outros dois sul-americanos, Messi e
Suarez - que ainda praticam o velho futebol - construíram o placar histórico de
6 a 1 sobre o time francês (um dos melhores do mundo na atualidade) e
alcançaram a classificação improvável. O gol marcado em cobrança de falta foi
antológico. Tomara no Brasil nossos garotos se inspirem e comecem a treinar
batidas de falta. Saudades de Zico, Neto, Marcelinho Carioca e muitos outros
exímios nesse fundamento.
Mas não
foi fácil, claro. Aos 40 minutos do segundo tempo o placar era de 3 a 1. Quem
seria louco em apostar em mais três gols nos minutos finais? Mas a volúpia do
time catalão e a postura defensiva e com erros individuais dos franceses
determinaram a classificação do Barça às quartas de final da Liga dos Campeões.
O
improvável aconteceu. Nunca na história dos campeonatos europeus um resultado
de 4 a 0 havia sido revertido por um clube em uma disputa continental. O
Barcelona venceu, mas o maior ganhador foi o futebol.
O mundo
assistiu um espetáculo do futebol bem jogado que, no passado não muito
distante, era comum em qualquer jogo nos campos brasileiros, argentinos e
uruguaios. Hoje, nossos melhores jogadores são importados precocemente para
brilharem na Europa. E, se não vingarem, voltam para cá e ficam engando e
sonhando com convites para jogar na China ou no mundo árabe. Essa é a nossa
realidade. Até quando?
Fotos: fcbarcelona.com
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