sexta-feira, 10 de março de 2017

O futebol está vivo. Obrigado Barcelona!

Por Roberto Maia


Até quarta-feira estava decidido a escrever a coluna desta semana falando da participação dos times brasileiros na Copa Libertadores da América. Porém, depois do jogo entre Barcelona e Paris Saint-Germain válido pela Liga dos Campeões da Europa eu mudei de ideia. O assunto não poderia ser outro.

Eu e muitos da minha geração ultimamente estamos achando que o futebol está ficando sem graça e até chato. O jogo alegre com dribles e muitos gols deu lugar à força, truculência e esquemas táticos que privilegiam a defesa. Já cansei de ouvir que empate no campo do adversário é um bom resultado. Ou, que, em casa, não importa se a vitória vem com um magro um a zero, mesmo jogando feio.

Jogadores medíocres, mas esforçados, têm a preferência dos treinadores. Zagueiros e volantes fortes e vigorosos são os escolhidos. Jogadores técnicos que cadenciam o jogo perderam espaço. Centroavante que não volta para “recompor” com rapidez não têm vez. Assim tem sido o jogo praticado aqui no Brasil e que em nada lembra o velho e bom futebol de décadas passadas.

Mas, ao assistir ao clássico europeu entre Barcelona e PSG, no Camp Nou, senti um fio de esperança. Como agora a moda é estudar futebol na Europa, copiar o jogo e as táticas utilizadas por lá, quem sabe as coisas possam mudar.

Pensando racionalmente, quem poderia imaginar que o time da Catalunha pudesse reverter o resultado do jogo disputado em Paris, quando foi derrotado por quatro a zero? E, pior, tendo que marcar cinco gols para conseguir a classificação e ainda tomar um gol no segundo tempo.


Somente por milagre pensei. Não, milagres acontecem em outras situações mais importantes, não em jogos de futebol. O que se viu foi apenas futebol jogado como em sua essência. Com alegria, garra, disposição e técnica. Sempre buscando o gol.

E foi um jogador brasileiro que contribuiu muito para o espetáculo futebolístico como há muito tempo não víamos: Neymar! Ajudado por outros dois sul-americanos, Messi e Suarez - que ainda praticam o velho futebol - construíram o placar histórico de 6 a 1 sobre o time francês (um dos melhores do mundo na atualidade) e alcançaram a classificação improvável. O gol marcado em cobrança de falta foi antológico. Tomara no Brasil nossos garotos se inspirem e comecem a treinar batidas de falta. Saudades de Zico, Neto, Marcelinho Carioca e muitos outros exímios nesse fundamento. 


Mas não foi fácil, claro. Aos 40 minutos do segundo tempo o placar era de 3 a 1. Quem seria louco em apostar em mais três gols nos minutos finais? Mas a volúpia do time catalão e a postura defensiva e com erros individuais dos franceses determinaram a classificação do Barça às quartas de final da Liga dos Campeões.

O improvável aconteceu. Nunca na história dos campeonatos europeus um resultado de 4 a 0 havia sido revertido por um clube em uma disputa continental. O Barcelona venceu, mas o maior ganhador foi o futebol.


O mundo assistiu um espetáculo do futebol bem jogado que, no passado não muito distante, era comum em qualquer jogo nos campos brasileiros, argentinos e uruguaios. Hoje, nossos melhores jogadores são importados precocemente para brilharem na Europa. E, se não vingarem, voltam para cá e ficam engando e sonhando com convites para jogar na China ou no mundo árabe. Essa é a nossa realidade. Até quando?

Fotos: fcbarcelona.com


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