POR ROBERTO MAIA
Vanderlei Luxemburgo volta ao Corinthians após 21 anos e tem a missão de fazer o time voltar a ser competitivo. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)
A crise do Corinthians parece não ter fim.
Resultados ruim derrubaram Fernando Lázaro. E as redes sociais pressionaram
Cuca a pedir para sair após apenas sete dias no comando do time. Um elenco com vários
jogadores acima dos 30 anos, que embora com reconhecida capacidade técnica não
conseguem corresponder em campo. E, fora dos gramados, a gestão de Duílio
Monteiro Alves, que já vem sendo contestada por movimentos de oposição dentro
do Parque São Jorge agora também é alvo dos torcedores que já se manifestam
pedindo a sua saída.
E, no olho desse furacão corinthiano, o experiente treinador
Vanderlei Luxemburgo chega para tentar consertar as deficiências mostradas em
campo nos últimos anos. Ele não era o plano A e nem o B do presidente
corinthianso. Embora não pareça que o atabalhoado departamento de futebol do
Corinthians tenha algum plano elaborado.
Tite tinha a preferência mas preferiu continuar
desfrutando as férias depois de deixar o comando da Seleção Brasileira. Mano
Menezes também foi tentado, mas como tem contrato até dezembro com o
Internacional decidiu continuar em Porto Alegre. Roger Machado foi sondado e
descartado após pressões internas e das redes sociais.
Nesse contexto, o velho professor – ou “pofexô” como
é chamado por torcedores – Luxemburgo retorna ao Corinthians para a sua
terceira passagem. Ele tem a simpatia da Fiel Torcida porque conquistou o
Brasileirão de 1998, quando montou um dos times mais memoráveis da história do
clube, com jogadores como Gamarra, Marcelinho Carioca, Rincón, Vampeta, Edilson
e Ricardinho. Elenco de craques que ele deixou para Osvaldo de Oliveira, o seu
auxiliar à época, levantar o bicampeonato brasileiro em 1999 e o Mundial
Interclubes de 2000. O sucesso no comando do Timão o levou à Seleção Brasileira,
onde ganhou a Copa América.
Demitido da Seleção após a eliminação na Olimpíada
de Sidney em 2000 Luxemburgo voltou ao Corinthians que vivia momentos parecidos
com os de hoje. O Timão terminou a Copa João Havelange na penúltima colocação –
sorte do clube que o regulamento não previa rebaixamento. Luxa conseguiu recuperar
a autoestima do elenco e conquistou o Campeonato Paulista de 2001. Aliás, nos
jogos finais do Paulistão daquele ano o treinador inovou ao se comunicar
através de pontos eletrônicos com Ricardinho e com o goleiro Maurício. A tática
acabou descoberta e acabou proibida pela FIFA.
Luxemburgo tem nova oportunidade de mostrar que é um dos mais vitoriosos treinadores brasileiros de todos os tempos. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)
Por essa e outras Luxemburgo é um dos mais
vitoriosos treinadores do futebol brasileiro. Entre os títulos mais relevantes
estão a Copa América com a Seleção Brasileira, Brasileirão Série A cinco vezes,
Copa do Brasil, Torneio Rio-São Paulo duas vezes, além de 14 estaduais (SP-9,
MG-2, ES-1, PE-1 e RJ-1).
Tamanho sucesso no futebol brasileiro levou
Luxemburgo para o Real Madrid em 2004. O gigante espanhol tinha um elenco de
craques apelidado de Galácticos com Ronaldo, Roberto Carlos, Figo, Zidane,
Beckham, Sergio Ramos, Casillas, Raúl, entre outros. Luxa entrou em conflito
com alguns medalhões do time e sua passagem por Madri durou apenas uma
temporada.
Fora dos campos Luxemburgo sempre viveu uma “vida
louca”. Além do conhecido caso de assédio sexual contra uma manicure em um
hotel onde o Palmeiras estava concentrado, também esteve envolvido e
investigado por suspeita de sonegação fiscal e suposto esquema na compra e
venda de jogadores. Foi inclusive convocado para depor diante de uma CPI do
futebol que investigava sua ligação com uma empresa acusada de lavagem de
dinheiro. Além disso, foi pego também por falsidade ideológica e teve que alterar
as letras W e Y de seu nome por V e I.
Com 71 anos, Luxemburgo ao assumir o Corinthians,
após ficar um ano desempregado, tem talvez a última grande oportunidade de sua
carreira para mostrar que continua atualizado e é um dos maiores treinadores do
futebol brasileiro de todos os tempos. O desafio é grande, mas o “pofexô”
sempre tem uma carta na manga.
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR
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