quinta-feira, 27 de agosto de 2020

ARENA CORINTHIANS PERTO DE TER UM NOME. VERDADE OU APENAS ESPECULAÇÕES?

POR ROBERTO MAIA

Inaugurada em 2014, arena do Corinthians finalmente poderá ganhar um nome oficialmente (Foto: SCCP/Divulgação)

Inaugurada em 10 de maio de 2014, a moderna arena do Corinthians ainda não ganhou um nome oficialmente até o momento. Inicialmente apelidada de Itaquerão por parte da imprensa, a denominação foi rechaçada pela torcida corinthiana, que entendeu que se o nome “pegasse” dificilmente alguma empresa pagaria para colocar sua marca na arena. A grande maioria dos órgãos de comunicação recuou e passou a chamá-la apenas de Arena Corinthians. 

É o tal do naming rights, prática de marketing comum na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda pouco difundida no Brasil. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez há sete anos promete concretizar negociações para dar nome à arena, mas nunca chegou a obter sucesso em suas tentativas. Algumas vezes chegou a afirmar que estava próximo de concretizar o negócio. Com as negociações frustradas, o dirigente sempre jogou a culpa na imprensa e na TV Globo, que não diz o nome de empresas que não são suas patrocinadoras durante as transmissões do futebol. Exemplo é a arena do Palmeiras. A emissora nunca chamou a arena palmeirense pelo seu nome – Allianz Parque. Da mesma forma não chama o Red Bull Bragantino com o nome da marca.

O valor pedido de 400 milhões de reais por 20 anos sempre foi considerado pelo mercado publicitário um valor muito elevado para os padrões nacionais. Mas como a arena do Corinthians receberia a abertura da Copa do Mundo de 2014, os dirigentes acreditaram que conseguiriam fechar a negociação. Não conseguiram. A segunda chance foram os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, mas que teve jogos realizados em São Paulo, mais uma vez na arena corinthiana. Novamente a oportunidade foi perdida.

Torcida do Corinthians espera ansiosa para saber a verdade dos fatos envolvendo o possível nome da arena de Itaquera (Foto: Tino Simões)


Como comparação, basta analisar o caso do rival Palmeiras, que através da construtora W Torres, que administra a arena erguida sobre o antigo estádio Parque Antárctica, conseguiu comercializar o naming rights em 2013 com a seguradora Allianz pelo período de 20 anos. À época alguns diretores do Corinthians chegaram a desdenhar do negócio e garantiram que conseguiriam no mínimo 100 milhões de reais à mais. 

O tempo passou e a torcida corinthiana foi aos poucos se conformando em ter uma arena sem nome. O mercado e a imprensa esportiva sinalizavam que se o naming rights não foi comercializado quando a economia mundial estava em alta, não seria agora que seria concretizado qualquer negócio. Não pelos 400 milhões de reais pretendidos pelo Timão. Principalmente agora em um ano atípico por causa da pandemia que encolheu ainda mais a economia global.

E não é que o assunto voltou à pauta esportiva com muita força. Há pouco mais de uma semana o ex-jogador Neto, atualmente apresentador de programas esportivos, anunciou que tinha a informação de que o Corinthians finalmente conseguiu comercializar o naming rights e que o negócio seria anunciado no dia 1º de setembro, data do 110º aniversário do clube. Nos dias seguintes esse assunto passou a dominar as mídias sociais, sites e imprensa esportiva de maneira geral. Todos querendo o grande “furo jornalístico” cravaram nomes diversos à arena corinthiana.

Como jornalista há mais de 35 anos confesso que me deixa muito triste ver a imprensa se comportando dessa forma. Jornalistas e blogueiros se travestindo como videntes, verdadeiras mães Dinah, ao garantirem que sabem quem dará nome à arena de Itaquera. Claro, nesse conjunto de especuladores, deve ter alguém que realmente apurou o caso com seriedade e poderá levar os créditos pela informação.

Nos últimos dias as mídias diversas especularam nomes de várias empresas. Neto disse que a marca já esteve estampada na camisa do Timão como patrocinadora. Daí começaram a imaginar que pudesse ser a Samsung, Magazine Luiza, Neo Química (por causa da influência do Ronaldo Fenômeno) e Positivo. Também vieram à baila a Amazon, que esteve perto de fechar patrocínio com o Flamengo, a Claro, a Volkswagen e, novamente, a Emirates, empresa aérea dos Emirados Árabes Unidos especulada desde 2013. 

Nos bastidores do Parque São Jorge, conselheiros ligados a Andrés Sanchez (foto ao lado) garantem que está tudo sacramentado e o nome será anunciado em breve. Outros, opositores, acreditam quem trata-se de mais uma jogada do dirigente para chamar a atenção e alavancar o seu candidato - possivelmente Duílio Monteiro Alves, atual diretor de futebol -, nas eleições marcadas para o final de novembro. Enfim, falta pouco para sabermos a verdade dos fatos e vermos quem está com a verdade.

ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR

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