POR
ROBERTO MAIA
O
Flamengo vislumbrou outras formas de faturar nas transmissões de seus jogos
(Foto: Alexandre Vidal/CRF)
O imbróglio entre Flamengo e Rede Globo pelos
direitos de transmissão dos jogos do rubro-negro é um assunto que vem chamando
a atenção. O Mengão resolveu peitar a emissora amparado na Medida Provisória assinada
pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada. A MP altera a Lei Pelé em
vigor desde 1998 e dá a prerrogativa exclusiva do clube mandante de negociar seus
jogos.
Apesar de ter contrato vigente com a emissora, o
clube carioca entrou com ação na Justiça para fazer valer o direito recém
adquirido para a transmissão de imagens dos jogos como mandante no Campeonato
Carioca. Na queda de braço, o Flamengo garante que utilizará a sua FLA TV para
transmitir o seu jogo contra o Boavista, na próxima quarta-feira, no Maracanã,
pela Taça Rio.
Vasco, Botafogo e Fluminense não resistiram à
pressão e já concordaram com a renovação dos direitos de transmissão do Campeonato
Carioca com a TV Globo. Por outro lado, a emissora avisou que ninguém recebe enquanto
o rubro-negro não assinar. Briga de gigantes!
O embate é bastante interessante porque pode quebrar
paradigmas e mudar a forma de transmissões de jogos de futebol no país. Desde o
desmantelamento do antigo Clube dos 13, que reunia os principais times da Série
A do Brasileirão, não víamos um movimento em busca de mudanças. Em fevereiro de
2011, o Corinthians rompeu com a entidade que tinha procuração para discutir os
contratos de transmissões de jogos e decidiu negociar diretamente com as
emissoras interessadas. E se deu muito bem, aumentado consideravelmente a sua
cota nos anos seguintes ao assinar com a Rede Globo. Na sequência todos os
outros clubes tomaram a mesma decisão e passaram a gerir seus interesses
diretamente. Todos passaram a ganhar mais e ficaram satisfeitos até agora.
Na
Europa, Benfica comercializa seus jogos na BTV
Benfica
passou a comercializar seus jogos através do Benfica TV e aumentou faturamento
(Foto: Pixabay)
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O que o rubro-negro está querendo já é realidade na
Europa há vários anos. Com o avanço da tecnologia, os canais via internet dos
clubes ganharam relevância e número cada vez maior de assinantes e seguidores.
No início veiculavam apenas informações sobre os esportes do clube, eventos
sociais e notícias sobre o time de futebol. Assim, passaram a atender não mais
apenas seus torcedores locais e ganharam projeção global.
Nesse cenário começaram a pensar grande. Um bom
exemplo é o Benfica, um dos primeiros clubes a transmitir seus jogos através de
seu canal na internet ao invés de vender os direitos para à Sport TV, então a
emissora detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Português.
O Benfica deixou de vender os direitos de transmissão
e passou ele próprio a comercializar seus jogos através do Benfica TV. A
fórmula deu certo e o clube passou a faturar mais que seus rivais Porto e
Sporting. Com mais de 300 mil assinantes no primeiro ano, o clube obteve
receitas na ordem de 30 milhões de euros. Antes recebia apenas 7,5 milhões de
euros.
Criado em 2008, o Benfica TV cresceu e nos anos
seguintes passou a comprar os direitos de transmissão de jogos de outros
campeonatos internacionais, inclusive o Brasileirão, Major League Soccer, Campeonato
Grego e da Premier League, além de partidas das eliminatórias da Eurocopa e da
Copa do Mundo. Em 2014, passou a diversificar e comprou os direitos do UFC. E
para evitar a repulsa dos rivais e abocanhar um número maior de clientes mudou
o nome do canal para BTV.
Certamente o Flamengo está mirando no sucesso dos
portugueses e apostando forte no poder da sua marca e enorme torcida. Toda essa
transformação no jeito de assistir jogos no Brasil poderá ser realidade nos
próximos anos.
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO
PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR
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