POR ROBERTO MAIA
Para manter o Corinthians competitivo, Vitor
Pereira faz revezamento de jogadores nunca visto no Brasil.
(Foto: Rodrigo Coca/Agência
Corinthians)
O primeiro turno do Brasileirão chegou ao final com
o Palmeiras na liderança. Até aí nenhuma surpresa, visto que o Verdão é
atualmente o melhor time do futebol nacional.
Surpresas para mim são o Flamengo e o Atlético-MG,
os outros dois times considerados favoritos ao título pelo histórico
apresentado em 2021. Mas, diferentemente do Palmeiras, que manteve seu
treinador Abel Ferreira, o Galo e o Mengão trocaram o comando técnico e não
foram felizes.
Na minha opinião, os destaques do primeiro turno do
Campeonato Brasileiro foram os treinadores Vitor Pereira do Corinthians e
Fernando Diniz do Fluminense. O português do Timão tirou “leite de pedra” como
dizem e mantém o Alvinegro vivo na Libertadores, Copa do Brasil e na segunda
colocação do Brasileirão. Já Diniz fez o Tricolor carioca jogar forma vistosa e
eficiente e em uma arrancada incrível já é o terceiro colocado.
Há alguns meses eu já havia utilizado esse espaço
para falar de Diniz, que na ocasião estava desempregado. Em 2020, o treinador
fez um excelente trabalho no comando do São Paulo. Sob seu comando o Tricolor realizou
apresentações em que mostrou futebol arrojado e de intensidade. Porém, após
fase ruim marcada pela ausência de jogadores importantes, ficou seis jogos sem
vencer no Brasileirão daquele ano. Favorito ao título, o time perdeu a
liderança e como sempre acontece no Brasil, o treinador foi demitido.
Fernando Diniz é um treinador que exige muito empenho dos jogadores nos treinamentos e nos jogos.
(Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)
Apesar do jogo vistoso, o trabalho de Diniz ainda
não foi coroado com a conquista de campeonatos importantes. Ele tem uma visão
do jogo diferente da maioria dos técnicos, que privilegiam a defesa e jogam no
erro do adversário. Os times comandados por ele querem ter a posse de bola e
sair jogando desde o seu goleiro. Evitam os chutões desnecessários dos
zagueiros e têm transição rápida ao ataque.
No Fluminense os jogadores parecem ter comprado a
ideia de Diniz e estão se entregando em campo. Inclusive Paulo Henrique Ganso,
considerado atleta com ótimo nível técnico, mas que não era afeito a ajudar na
marcação e muitas vezes lento na transição. Até ele se enquadrou e hoje é o
maestro e comandante do time dentro de campo.
Já o treinador corinthiano virou o novo ídolo da
fanática fiel torcida. E não é para menos. Dono de um ótimo currículo com
conquistas internacionais, Vitor Pereira chegou ao Corinthians dizendo que seus
times jogam com muita intensidade o tempo todo.
"Há qualidade técnica no elenco. Vamos pensar
na intensidade, pois temos jogadores experientes. Minha carreira toda foi
projetando uma metodologia de treino e um modelo de jogo", disse em sua
primeira entrevista coletiva como técnico do Corinthians.
Mas VP também ressaltou que temia não conseguir por
causa dos vários jogadores acima dos 30 anos no elenco do Timão. E ele estava
certo. O time também tinha muitos meias e poucos atacantes. Alguns com elevada
qualidade técnica e outros jovens em início de carreira. Disputando três
competições simultaneamente vários jogadores se contundiram, desfalcando o time
por vários jogos. A alternativa foi mudar os planos alternando esquemas táticos
e recorrerendo aos “miúdos”, os garotos revelados pela base corinthiana.
A torcida, claro, queria ver todos os medalhões em
campo e jogando juntos. Impossível, segundo Vitor Pereira, que deu início a um
revezamento de jogadores nunca visto no Brasil anteriormente. Jovens foram
alçados ao time principal e jogadores experientes como Jô, que estava
visivelmente acima do peso, e Luan foram afastados. Atletas como Mantuan,
Adson, Lucas Piton, Raul Gustavo, João Vitor, Giovani, Xavier, Gustavo
Mosquito, Robert Renan, Felipe, Wesley, Mateus Donelli, Carlos Miguel, Biro e
principalmente Du Queiroz, viraram protagonistas e estão dando conta do recado.
Torço para que trabalhos como os de Fernando Diniz e
Vitor Pereira sejam vitoriosos. Tal como o de Abel Ferreira foi até o momento à
frendo do Palmeiras. O futebol agradece!
ROBERTO MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR
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