POR ROBERTO MAIA
Tiago Nunes chegou ao Corinthians como treinador revelação de 2019 e poucos meses depois, corre risco de demissão (Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
O futebol brasileiro definitivamente não é para
amadores. A maioria dos clubes da Série A do Brasileirão estão endividados e
suas respectivas gestões são na grande maioria desprovidas de planos de médio e
longo prazo. O imediatismo dos resultados é a prática mais comum.
Primeiro contratam jogadores não por critérios
técnicos, mas por oportunidades oferecidas por empresários. Jogadores sem clube
e que aceitam um percentual do passe são os preferenciais. Claro que nem sempre
dá certo e os mesmos são envolvidos em trocas ou emprestados para outros times
com parte do salário pago pelos detentores dos direitos federativos.
Já no caso dos treinadores parece prevalecer a total
falta de critério na hora de contratar. É um absurdo o que uns vinte ou trinta
técnicos circulam entre os times das séries A e B do Brasileirão. Sempre os
mesmos. Só deixam o mercado quando resolvem se aposentar por vontade própria.
Tem treinador que coleciona trabalhos ruins em todos
os times que dirigiu e sempre encontra portas abertas em outros. Qual o
critério de quem contrata? Nenhum, claro!
Novo treinador do Bahia,
Mano Menezes estava sem trabalhar desde o fim do ano passado quando deixou o
Palmeiras (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)
No ano passado foram 23 trocas de treinadores. Em
2018, foram 25 trocas. Todo ano é a mesma história e a dança das cadeiras dos
chamados “professores” segue frenética em 2020, apesar da pandemia da Covid-19
que paralisou o futebol por alguns meses.
Nem chegamos a dez rodadas do Brasileirão 2020 e
vários treinadores já foram dispensados por seus clubes. O último foi Roger
Machado, do Bahia. Antes dele foram mandados para o olho da rua os profissionais
Eduardo Barroca (Coritiba), Ney Franco (Goiás), Dorival Júnior (Athletico),
Daniel Paulista (Sport) e Felipe Conceição (Red Bull Bragantino).
Interessante é que até o Red Bull Bragantino, que é
gerido por uma empresa estrangeira e por isso deveria ser diferente, apela para
o velho recurso quando os resultados não vêm.
Após a saída de Jorge Sampaoli o Santos foi buscar o português Jesualdo Ferreira, um desconhecido no Brasil (Foto: Ivan Storti/Santos FC) |
Vejamos o caso do Santos. Em 2019 contratou o
treinador argentino Jorge Sampaoli e após ótima campanha terminou o Campeonato
Brasileiro na segunda colocação. Sampaoli se desentendeu com o presidente
santista e foi embora. Para a reposição acreditaram que o segredo era contratar
outro estrangeiro. Inspirados no sucesso de Jorge Jesus no Flamengo trouxeram o
português Jesualdo Ferreira, um ilustre desconhecido no Brasil. Claro que não
deu certo e dias antes do início do Brasileirão ele foi demitido. Para ocupar o
lugar dele o Alvinegro contratou o experiente Cuca, que estava desempregado
apenas esperando o telefone tocar e ser chamado por algum clube.
Para substituir Roger Machado o Bahia recorreu para
outro velho conhecido que também estava esperando o telefone tocar: Mano
Menezes, que estava sem trabalhar desde o fim de 2019, quando deixou o
Palmeiras. Mano assinou contrato até o fim de 2021. Alguém acredita que ele
seguirá firme até o final? Difícil.
Fato raro no futebol brasileiro, Renato Portaluppi está no comando técnico do Grêmio desde 2016 (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA) |
No Grêmio, Renato Portaluppi é o único treinador da
Série A que está há mais de um ano no comando do mesmo time. Ele está no cargo
desde 2016, algo raríssimo no futebol brasileiro.
Quem será o próximo treinador a ser demitido? Tiago
Nunes no Corinthians, Fernando Diniz no São Paulo e Vanderlei Luxemburgo no
Palmeiras são nomes que vivem momentos turbulentos à frente dos seus clubes e
sofrem fortes pressões a cada mal resultado. Todos eles foram “prestigiados” e
aí é que mora o perigo.
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO
PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR
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