POR ROBERTO MAIA
Palmeiras e Flamengo jogaram por decisão do
Tribunal Superior do Trabalho (TST) e com 20 minutos de atraso. (Foto: Cesar
Greco/Ag. Palmeiras)
A decisão do TST evitou
uma crise entre os clubes que disputam o Brasileirão 2020. O Flamengo agiu de
maneira isolada e contrária à decisão assumida pelos clubes juntamente com a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade organizadora da competição.
A rodada do Campeonato
Brasileiro da Série A do último final de semana, ficou marcada pela polêmica
que envolveu o jogo entre Palmeiras e Flamengo, que somente ocorreu por decisão
do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Por decisão judicial a partida quase
não aconteceu e o motivo do imbróglio, como todos sabem, foram os vários
jogadores do rubro-negro que testavam positivo para a Covid-19. Contrário à
realização do jogo, o Mengão teve que improvisar uma escalação com reservas e
juniores.
A manifestação mais
contundente veio do presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara, que
criticou a postura do rubro-negro de pedir o adiamento do jogo contra o Verdão.
Ele demonstrou seu descontentamento com o fato de a Justiça comum ter sido
acionada para tratar do caso. "Os regulamentos são claros, com previsão de
penas gravíssimas. Os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões
da Justiça comum que digam respeito à organização das competições. Por isso, é
bom lembrar, os clubes estão unidos e atentos. Os tempos são outros. A lei é
para todos", disse, exigindo punição severa do clube carioca.
O assunto chegou ao
Senado Federal. A senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) apresentou emenda que
previa a suspensão de uma partida de futebol por decisão de um dos clubes
quando houvesse surto de contaminação de atletas por Covid-19. Porém, o relator
da matéria no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), rejeitou a emenda, mas
acrescentou ao relatório a possibilidade de suspensão de partidas, mediante
“recomendação técnica de consulta à questão de saúde”, em caso de surto de
Covid-19 entre os jogadores.
Apesar da crescente
flexibilização, a pandemia do novo coronavírus segue em todo o mundo fazendo
vítimas. O futebol adotou rigorosos protocolos de saúde e higiene para ser
retomado. Entretanto, no Brasil, os casos de jogadores e membros das comissões
técnicas contaminados são recorrentes. E são muitos os casos. Algo está errado
no processo.
Paulo Henrique Ganso testou positivo logo após o
jogo contra o Coritiba, dia 28, no Rio de Janeiro. (Foto: Lucas
Merçon/Fluminense FC)
Nessa semana, o Grêmio
também divulgou que os zagueiros Geromel e Kannemann testaram positivo para o
novo coronavírus. A notícia veio a menos de cinco horas do início do jogo
contra a Universidad Católica, do Chile, realizada na terça-feira e válido pela
quinta rodada do Grupo E da Copa Libertadores.
O caso do Flamengo revela
a seriedade da questão. Foram 41 casos na delegação desde a viagem para o
Equador para os jogos da Libertadores, sendo 19 jogadores. O rival Fluminense
também apresentou casos de jogadores contaminados nos últimos dias. O Tricolor
carioca informou que dez jogadores testaram positivo para a Covid-19. O último
a ser contaminado foi o meia Paulo Henrique Ganso.
Apesar da quantidade de
jogadores infectados os casos são na maioria assintomáticos com recuperação
rápida e sem sequelas. Mas o risco de complicações não pode ser desprezado. O
que não sabemos é sobre os desdobramentos dessas contaminações. Os atletas
teriam transmitido o vírus para familiares e amigos com os quais tem contato?
Por essas e outras é que
a atitude do Flamengo - e da Prefeitura do Rio de Janeiro - de pleitear a volta
do público em seus jogos no Maracanã é totalmente fora de propósito nesse
momento. Os torcedores estariam totalmente expostos à contaminação. Pessoas de
diversas faixas etárias, que não têm a mesma retaguarda que os jogadores e seus
clube, seriam vítimas fáceis para o vírus. Enquanto não houver uma vacina
contra a Covid-19 os jogos devem continuar acontecendo sem torcida nos
estádios.
ROBERTO
MAIA É JORNALISTA, CRONISTA ESPORTIVO, EDITOR DA REVISTA QUAL VIAGEM E DO
PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR
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